- Você é estudante daqui? Você é estudante daqui?
- Eu sou.
- Cadê a carteirinha?
Quem faz a pergunta é um policial militar, dentro da sede do DCE Ocupado, na Cidade Universitária - a poucos metros da reitoria. O alvo de sua ação é um estudante de Ciências da Natureza da USP-Leste, o músico Nicolas Menezes Barreto, que tem participado ativamente do movimento (reivindicações e greve) na USP, contra as políticas da reitoria e a entrada da própria PM no campus.
No momento em que o sargento André Luiz Ferreira vai em direção a Nicolas ele conversava com Rafael Alves, uma das lideranças mais ativas no Comando de Greve dos estudantes. Os estudantes cobravam da polícia um mandado de reintegração de posse do local – alvo de disputa com a reitoria. O policial alega que eles estão atrapalhando a reforma prevista no local. Ele pergunta: “A ação de vocês é legal?”
Não fica claro o que Nicolas diz, mais ao fundo. Ele levanta o braço, diz algo em voz baixa e o policial dispara em sua direção. Nicolas é negro. Diz que não vai mostrar.
- Eu estou dando a minha palavra.
- Eu quero que você mostre a carteirinha!
O sargento puxa o estudante, que estava sentado num balcão. Em seguida saca a arma e aponta para ele. Franzino, Nicolas não esboça reação, mesmo assim é agredido.
- Tira a mão de mim – diz ele.
- Eu sou policial – continua o PM, exaltado. – E quero que você mostre pra mim...
Em seguida Ferreira dá vários tapas no estudante e o chacoalha com puxões na camisa, descontrolado.
Outro policial filma toda a cena. Alguns estudantes afirmam que há ali abuso de autoridade. Mas o foco do PM é mesmo Nicolas.
No segundo vídeo os estudantes interpelam o policial. Ele diz que não vai dar seu nome. “Não tenho medo da Corregedoria”, afirma, de braços cruzados.
Uma das estudantes diz que ele tirou o nome do uniforme. Os policiais prosseguem com a desocupação. Os estudantes o chamam várias vezes de racista. Eles revelam que o sargento se chama André. O aluno agredido relata que mostrou depois a carteirinha. O policial vai atrás dele. "Você está me provocando?" Em seguida intimida outro estudante que o chamara de racista.
O antigo espaço do DCE-Livre Alexandre Vannuchi Leme - também conhecido como Derrubar - é disputado há alguns anos pelos estudantes com a reitoria. Esta quer que o local funcione como um centro de vivência. Em abril de 2009 o lugar foi ocupado, após uma assembleia.
Na sexta-feira os ocupantes foram retirados do local, mas voltaram. Hoje pela manhã foram avisados que, se não saíssem até as 11 horas, chamariam a polícia. Ela chegou poucos minutos depois.
Nicolas deixou a Cidade Universitária por volta das 16 horas, para prestar queixa na Corregedoria da Polícia.
Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
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2 comentários:
"Não Tenho medo da Corregedoria". Claro, vcs sempre se safam, né? Quanta vergonha esse país.
quero ver esse cabra macho, dizer isso pro juiz corregedor , ai o mais valente caga fino.
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