Major da PM diz que
presença do blogueiro será “relatada”
Poucos jornalistas
participaram da rápida entrevista coletiva dada pelo major Marcel
Lacerda Soffner, porta-voz da Polícia Militar, após a reintegração de posse da Moradia Retomada da USP, neste domingo, em São Paulo.
Estavam um repórter da
Rede Globo, outra repórter da Band, um repórter da CBN e um
jornalista do Brasil de Fato, além deste blogueiro e de um
profissional da própria PM, que registrava a entrevista em vídeo.
A maioria das perguntas
foi feita pelos repórteres de televisão. Eu pedi mais detalhes
sobre a estudante grávida e sobre o conflito relatado pelos
estudantes, quando balas de borracha foram atiradas, de baixo para cima, no terceiro andar
do bloco F do Conjunto Residencial da USP.
Antes da coletiva um
tenente perguntara quem eu era. Apresentei-me como jornalista
independente. Mas diante da menção de mostrar a carteirinha da
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), ele disse que não era
necessário.
Após a entrevista,
Soffner perguntou de onde eu era. Repeti que era jornalista
independente e que escrevia no meu blog. Ele perguntou meu nome,
respondi. Menos de dois minutos depois, voltou: “Alceu, é este
aqui seu blog?” Respondi que era.
Em seguida ele abordou
o jornalista do Brasil de Fato e perguntou: “Você também é do
blog?”
Diante disso perguntei
ao major se a polícia paulista estava monitorando quem escrevia
sobre ela. Ele me respondeu que estava perguntando para poder
“relatar”. Perguntei: “Relatar para quem?” Ele hesitou, mas
disse que para o próprio setor de Comunicação Social da PM. Ao seu
lado estava um representante do setor, André Severo, que registrara
em vídeo a entrevista. Mas era o major que tinha a curiosidade.
Cabe aqui assinalar que
o blog Outro Brasil, criado em novembro, tem abordado com frequência
os episódios recentes na USP. Este jornalista, também estudante de
Geografia na própria universidade, considera que os fatos possuem
relevância nacional – em se tratando da maior universidade pública
do País e de temas relacionados tanto à educação como a direitos
humanos.
Um dos textos de maior
repercussão foi o relato de Rosi, a estudante que conta ter sido torturada, no início de dezembro, durante a reintegração de posse
da reitoria. Em janeiro, o estudante Nicolas Menezes Barreto falou
com exclusividade ao blog sobre a violência que sofreu –
registrada em vídeo - durante a desocupação da antiga sede do
DCE-Livre.
Alceu
Luís Castilho (@alceucastilho)
NO TWITTER: