sábado, 16 de junho de 2012

Boas novas para Maluf, Lalau, Renascer. E são os estudantes da Unifesp que formam uma “quadrilha”?
 
por ALCEU LUÍS CASTILHO (@alceucastilho)
 
A edição de hoje da Folha de S. Paulo ajuda a entender o que acontece no Brasil. Por um lado, impunidade. Por outro, criação de empecilhos à mobilização social - e perpetuação da desigualdade. Vejamos três títulos do caderno de política do jornal:
 
1) “Juiz Nicolau pode receber de volta mais de US$ 6 mi”
2) Alagoas: Vereadores acusados de fraude em venda de terreno são soltos
3) Índios: Justiça suspende demarcação que amplia área indígena entre MT e PA
 
A escolha do editor, voluntária ou não, resume com precisão a impunidade em terras brasileiras. “Juiz Nicolau” é aquele mesmo, o Lalau, das obras superfaturadas do Tribunal Regional do Trabalho, em São Paulo. A notícia sobre os índios nos relembra que a Justiça não está exatamente do lado dos indígenas – ou de quaisquer brasileiros excluídos.
 
Mas avancemos. Os jornais de hoje também anunciam que, para obter mais tempo de TV para o PT em São Paulo, o Ministério das Cidades ofereceu um cargo ao excelentíssimo ex-governador Paulo Salim Maluf. Esse senhor que, caso pise fora do país, será imediatamente preso pela Interpol.
 
A manchete da Folha, por sua vez, informa: “PF prende alunos da Unifesp após protestos em SP”. Não se trata somente de prisão após protestos. O que já seria grave. Os 23 estudantes – de uma universidade federal – foram indiciados por “formação de quadrilha”.
 
Eu disse formação de quadrilha? Os estudantes?
 
Vale observar que nem os estudantes da USP, sistematicamente criminalizados pela polícia paulista na gestão do atual reitor, João Grandino Rodas, foram enquadrados por “formação de quadrilha”, após reintegrações de posse na Cidade Universitária.
 
Atentemos então para outra notícia da semana, relativa à Igreja Renascer em Cristo. O Supremo Tribunal Federal decidiu que não existe na legislação brasileira a figura da “organização criminosa”. Com isso, foi arquivada a ação penal contra os fundadores da igreja - investigados por lavagem de dinheiro. A decisão foi unânime entre os ministros do STF.
 
Mas os estudantes paulistas, neste mês junino, esses respondem por formação de quadrilha.
 
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