terça-feira, 18 de junho de 2013

17 de junho, Brasil: uma análise do Jornal Nacional

por ALCEU LUÍS CASTILHO
(@alceucastilho)

O dia de ontem foi histórico também em termos midiáticos. Das redes sociais aos helicópteros das redes de TV eram milhares de informações relevantes, para quem tentava zapear e clicar, com 50 dedos em cada mão, do fim da tarde ao início da madrugada.

A análise do papel dos meios de comunicação, como a guinada dos principais veículos em relação às manifestações, e sua tentativa de emplacar outras pautas, certamente será objeto de estudo nos próximos anos. Assim como os próprios protestos.

Aqui adianto análise do Jornal Nacional escrita no calor do momento. Procurei fazer uma espécie de fotografia de uma edição histórica. Note-se ainda que, ao vivo, Patricia Poeta teve de defender a Globo por causa das críticas dos manifestantes, que passavam em frente da emissora, em São Paulo. (Numa curiosa interação direta entre manifestantes, cidade e mídia.)

O texto foi publicado logo em seguida, no Facebook, e buscava expressar exatamente o momento intenso vivido tanto pelo país como por jornalistas. E cuidadosamente amortecido pela Globo:

- Patricia Poeta e o editor-chefe, William Bonner, praticaram um jornalismo constrangedoramente amortecedor. O oposto do sensacionalismo: algo destinado a tirar o som e o movimento das ruas. Isto numa das manifestações de massa mais importantes da história do Brasil. Raras vezes vi jornalistas brigando tanto com as notícias (e seus climas, suas nuances, suas espetacularidades).

Claro, isso foi planejado. Fizeram no JN o que o Arnaldo faz nas transmissões de futebol. Representaram a "ordem". Ainda que com menos humor. Poeta está visivelmente tensa. Sob ordens rígidas. Os repórteres passam informações burocráticas, em meio a uma edição cuidadosamente asséptica, como se não estivéssemos dentro de uma história de conflitos - e uma história com desfecho ainda imprevisível.

Perto desse show de cinismo (e interpretação soft), o que aconteceu na edição histórica do debate Lula x Collor, em 1989, foi fichinha. Um ensaio.

O jornal encerra com William Bonner quase num mosteiro budista: "Tudo terminou pacificamente... essas manifestações... pacificamente."

É como se dissesse: "essas manifestações... essas... essas danadinhas!"



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