quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Estudante protesta contra Alckmin na Grande SP, toma batida e é fichado

Diante de uma visita do governador Geraldo Alckmin (PSDB) a Francisco Morato, na Grande São Paulo, o estudante Fernando Cardoso Pereira, de 22 anos, decidiu protestar, nesta quarta-feira, contra a agressão sofrida anteontem pelo aluno da USP Nicolas Menezes Barreto, na sede do DCE Ocupado.

Morador da cidade, ele levou um cartaz ao evento onde estava o governador. O cartaz dizia:

- Fora Rodas! Fora PM! Exonerem o PM racista da USP.

Fernando ergueu ao lado do palco onde estavam o governador e prefeitos. Mas ele contou, em depoimento ao Jornal da USP Livre, ter sido prontamente reprimido:

- Assim que o levantei na frente do governador, um segurança do evento pôs a mão em mim e disse para que eu saísse, “para que não estragasse a festa”. Eu disse que não fiz nada de errado, não agredi ninguém, era uma manifestação política. O vereador Capá (PT), que estava próximo, interveio e o segurança me deixou.

Uma jornalista perguntou sobre o episódio de segunda-feira na USP – apontado pelo próprio Nicolas como racista. Alckmin disse que os PMs estão preparados para lidar com os estudantes. E que o sargento André – o agressor da segunda-feira – faz parte de uma minoria de 0,1% dos policiais.

Fernando conta ao blog que somente ergueu o cartaz. "Não podem alegar que provoquei distúrbio", diz. "Tanto é que não fizeram nada comigo lá. Foram fazer depois, a  um quarteirão de distância".

É que, encerrado o evento, Alckmin foi visitar uma escola. Fernando seguiu por uma quadra e parou para conversar com dois amigos, na Praça do Coreto. Enquanto relatava o episódio da segunda-feira, os três foram abordados por policiais:

- Enquanto eu falava isso na esquina com meus amigos, os “hômi” chegaram, tirando a pistola da cintura e apontando para mim. Foram educados. Um deles ordenou que eu me encostasse na parede, me revistou, revistou todos os bolsinhos da minha bolsa. Perguntou se eu trabalhava, disse que sou estudante. “Vai querer a carteirinha também?”, perguntei.

Segundo Fernando, o policial perguntou se ele tinha problemas com a lei. Ele respondeu que era estudante - passou no vestibular de Filosofia da USP em 2011, mas não se matriculou, acaba de ser aprovado em Direito na UFRJ - e estava só portando livros.

- Tirei um monte de livros e revistas da bolsa. O PM me abordou por uns dez minutos. Pegou meu RG e fez uma anotação em uma caderneta com meu RG, nome de meu pai, mãe e endereço. Perguntei ao PM qual o teor da anotação. Disse que era o procedimento padrão. Era para que as pessoas que me viram tenham certeza que ele me abordou e que eu fui liberado. E “que não aconteceu nada contigo”.

Fernando diz que não sabe para que pode servir esse cadastro. "Pode ter sido só para intimidar, mas acho pouco plausível. Não duvido que tenham incluído meu nome em algum cadastro ilegal".
Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)


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