Guarda Civil agride desabrigados da Favela do Moinho
O padre Julio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua em São Paulo, informou nesta terça-feira que se reúne hoje com o prefeito Gilberto Kassab, às 14 horas, para discutir dois temas: 1) os desabrigados da Favela do Moinho, que pegou fogo na última quinta-feira; 2) a situação da população de rua.
Ele relatou em sua página no Facebook o conflito entre membros da Guarda Civil Metropolitana e moradores que tentaram armar seus barracos em um terreno vizinho, na região dos Campos Elíseos, “com o pouco que sobrou após o incêndio”.
- Foram atacados com cacetetes - disse o padre a este blog. - Cheguei no local logo depois, pois estava com o Promotor Público de plantão para solicitar providências para a favela. Vi as pessoas revoltadas e machucadas a golpes de cacetetes. Negociamos muito [com os dois lados] até serenarem.
A Rede Record registrou imagens do conflito entre GCM e desabrigados. Um dos guardas atira pedras em direção à multidão - em resposta a pedras arremessadas por alguns deles. As imagens mostram crianças atônitas em meio aos guardas. Um desses profissionais, após atirar uma pedra, esconde-se em seguida atrás de outro guarda.
O apresentador da Record declara-se "contra ocupações", segundo ele "um crime", mas critica a GCM e diz que está "ao lado dos moradores". Ele afirma que "não é com cacetete que se resolve questão social".
O apresentador da Record declara-se "contra ocupações", segundo ele "um crime", mas critica a GCM e diz que está "ao lado dos moradores". Ele afirma que "não é com cacetete que se resolve questão social".
À tarde a favela foi visitada pelo Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer. Um dos advogados da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese, Geraldo Majela Pessoa Tardelli, comentou na página virtual do padre Julio: “É impressionante que a GCM de São Paulo esteja tão violenta. As queixas na Comissão são constantes”.
O portal UOL registrou à noite o conflito, no pé de uma notícia sobre os moradores da favela. A notícia informava que os moradores rejeitaram proposta da prefeitura de receber R$ 300,00 mensais, por 30 meses, às famílias que perderam suas casas.
Segundo o portal, a GCM reprimiu um grupo de dez famílias que ocupou um terreno do Ceagesp, a companhia de abastecimento ligada ao governo estadual. “Após alguns xingamentos, os guardas teriam se irritado e agredido os moradores”.
O UOL reproduz nota da Secretaria Municipal de Segurança Urbana: “Os guardas civis metropolitanos estão apoiando os agentes da subprefeitura para evitar invasões de áreas públicas e prestar atendimento à comunidade”. Segundo a secretaria, a confusão começou após um morador se recusar a deixar o terreno.
- Um dos munícipes se recusou a cumprir a determinação de não permanecer no local e desacatou o agente que o advertiu. Houve um desentendimento, já controlado. O caso será apurando pela Corregedoria da Guarda Civil Metropolitana para avaliar a conduta dos guardas.
Cerca de 380 famílias – entre 532 que moravam no local – tiveram seus barracos queimados. Duas pessoas morreram carbonizadas e outras seis estão desaparecidas. As vítimas estão abrigadas em um ginásio na Barra Funda e dois barracões de escola de samba.
Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
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Um comentário:
Dezenas de terrenos obsoletos e prédios desocupados não podem ser ocupados pois estão a serviço da especulação imobiliaria.
Os governos anunciam intenção de "revitalizar" a "nova Luz" porém não desejam que o povo trabalhador habite o centro. Para eles, essa classe precisa estar sempre às margens da cidade e financiando moradia na periferia.
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