domingo, 22 de janeiro de 2012

Líder do MTST é um dos presos – e espancados – em São José dos Campos

por ALCEU LUÍS CASTILHO (@alceucastilho)

Um dos coordenadores nacionais do MTST, Guilherme Boulos, foi preso por volta das 16h30, neste domingo, durante a operação policial de reintegração de posse na Ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos. Levou chutes, pontapés, cotoveladas e golpes de cassetete, antes de ser detido pela Guarda Civil Metropolitana.

As informações oficiais, durante a tarde, davam conta de 15 pessoas presas. Não havia informações sobre lideranças. Boulos foi o porta-voz do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) durante ato no dia 8 de dezembro, em São Paulo. Era ele quem coordenava as falas, no vão livre do Masp e no carro de som, na Avenida Paulista.

Naquele dia os trabalhadores informaram sobre a iminência do que chamaram de “conflito do século” em São José dos Campos. Leia
aqui o relato do que eles previram sobre a reintegração de posse. Os sem-teto fizeram, dias depois, uma reunião com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, responsável pela interlocução do governo Dilma com movimentos sociais. Não houve solução para o caso.
Boulos foi também um dos representantes dos manifestantes (MTST, Must, MST e Fábrica Ocupada Flaskô, entre outros) em reunião com uma representante do governo federal, no gabinete localizado na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta. Leia
aqui o relato do que aconteceu naquele dia, quando os manifestantes ocuparam o prédio do Banco do Brasil – que cede ao governo federal um andar para seu escritório em São Paulo.

Os moradores da Ocupação Pinheirinho organizam-se no Must (Movimento Urbano dos Sem-Teto). Durante esse ato no Masp e na Paulista estavam em peso – eram centenas de pessoas, somente do Must. Somaram-se aos militantes do MTST, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), da Fábrica Ocupada Flaskô e a apoiadores do movimento – como estudantes em greve da USP.

As fontes que relataram ao blog Outro Brasil a prisão e espancamento de Boulos descreveram também um “bairro sitiado” em São José dos Campos: o Campo dos Alemães. Segundo esses trabalhadores, os policiais estão agredindo as pessoas “a torto e a direitos”. Crianças, mulheres e idosos estão sendo agredidas com bombas de gás e balas de borracha. Um adolescente foi perseguido e espancado.

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Um comentário:

edson de fernandes disse...

Estivemos desde o início da desocupação e participamos da entrega do mandato da Justiça Federal que suspendia a ação. O presidente do Tribunal de Justiça, juiz Rodrigo Capez, numa atitude no mínimo curiosa, assumiu pessoalmente a operação, à frente do comandante da PM. Tanto que, no ato da intimação do comandante pela oficial de justiça, o juiz "ditou" para o policial o que ele deveria escrever no verso do mandato, justificando a recusa em obedecer.
Consideramos muito irregular esse procedimento, junto com a falta de atenção dada às crianças e idosos.
Foi uma catástrofe!