segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

"Parece a Etiópia ou o Haiti", diz Julio Lancelotti sobre desalojados em SP

O padre Julio Lancelotti repercutiu neste domingo, em seu perfil no Facebook, a situação dos desalojados da Favela do Moinho, que pegou fogo na última terça-feira. Ele publicou dois posts sobre o tema.

No primeiro ele definiu a implosão (pela metade) de um prédio pela prefeitura como "um fiasco". E fez críticas à cobertura da mídia:

- Mas a imprensa não mostra o drama humano dos desalojados. Hoje visitei o acampamento embaixo do viaduto, assemelha-se à Etiópia ou ao Haiti,em pleno centro de São Paulo. Visitei dois queimados: um sentado no chão, outro deitado na carroça. Visitei Dona Natalia em seu pobre barraco, sem locomoção e idosa. O que recebeu foi um protetor para os ouvidos. O abandono do povo pelo poder público é alarmante.

Lancelotti faz parte da Pastoral do Povo de Rua, da Arquidiocese de São Paulo. No outro post ele denuncia abordagem violenta por Guardas Civis Metropolitanos:

- Uma senhora de nome Socorro estava agitada e voltou para a área de risco da implosão, foi abordada com violência por GCMs e nem 8 guardas conseguiam controle sobre ela. Fui a seu encontro chamando pelo nome, segurando em sua mão, e consegui que viesse comigo para a área de segurança e ficou com as missionárias da Aliança de Misericórdia.

CARTA ABERTA
Os moradores publicaram neste domingo uma Carta Aberta à População, para "impedir distorções das informações". Eles solicitam - pela quinta vez - uma audiência com o secretário municipal da Habitação. Querem mais educação e oportunidade, mais diálogo e respeito pela perspectiva de futuro "e menos arrogância".
Eles estão alojados provisoriamente no Clube Escola Raul Tabajara, um centro desportivo municipal, e sob o Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, ao lado da favela. Como diz o padre Julio Lancelotti, "com coberturas de plástico e ao relento".

O padre definiu como "mentira" a reportagem do Fantástico, da Rede Globo, que diz que os moradores foram "removidos". Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, esteve mais uma vez neste domingo no local e chamou de "vergonhoso" o atendimento aos moradores.
Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)

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