Padre Julio relata agressão de policiais a cinegrafista na Cracolândia
O padre Julio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, publicou nesta terça-feira, em seu perfil no Facebook, relato de ameaças feitas por policiais a ele e aos moradores de rua, na região central de São Paulo.
A denúncia ocorre um dia antes de audiência na Câmara Municipal sobre as operações policiais na região da Luz, nesta quarta-feira, às 15 horas.
Confira o primeiro post de Lancelotti:
- No fim da tarde estava na Cracolândia conversando com os irmãos de rua, em frente da Igreja Batista Cristolândia, quando um carro da policia parou e a policial abriu a porta. Quando me viu, fechou. Os que estavam na calçada perceberam e se manifestaram. O carro que tinha partido voltou e acionou outras viaturas.
No segundo post o padre relata a agressão de um policial a um cinegrafista da TVT, emissora ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC:
- Em poucos minutos estávamos cercados de dezenas de policiais militares, que paralisaram a rua e, com armas nas mãos, nos intimidaram. Um deles agrediu o cinegrafista da TVT que a tudo filmava. Diante deles, abri o documento da Defensoria Publica e avisei do abuso de poder.
O terceiro post reafirma as armas apontadas para eles:
- Depois de um tempo de conversa e tantas armas apontadas para nós, tudo filmado pela TVT, liberaram a rua que ficou paralisada. Os irmãos correram para dentro da Igreja Batista e, mais uma vez, a Polícia mostrou sem receio o que significa sufoco, dor e sofrimento.
Nos comentários seguintes Lancelotti analisa a entrada da Rota na Cracolândia, conforme notícia publicada pela Folha de S. Paulo. Ele sintetizou essa entrada da tropa de elite com a expressão “política de extermínio”.
- Rota entra em operação na Cracolândia. Só não entram em operação os CAPs 24 horas, os consultórios de rua e ações de atendimento de saúde mental e serviço social. A Rota vai atrás dos traficantes ou vai exterminar os dependentes?
No post seguinte ele invoca o respeito ao Estado de Direito:
- É de assustar o rumo que as coisas estão tomando: nenhum sentido ético e humano, nenhum gesto humanitário, dureza e violência no limite da loucura e do rompimento do Estado de Direito.
A reunião emergencial na Câmara, nesta quarta-feira, será sobre o Plano de Ação Integrada Centro Legal - o que inclui as denúncias de violência e tortura.
É uma iniciativa conjunta da Câmara Municipal (Comissão Extraordinária de Direitos Humanos, Cidadania, Segurança Pública e Relações Internacionais) e da Assembleia Legislativa (Comissão de Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação em Questões Sociais).
Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
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