Governo do Acre denuncia assassinatos e estupros de haitianos no Peru e Bolívia
Nas últimas duas semanas se intensificaram os relatos de assassinatos contra haitianos no Peru e Bolívia, no trajeto até chegarem ao Brasil. Os que não possuem dinheiro e nem bem de valor são amarrados, surrados e colocados nas margens das estradas de barro e com pouca movimentação. Há relatos de corpos de negros, amarrados na beira da estrada. No dia 28 de dezembro um grupo de 10 haitianos foi amarrado e deixado na estrada. Havia mortos entre eles.
O texto acima não é meu. Com modificações mínimas, foi assinado por Lúcia Maria Ribeiro de Lima. Ela coordena um comitê gestor, no governo do Acre e na prefeitura de Rio Branco, responsável pela Promoção da Igualdade Racial. Esse é o sétimo item de um relatório entregue ao ouvidor da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Ela cobra ações imediatas do governo federal.
O restante do relatório informa que 3 mil haitianos já passaram pelo acre – “e muito mais virão”. Como a fronteira brasileira está fechada, os vizinhos estão exigindo o visto.
- Por conta desta situação os haitianos estão sendo vítimas de extorsão e roubo. São objetos de valor como: dinheiro, câmeras fotográficas, computador, perfume, sabonete. O que trazem de valor são roubados, mediante violência, durante a viagem para o Brasil, no percurso Peru/Bolívia até chegar ao Brasil. Segundo relatos, estes roubos são praticados por Policiais da Guarda Nacional do Peru e da Bolívia e também por taxistas.
O conteúdo do relatório foi divulgado ontem, em primeira mão, pelo jornalista Altino Machado, no portal Terra, em seu Blog da Amazônia. Ele me cedeu gentilmente a íntegra do relatório.
Este trecho do documento relata a violência contra mulheres:
- As mulheres haitianas são separadas dos homens. Em seguida, conforme relato, são bolinadas. Algumas foram vítimas de tentativa de estupro e outras foram estupradas por parte dos taxistas que fazem o percurso Peru/Bolívia, até a fronteira com o Brasil.
Lúcia de Lima diz que isso ocorre principalmente numa cidade chamada Soberania, na Bolívia. Não há relato de violência em território brasileiro. Ela diz ao final do relatório que ainda há problemas graves na área de saúde.
Ela pede que o governo brasileiro reabra as fronteiras, permitindo a entrada dos haitianos, “visando com isso fazer com que eles evitem o caminho que os estão levando para a extorsão, roubo, estupro e a morte”.
A representante do governo do Acre solicita ainda que sejam enviados os relatos aos governos peruano e boliviano; que seja aumentado o efetivo da Polícia Federal em Epitaciolândia (AC), para facilitar a documentação; que o governo federal envie recursos para garantir melhor atendimento aos haitianos no Brasil; que empresas que constroem obras para a Copa de 2014 contratem mão-de-obra haitiana; e que o ouvidor vá ao Acre para conhecer a situação dos haitianos.
Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
LEIA MAIS:
Que revista vai falar dos refugiados do Haiti no Acre?
NO TWITTER:
@blogOutroBrasil
NO FACEBOOK:
Outro Brasil
Um comentário:
Brasil primitivo... Terra de ninguém.
Nas grandes cidades nos sentimos inseguros em alguns lugares, mas há um enorme vácuo de qualquer civilização neste grande território interiorano.
Postar um comentário