sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Um novo blog

Criei este blog em 2007 para guardar o endereço. Agora chegou o momento de utilizá-lo. Naquela época meu blog principal se chamava "Capital do Brasil" - pois morava em Brasília. Voltei para São Paulo em 2008 e a atualização daquele material perdeu sentido. Em paralelo, eu mantinha com amigos - e sócios - o site da Agência Repórter Social, a primeira opção para a publicação de notícias e reportagens. Na virada de 2010 para 2011, porém, decidimos interromper (com muita dor) as atividades do site: um sucesso editorial, mas que se tornou insustentável financeiramente.

Não desisti. Outros projetos virão. Mas retomo agora o blog como espaço essencial para o registro de minhas atividades. Como tal, será um espaço múltiplo. Mudei o título inicial, "Nem tudo é Sórdido" (a frase é do escritor Ernesto Sabato), para "Outro Brasil" - de outro retrato necessário à afirmação de uma esperança. E resumi quatro campos temáticos básicos: jornalismo, geografia, literatura e cinema. São esses os temas dos quais mais entendo.
Escreverei em dobradinha com o Twitter: comentários mais curtos ficarão por lá. Quando tiver necessidade de mais espaço virei ao blog.

Como jornalista, sou essencialmente um repórter. Espero publicar aqui muitas notícias exclusivas. E reportagens que mostrem, de fato, outro Brasil - outro país possível e necessário. Minha proposta segue sendo contra-hegemônica, como era a do Repórter Social: dar espaço a notícias que não são prioridade da "grande imprensa". Um Brasil que valorize o social, o humano, acima do político e econômico. Os artigos seguirão na linha de crítica à indiferença, ao cinismo; e buscarão a desconstrução de discursos midiáticos. Não há nada de inocente no jornalismo - e quem está nesse meio tem a obrigação de alertar os leitores.

A geografia aparece como segundo grande tema. Meu interesse por essa ciência me levou de volta às carteiras da USP. Já venho escrevendo (há três anos) livro-reportagem diretamente relacionado à geografia agrária. Mas as geografias urbana, histórica, econômica, política e cultural estão entre minhas áreas de interesse direto. Já não tenho dúvidas de afirmar que os geógrafos conhecem o Brasil muito mais que 95% dos jornalistas. Até por manterem uma preocupação social mais arraigada. Muitas notícias e debates virão desse universo geográfico.

Por fim, abro espaço para outras paixões. Claro, são muitas: quadrinhos, música... mas as mais relevantes, até para dialogarem com os temas acima (jornalismo e geografia), são mesmo literatura e cinema. A esta altura da vida posso dizer que já entendo um pouco de literatura - ao menos da hispano-americana, e particularmente da argentina. Ao mesmo tempo, entendo razoavelmente de cinema - e muitíssimo de cinema italiano.


Tentarei fazer a costura entre esses vários campos. É o escritor argentino Ernesto Sabato quem mais me motiva (ao lado da minha filha, das pessoas que eu amo) a insistir na utopia - e na resistência. É o cinema italiano que me oferece, há mais de 20 anos, a lição de que é possível somar consciência política com rigor estético. Vittorio de Sica, Federico Fellini, Ettore Scola, Pietro Germi, Elio Petri, Paolo e Vittorio Taviani - quem me conhece sabe o quanto tenho na obra desses senhores a trilha visual e emocional de minha vida.

Utilizarei essas referências para pensar e repensar o Brasil. Nossa desigualdade, nossa violência estrutural, nossa política abjeta e economia predadora. Não perderei de vista que se trata, nestas terras mal distribuídas, de se construir um mínimo de democracia, de se afirmar os direitos humanos e sociais mais elementares. Este é o país das matanças (de camponeses, de índios, de pobres e negros), das violências policiais, da repressão a manifestações de rua, à organização e participação de movimentos sociais. É um país sem cidadania.

Como jornalista e como aspirante a geógrafo, afirmo-me como um brasileiro indignado. Com as injustiças do meu país - e desse sistema mundial (capitalista, afinal) que esgota os recursos e oprime a maior parte da população. Por isso a citação do francês Stephane Hessel - "indignez-vous". Utopia, para combater o cinismo. Resistência, para combater a passividade. Convido o leitor - desta vez, por muito tempo - a uma viagem por um Brasil (e um mundo) mais humano.

por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)


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Um comentário:

Beatriz Bevilaqua disse...

Alceu, me sinto imensamente feliz por ainda existirem jornalistas como você, que buscam a desconstrução de discursos midiáticos. Seguir a linha de crítica à indiferença é o q alguns tentam, mas é o q poucos fazem de fato. Eu só posso lhe desejar toda sorte do mundo nesta nova fase e bom trabalho. Beijo grande, Beatriz M. Bevilaqua