Falou do trabalho de conscientização dos jovens “e arrogantes” juízes em São Paulo e de sua história na Comissão de Justiça e Paz - decisiva no combate à ditadura.
Em seguida contou um pouco do seu trabalho como voluntário em hospitais paulistas. É quando ele invoca um lado palhaço para contar histórias às crianças internadas.
Um dia soube do caso de um menino com o rosto desfigurado. Uma criança “sem rosto”, como definiu.
O pai do menino assassinara sua mãe e tocara fogo no barraco. As sequelas estavam sendo combatidas no Pavilhão dos Queimados do Hospital Emílio Ribas.
Era uma véspera de Natal e Malheiros decidiu fazer o que sempre faz nessas situações: dirigiu-se ao leito do menino para contar histórias.
Começou a contar. Nenhuma reação.
Insistiu. Ficou parte da tarde contando histórias. Mas o menino não reagia.
Malheiros pensou:
- Puxa, estou perdendo meu tempo aqui. Poderia estar com meus filhos, numa véspera de Natal, mas estou contando histórias para uma criança que não reage.
Insistiu novamente, contudo, por mais um tempo. Depois foi fazer outras coisas no pavilhão e encaminhou-se para ir embora. Nesse momento, percebeu um puxão no jaleco.
- Tio...
Era ele: o menino sem rosto.
O desembargador ficou surpreso e perguntou o que ele tinha a dizer.
Difícil esquecer a resposta.
- Pode não parecer, mas eu estou sorrindo...
Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
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2 comentários:
Dizem que os juízes são arrogantes, insensíveis, prepotentes... Mas, como em toda classe, você não pode generalizar. Sim, existem bons homens!
Bonita história, Alceu!!! :)
que historia!
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