quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

500 anos depois
Como foi a matança de indígenas em 2011


Listo abaixo uma relação dos títulos (com links) de notícias publicadas ao longo do ano pelo Conselho Indigenista Missionário. São histórias de mortes, ameaças, espancamentos. E de impunidade.

Utilizo o recurso referencial porque as histórias dizem muito por si só. Até mesmo os títulos, isoladamente, são em si informativos – ainda que não tragam os detalhes sobre os povos e pessoas vitimados.

Observo que estas histórias são apenas uma amostra da violência praticada em 2011 contra os povos indígenas, 511 anos após a invasão de suas terras:
Indígenas Xavante morrem por falta de assistência à saúde (11/01)
Indígena Krikati é baleado dentro de sua terra, no Maranhão (17/03)
Comunidade Terena de Cachoeirinha continua sob forte ameaça (20/04)
Índice de homicídios em aldeias de Dourados é 800% maior que média nacional (03/05)
Ônibus com estudantes Terena é atacado em Mato Grosso do Sul (04/06)
Mais um corpo Guarani estraçalhado no chão (02/07)
Guarani Kaiowá é espancado por homens encapuzados no MS (20/07)
Sob as lonas pretas, mais uma criança Guarani Mbya morre sem ter vivido dentro de sua terra (20/07)
Cacique Xakriabá é alvo de emboscada no norte de Minas Gerais (04/08)
Dia Internacional do Índio é marcado por ataques a índios isolados (10/08)

MORTES ANUNCIADAS

Vale destacar aqui a sequência das notícias de agosto: o Conselho Indigenista avisou, dias antes, que pistoleiros ameaçavam os Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul:Cerco de pistoleiros ameaça grupo Guarani Kaiowá (12/08)
Pistoleiros invadem e destroem acampamento Guarani Kaiowá em MS (15/08)

Vale repetir: o País estava avisado sobre a matança. Mas prossigamos com a listagem.

Notem que o ataque ao ônibus escolar, em junho, tem em agosto um desfecho fatal:
Morre mulher Terena vítima de ataque a ônibus escolar (24/08)
Indígena do povo Canela é assassinada brutalmente no Maranhão (31/08)
Fazendeiros destroem aldeia e expulsam índios Guarani Kaiowá em MS (07/09)
Indígena Awá-Guajá é agredido por madeireiros no Maranhão (09/09)
Indígena da comunidade de Y’poi é barbaramente assassinado no MS (28/09)
Indígenas do Santuário dos Pajés, no DF, são espancados por seguranças de construtora (13/09)
Lideranças Tapirapé são ameaçadas de morte (03/11)
Povo Kaiowá Guarani sofre novo ataque no Mato Grosso do Sul (28/11)
Ameaçados de morte no Pará participam de Encontro e divulgam Carta (15/12)


A VIOLÊNCIA PERPETUADA

Em poucas palavras: o extermínio de índios prossegue no Brasil.

Levantamentos preliminares do Cimi mostram que foram 45 assassinatos de indígenas em todo o país. Trinta deles no Mato Grosso do Sul.

Esta reportagem do próprio Cimi mostra os dados de 2010:Violência contra os povos indígenas: continua tudo igual!

A notícia abaixo trata de um homicídio antigo. Mas que repercutiu este ano por conta do julgamento dos acusados:
Caso Cacique Veron: os condenados absolvidos (04/03)

Uma notícia publicada no dia 17 de maio relembra outra matança:2.000 Waimiri-Aitroari desaparecidos durante ditadura militar

A BANDEIRA PERFURADA

Os fatos são suficientemente exclamativos. Em vez de gastar, por ora, palavras de protesto, destaco três artigos de Egon Heck, o coordenador do Cimi em Mato Grosso do Sul.

Aqui ele fala sobre a morte de Guarani Kaiowá:
E a vida os e-levou

Neste artigo ele analisa o genocídio. E fala sobre os "caminhos da esperança":
Povos Indígenas: caminhos do genocídio e da esperança

Aqui, Heck escreve especificamente sobre Nísio Gomes, uma das vítimas:
Nísio, o sorriso matado

O início é antológico:

- O primeiro tiro foi na cabeça. Nisio já há algum tempo usava um simpático chapéu no qual estava estampada a bandeira do Brasil. Um rombo na bandeira mostra o tiro covarde que tirou a vida do cacique-Nhanderu Nisio Gomes, naquela fatídica madrugada do dia 18 de novembro. Não apenas rasgaram a bandeira, mas a perfuraram com várias balas calibre 12.

Sugestão ao leitor: abra o artigo para conferir a foto com o sorriso de Nísio. (Outra sugestão é abrir as demais notícias - e divulgá-las.)

Amanhã voltaremos ao tema, com outras notícias divulgadas pelo Cimi e dados sobre a política indigenista do governo Dilma Rousseff.

Por ora ficamos com esses relatos de mortos, espancados e ameaçados.

Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)


LEIA MAIS:
A violação sistemática dos direitos indígenas
Governo só gastou 33% dos recursos para proteção de indígenas, diz o Cimi


NO TWITTER:

2 comentários:

Luciana disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Luciana disse...

Te felicito Alceu por la denuncia y por mantener vigente el tema. No sólo en Brasil está pasando esto, también en otros países hermanos de América Latina, pero, parece que para algunos políticos es más fácil hacer la vista gorda y no ocuparse del tema, no?
Un abrazo!
Luciana