quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Repressão na USP: uma estratégia eleitoral de Geraldo Alckmin
 
por ALCEU LUÍS CASTILHO (@alceucastilho)
 
São grandes as chances de haver mais confrontos entre estudantes e Polícia Militar na USP. E mais humilhação de alunos – como as que vêm ocorrendo sistematicamente, nos últimos dias. A reitoria proibiu a entrada de cerveja para um show-protesto. Policiais estão parando carros em busca da droga – legalizada neste país, diga-se de passagem. O clima é desnecessariamente tenso em plena Calourada. Por quê? “Defesa da lei”? Não: estratégia eleitoral. Vejamos.
 
Na noite desta terça-feira quatro estudantes foram presos na Cidade Universitária. O carro deles foi parado. Policiais buscavam cerveja. Teriam achado 0,4 grama de maconha. Os quatro foram levados para o 14º DP, em Pinheiros. Não é a delegacia-padrão para receber casos da USP. Mas, desde o domingo de carnaval, quando 12 estudantes foram presos durante reintegração de moradia estudantil, tem-se tornado referência. Não é qualquer delegacia: lá também funciona uma Seccional de Polícia.
 
As alegações de policiais são as de sempre: defesa da “legalidade”. Eles não podem prevaricar, dizem. Como se estivessem, no dia-a-dia, cumprindo estritamente a lei. Arrombando prostíbulos e pontos de jogo-do-bicho, por exemplo. No domingo de carnaval, policiais militares e civis não conseguiram perceber que prenderam uma adolescente de 16 anos. Ela ficou em cela comum, no 14º DP. Ariel de Castro Alves, da OAB, identificou vários crimes na ação.
 
Mas a contradição nesse discurso da “legalidade” não é ingênua. Está cada vez mais claro que se trata de um cálculo político. Não basta mais olhar para as páginas de polícia e educação dos jornais para que se entenda a situação. É preciso analisar as páginas de política.
 
Elas mostram que José Serra aceitou ser o candidato do PSDB a prefeito. Como governador, foi ele quem indicou o atual reitor da USP, João Grandino Rodas – uma figura inexpressiva, autoritária e sem limites em suas ações repressoras. Onde deveria atuar um educador, afirma-se a figura de um xerife.
 

Mais que um indivíduo isolado, porém, Rodas representa uma turma, um grupo - e uma mentalidade. Ele é apenas uma dessas figuras que, durante o regime militar, não estavam nas fileiras do PMDB, não defendiam a legalidade. A novidade é que esteja sendo bancado por políticos de altas plumas.
 
O MEDO DO VOTO
 
E quem deve ser o principal opositor de Serra na disputa pelo comando do orçamento municipal? O ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT). Precisamos aqui repetir a área de atuação recente de Haddad: educação. É uma figura nova na política eleitoral, pinçada por Lula para tentar quebrar a hegemonia tucana em São Paulo. E, qual mesmo a marca de Haddad? Segurança pública, “ordem”, discursos de direita? Não: vimos que sua bandeira é a educação.
 
Estou sendo repetitivo para deixar clara a conexão entre fatos aparentemente desconexos. Na USP, um reitor truculento, segundo mais votado pela comunidade universitária, mas alçado ao poder por Serra, abre fogo contra a militância estudantil. Autoriza a presença ostensiva de polícias no campus, adota estratégia moralista (como a proibição de entrada de cerveja), criminaliza os estudantes – com processos, reintegrações de posse destinadas não somente a seus fins imediatos, mas a passar o seguinte recado: “Vocês sabem com quem estão falando?”
 
Do outro lado, Fernando Haddad vem aí. Com discurso pró-educação. Para falar de Enem, para injetar no debate paulistano (e paulista) uma nova agenda. Com o aval de um ex-presidente popular, sem a rejeição que tinha Marta Suplicy.

Nada garante que isso funcione eleitoralmente contra o projeto tucano – curiosamente marcado pela ausência de projetos de fato. Alckmin (como, antes dele, Serra) tem governado o Estado de uma forma que faz jus ao apelido do ex-prefeito de Pindamonhangaba. Em meio a essa política “picolé de chuchu” vem um petista boa pinta com um discurso mais consistente – goste-se dele ou não, mas com personalidade um pouco mais definida que a média de seus pares.
 
E qual o antídoto tucano a esse terrível risco de perda de poder político?

Agora está mais claro do que nunca: acirrar uma política à direita, repressiva. Explorar a face conservadora do voto paulista – que, nos últimos pleitos estaduais, esteve longe de cogitar em retirar o PSDB do poder. Cracolândia, Favela do Moinho, Pinheirinho - que sejam retirados do cenário aqueles que atrapalhem esse discurso supostamente asseado, imberbe, "limpinho".
 
Com tudo isso, imaginam os donos da política paulista, o discurso pró-educação de Haddad será arranhado. E de uma forma maquiavélica: pois a pauta da educação tem sido cuidadosamente associada à pauta da segurança pública. Em um Estado em que os estudantes da maior universidade são cuidadosamente definidos como “baderneiros”, por que, afinal, investir tanto em educação, não é mesmo?

É desta forma que o “magnífico” reitor João Rodas precisa ser visto. Como um ser obscuro a serviço de um modelo de universidade excludente, por um lado. Como peça menor de um jogo político pouco republicano, mas de alta plumagem, pelo outro.

ORDEM E CINISMO
 
A carta branca que João Rodas dá à PM na Cidade Universitária visa, portanto, a construção de uma imagem cara aos conservadores: a de que o aparato de segurança está reprimindo os estudantes “maconheiros”; a de que se está preservando a “ordem”. Mesmo que essa palavra seja vazia, que signifique apenas um caminho limpo para se perpetuar um grupo político no poder.
 
Não à toa, o pai de um dos estudantes presos nesta terça-feira apoiava a ação dos policiais e brigava com qualquer um que falasse o contrário. A percepção política de boa parte da sociedade paulistana é essa: cega, rasa e raivosa. Quase masoquista. É essa fina flor da pretensão quem sempre elegeu figuras como Jânio, Quércia e Maluf; é ela quem se regozija com as opiniões espumantes de “jornalistas” como José Luiz Datena e Luciano Faccioli. É ela quem adora o discurso do “medo”.
 
A cereja do bolo dos truculentos era essa: injetar, nos estudantes, o medo dos protestos, o medo de pensar e agir diferente, contra a corrente. Nas pessoas da sala de jantar, o medo desses estudantes. Ocorre que essa repulsa é construída: politicamente construída, a partir dos meios de comunicação. Alguém se lembra de um ato dos alunos da USP na Paulista, no fim do ano, em que uma senhora mostrava o dedo do meio para os manifestantes?
 
Qualquer semelhança com o clima dos anos 60 não é mera coincidência. Naquela época a mesmíssima sociedade paulista apoiou o regime militar – torturador e assassino. Hoje acredita (cega ou cinicamente) no discurso que imputa aos estudantes a condição de “baderneiros”.
 
A fachada legalista é apenas isso: uma fachada. Somente o doutor Pangloss e Cândido, personagens crédulos de Voltaire, os avôs da Pollyanna e da Velhinha de Taubaté (de Luis Fernando Verissimo, aquela que acreditava nas boas intenções do presidente João Baptista Figueiredo), poderiam acreditar que, em 2012 em São Paulo, toda a repressão esteja sendo feita em nome dos bons costumes.
 
E O RESTO É SILÊNCIO
 
A exploração de corpos femininos em casas de prostituição é ilegal – mas não se está vendo uma preocupação das polícias em fechar o cerco contra os rufiões. O jogo-do-bicho também é ilegal – mas quem acompanhou alguma operação, nas últimas décadas, contra essa modalidade consolidada de crime organizado?
 
Bandidos, para esses políticos sem escrúpulos e essa sociedade conivente, são os estudantes portando alguns gramas de maconha na Cidade Universitária. Ou então, como se está vendo de forma absurda em pleno regime democrático, carregando em seus carros perigosíssimas caixas de cerveja.
 
A pouco mais de seis meses das eleições municipais, está claro o que se quer, no Morumbi e no Butantã: conflito. De preferência com mais alguns gramas de maconha para justificar quaisquer ações policiais. Qualquer coisa que aconteça na Cidade Universitária contra os estudantes, mesmo que seja recheada de ilegalidades, será apoiada por boa parte da sociedade paulistana.
 
Rodas, Serra e o coordenador de todo esse circo, Geraldo Alckmin, apostam que, em outubro, esses apoiadores serão maioria. Apostam, portanto, em uma disputa eleitoral rançosa e numa gestão de segurança – e de educação – que fique a reboque dessa lógica. Apostam nos anos 60.
 
O resto é o silêncio de uma sociedade confortavelmente entorpecida.

LEIA MAIS:

Adolescente de 16 anos estava entre doze presos na USP
"Democracia de braços cruzados" permite policiais sem identificação
 

NO TWITTER:
@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK:

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Voluntárias entregam centenas de bonecas artesanais aos despejados do Pinheirinho
 
por ALCEU LUÍS CASTILHO (@alceucastilho)

Um mês depois da tragédia, as crianças despejadas da Ocupação Pinheirinho tiveram neste sábado momentos de alegria.


A pesquisadora e artesã Andréa Cordeiro viajou de Curitiba de São Paulo, e de lá para São José dos Campos, para entregar mais de cem bonecas aos desabrigados da Ocupação Pinheirinho, despejados no dia 22 de janeiro pela polícia paulista. Às bonecas dela somaram-se as de outros voluntários.

Doutoranda em educação na Universidade Federal do Paraná, ela lidera um grupo que se intitulou “Bonequeiras sem Fronteiras”. São mais de centenas de bonecas sendo confeccionadas.
 
Algumas das roupas das bonecas, como as da gaúcha Judite Martins, reproduzem casinhas. No meio da roupa, o nome “Pinheirinho”:



As artesãs se inspiraram em um projeto americano, o Dolly Donations, que faz bonecas para crianças pobres de todo o mundo. A repercussão do projeto brasileiro foi tamanha que o Dolly Donations mobilizou-se para enviar 200 bonecas para o Brasil.
 
As voluntárias fazem as bonecas artesanalmente. “Vai ter um pouquinho de risada amanhã no abrigo Vale do Sol”, escreveu Andréa, na sexta-feira, na página criada no Facebook, “Bonecas para as crianças de Pinheirinho”, seguida por 172 pessoas.

Os meninos também receberam bonecos. Ao contrário da expectativa, o interesse deles "bombou". Andréa Cordeiro conta que eles chegavam e já planejavam: "Eu pego o herói, você o monstrinho e a gente brinca". Um deles escolheu um boneco de gravatinha. Mas não ficou com ele: deu à mãe, de aniversário.


Durante a entrega, Andréa emocionou-se após cometer uma gafe. Uma menina escolhera um gatinho, que viera de uma artesã de Pelotas. Andréa explicou que o rabo do gatinho era para pendurá-lo na maçaneta da porta de casa.
 

- Quis engolir as palavras enquanto falava e pensei: que porta? Que casa? Mas a menina, de uns 10 anos, abriu um sorrisão e disse: "Vou cuidar para não sujar até eu ter um quarto com porta! E saiu correndo, feliz.

LEIA MAIS:
@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK:

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Secretaria de Segurança xinga jornalista e descreve celas de presas na USP como “jardim de inverno”
 
por ALCEU LUÍS CASTILHO (@alceucastilho)
 
Diante da divulgação do relato de uma das presas no domingo na USP, o editor do portal da Secretaria de Estado da Segurança Pública, Adriano Kirche Moneta, decidiu partir para o ataque contra este jornalista, autor da reportagem publicada no blog Outro Brasil. Ele colocou a palavra "jornalista" entre aspas e me chamou de “idiota” e “babaca que assiste muito filme de 007”.
 
Também editor das redes sociais na SSP, o órgão que comanda as polícias civil e militar em São Paulo, Kirche Moneta chamou os presos de mentirosos. Segundo ele, as celas de menos de 2 metros quadrados que as presas descreveram (uma para a adolescente de 16 anos presa no 14º Distrito Policial, uma para as cinco estudantes adultas, outra para os seis homens presos) são, na verdade, “uma espécie de jardim de inverno”.
 
Kirche Moneta repercutia um post do jornalista Pedro Pomar, que publicou - em um grupo no Facebook chamado Jornalistas - link para o relato feito por Aline Dias Camoles, uma entre os 12 presos no domingo. Leiam aqui esse relato, no texto "'Disseram que estavam nos levando para Auschwitz', conta Aline, presa na USP"
 
Às 8h43 desta quarta-feira (22), Kirche Moneta publicou o seguinte comentário:
 
O que esse "jornalista" escreve é em grande parte mentira. Eu estava lá durante todo o tempo. Esse "jornalista" não. Chegou bem depois e só escreve o que ouviu, não o que viu. A grávida jamais foi arrastada ou agredida. Eu gravei imagens sem corte da conversa dos policiais com ela. Nenhuma agressão, nada. Até pegaram uma cadeira para transporta-la pois a moça não queria se levantar. Ela foi levada sentada nessa cadeira por 4 policiais. Na delegacia, todos ficaram num lugar que é uma espécie de jardim de inverno. De que cela estão falando??? A grávida que foi "agredida" estava lá, rindo, andando para cá e para lá, olhando a repercussão das mentiras nas redes sociais, laptop aberto, ligado. São um bando de mentirosos. E esse "jornalista" idem, um babaca que assiste muito filme de 007. Lá pelas tantas, ele quis saber se a PM sabia o nome de todos os jornalistas e por que, tipo, querendo dizer que a liberdade estava ameaçada pois a polícia fichava todos os jornalistas e etc. Idiota.
 
Kirche Moneta formou-se no mesmo ano que eu, 1994. Ele na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas), eu na Universidade de São Paulo. Não vou deixar de considerá-lo jornalista por conta de seu, digamos, destempero. Mas devo assinalar que, entre 2005 e 2011, ele exerceu o cargo de assessor de imprensa da Secretaria de Segurança Pública. Em julho, segundo ele mesmo, assumiu o cargo de “Editor do Portal e Redes Sociais”. O currículo resumido deste jornalista sem aspas (Alceu Luís Castilho) está aqui.
 
Comecemos pela "acusação" mais simples: a de que eu assisto muitos filmes de 007 - estes, associados a pessoas "babacas". Errado. Duplamente errado. Respeito quem assista. Mas sou fanático por cinema italiano – por Fellini, Vittorio de Sica, Ettore Scola, Irmãos Taviani, Pietro Germi, Elio Petri. Por cinema social, político, psicológico, por filmes "de arte". Gosto muito das cinematografias francesa, iraniana, argentina; do polonês Krzystof Kieslowski, do sueco Ingmar Bergman. De cineastas com um vocabulário mais requintado que o demonstrado pelo assessor.
 

Em seguida há uma confusão entre relatos das fontes e relatos dos jornalistas. Todos os presos, de fato, falam em “cela”. Nenhum falou em “jardim de inverno”. Como não estive nas celas, e nem no tal jardim de inverno, reproduzo os seis relatos que ouvi – unânimes em relação a terem ficado em celas. "Absurdo chamar de jardim", diz Eliete Floripo, uma das presas. "Ficamos 40 minutos no pátio dos fundos da delegacia e depois nos mandaram pras celas." Três celas com privada transbordando, paredes sujas de sangue (no caso dos homens), muito cheiro de fezes e creolina.
 
Sobre Paula ter sido transportada em uma cadeira, por quatro policiais, isto está escrito em texto específico, feito a partir de depoimento da estudante, grávida de seis meses: “Vídeo mostra grávida sendo carregada por policiais, presa, na USP”. A história foi contada antes no seguinte texto: “Estudante grávida está entre 12 presos na USP”. Segundo os estudantes (o que o assessor nega), ela estava sentada no chão e foi arrastada até a cadeira. Este jornalista apoia a divulgação - na íntegra - das imagens da SSP para esclarecer essa e outras questões.

O assessor de imprensa demonstra-se incomodado, também, por eu ter feito perguntas ao porta-voz da PM. De fato, o major fizera várias perguntas sobre quem eu era. Em menos de um minuto mostrou meu blog, no celular, e indagou a outro jornalista: “Você também é do blog?” Eu perguntei, então, por que a Polícia Militar tinha tamanho interesse, em meio à tensão de uma reintegração de posse, em identificar cada jornalista e “relatar” isso para a corporação. Leiam aqui o relato completo desse diálogo: “Major diz que presença do blogueiro será 'relatada'”.
 

Adriano Kirche Moneta trabalhou na Band, na Record. Hoje trabalha para o governo estadual. Como jornalista e como cidadão brasileiro, sou obrigado a lhe pedir um pouco mais de compostura. “Idiota” e “babaca” não são argumentos para justificar ações policiais com excessos mais do que evidentes – entre eles, a prisão, por várias horas, de uma adolescente de 16 anos

Coube a este jornalista independente, aliás, um furo: a única entrevista com a jovem publicada em toda a imprensa. Kirche Moneta estava lá, gravando, e sequer percebeu que uma adolescente tinha sido presa.
 

O secretário de Estado da Segurança Pública chama-se Antonio Ferreira Pinto. Não sei se é exatamente dessa forma que ele quer que a SSP lide com jornalistas.
 

LEIA MAIS:
@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK:

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

"Disseram que estavam nos levando para Auschwitz", conta Aline, presa na USP
 

Aline Dias é um dos personagens mais presentes nos últimos episódios da USP. Em novembro, foi presa durante a reintegração de posse da reitoria, com mais 72 pessoas. Em dezembro, expulsa da Universidade de São Paulo. Segundo a reitoria, ela foi uma das líderes da ocupação do bloco conhecido como Moradia Retomada - e, por isso, "eliminada", com mais cinco estudantes, do corpo discente da universidade.
 
A Moradia Retomada, no bloco G do Conjunto Residencial da USP, foi alvo, na manhã do domingo, de uma reintegração de posse que culminou na prisão de doze estudantes - entre eles, uma adolescente de 16 anos. O local era utilizado pela Coseas, a Coordenadoria de Assistência Social da USP, e foi ocupado por estudantes em maio de 2010.
 
Estudante (expulsa) de Artes Cênicas na USP, Aline enviou ao blog um relato com detalhes do que aconteceu com os doze presos no domingo, tanto na Cidade Universitária como no 14º Distrito Policial. A cela onde ficaram foi chamada por policiais de "Auschwitz", em referência ao campo de concentração na Polônia, durante o nazismo. Ela também diz que apagaram imagens que gravou, de dentro da moradia estudantil, e que marcas no corpo dos estudantes foram ignoradas pelo médico legista.
 
Confira o relato:
 
"Na chegada dos policiais dentro da Moradia retomada, o comandante da ação, o mesmo que comandou a reintegração da reitoria no dia 8 de novembro, me chamou pelo nome, dizendo que já me conhecia.

A primeira pergunta para todos era: 'Voce é estudante?'. Ficaram assediando os que não eram. Diziam: 'Voce não devia estar aqui'. Como se fosse proibido que os estudantes tenham amigos, namorados ou conhecidos que não estudam na USP.
 
Eles se negaram a ler o mandado e a informar os motivos da prisão, inclusive mentindo que não seríamos presos. Nos agrediram e arrastaram para o ônibus. Eu filmei tal situação com uma camera de mão, mas os policiais me agrediram, tomaram-na, apagaram todos os arquivos e só devolveram a mesma depois de muita reclamação.

A Paula foi arrastada grávida pelo chão. Havia policiais à paisana junto. Um deles me agrediu verbalmente e ameaçou, novamente invocando a situação da ocupação da reitoria.

Na delegacia, perguntei para qual sala estávamos indo, quando chegamos, e um policial respondeu ironicamente: "para Auschwitz".
 
Durante a qualificação, ofenderam uma estudante negra [Ingrid], dizendo que a mesma era analfabeta. O tratamento foi permeado de racismo. Ofenderam a Rosi, dizendo que ela era uma vaca suja. Quem estava fora ouviu os policiais dizendo que, se pudessem, matavam todos os doze.
 
Deixaram-nos numa cela de 1,5 por 1,7 aproximadamente. Éramos cinco garotas, sem ventilação, com fezes transbordando da latrina, as paredes sujas. No caso da cela dos meninos as paredes estavam sujas de sangue. O chão molhado nos fazia permanecer de pé, e o pior, um forte cheiro, ao que me parece de creolina, que permaneceu durante todo o tempo em que estivemos lá, causando tosse, tontura, dor de cabeça.

É um lugar por onde passam muitas pessoas todos os dias. As condições são sub-humanas. Deixar um ser humano naquela cela é tentativa de assassinato por parte do Estado.
 
Quando fomos levadas ao IML, a maioria de nós foi colocada em camburões da Força Tática, que faziam zigue-zague no trânsito, em alta velocidade, causando vários machucados nos estudantes. O Darío ficou com as costas todas marcadas.

Durante o exame no IML, o médico responsável não fotografou os machucados e os roxos. Tratou-nos, principalmente as meninas, de maneira a nos constranger, ameaçando que, se não colaborássemos, ele não faria o exame. Prenderam a advogada junto conosco, numa ocasião, e, em outros momentos, não quiseram deixá-la falar a sós conosco".
 

Aline enviou, minutos depois desse relato, um complemento específico sobre o que aconteceu com Paula, a estudante grávida, na cela da delegacia. Segue o relato:

"Ela entrou na cela e começou a ter ânsia de vômito, que passou. Algum tempo depois começou a ficar com pressão baixa. Arrumamos um plástico (a sacola do lanche) para ela sentar no chão sem se molhar, perto da porta. Era o único local que tinha entrada de algum ar fresco. Paula foi ficando pálida e mole, parecia que ia desmaiar.
 
Então gritamos, o que não adiantou por algum tempo, gritamos mais e mais, batemos a garrafa de refrigerante contra o ferro da cela, para fazer barulho. Só depois de um tempo veio o tal César, dizendo que ali não era a casa da mãe joana, para a gente parar de gritar. Falamos que eles seriam responsabilizados caso acontecesse algo com a Paula, e ela pôde sair da cela para o hospital, por conta da presença da advogada".
 

Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
 
LEIA MAIS:
@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK:
Em desocupação na USP, estudantes questionam livre acesso a área cercada pela polícia

O blog publicou na terça-feira que o estudante Celso Tadeu Borzani, nascido em 1962, transitava livremente, no domingo pela manhã, em área bloqueada pela Polícia Militar, durante a reintegração de posse da Moradia Retomada, na área do Conjunto Residencial da USP (Crusp). Nem a imprensa teve acesso ao local: em cada um dos lados membros da Tropa de Choque impediam a passagem. Vários estudantes disseram que Borzani estava lá.

Mas Borzani nega que tenha acessado a área reservada. Em entrevista ao blog, disse que conversou com policiais e com representantes da Coseas (a Coordenaria de Assistencia Social da USP, que pediu a reintegração de posse do local ocupado), como o professor Waldyr Jorge, mas fora do local. "Não sou policial", disse. "Devem ter me confundido com o professor Waldyr". O estudante declarou-se contra a presença ostensiva da polícia no câmpus, mas favorável às reintegrações. "Não fui eu que pus o pé na porta da reitoria e da Coseas".

Em dezembro, Borzani comemorou a expulsão de seis colegas da USP, conforme decisão da reitoria. Eles foram acusados, em processo administrativo, de comandar a ocupação do bloco lacrado no domingo pela polícia. Em e-mail enviado no dia 19 de dezembro a todos os membros do Departamento de Geografia (estudantes, professores e funcionários), ele escreveu o seguinte:
 

- Bom dia. Sugiro a todos que façam uma averiguacão no Crusp/Coseas de quem é quem. Não se iludam com a frase "PERSEGUIDOS POLÍTICOS". Muitos desta lista [de estudantes expulsos] TOCARAM O TERROR no crusp agredindo pessoas pelo simples fato de não concordarem com suas idéias. Para a maioria dos moradores do Crusp, isso é o mínimo que o Reitor deveria fazer. Ainda faltam alguns.

As frases estão reproduzidas (com maiúsculas e pequenos erros de digitação e português) exatamente da forma que Borzani publicou. Durante entrevista ao blog, ele foi comedido em relação à maioria dos estudantes "eliminados" pela reitoria. Apenas em um caso ele sustentou que uma delas tentou agredi-lo. Ele se disse favorável inicialmente à ocupação da Coseas, por conta da falta de vagas na moradia estudantil, mas contrário "momentos após", diante da política dos estudantes de aceitarem gente de fora - como alunos de cursinhos populares.

Borzani estuda Geografia na USP – ingressou em 2003 - e também vive na moradia estudantil. Até novembro, era um dos diretores da Associação dos Moradores do Crusp (Amorcrusp). Apresenta-se no LinkedIn como estagiário em Geoprocessamento na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e membro, desde outubro de 2010, da Comissão de Gestão da Política de Apoio à Permanência e Formação Estudantil da USP. A função, neste caso, seria a de “análise de orçamentos públicos e planejamento de gastos da universidade”.

O estágio remunerado na FAU já acabou. O estudante diz que sua prioridade, hoje, mais que acabar o curso (falta só o Trabalho de Graduação Individual), é arrumar um emprego. Borzani também prestou concurso, em 2011, para motorista do Centro de Computação Eletrônica – fez, em outubro, uma prova de múltipla escolha, prevista no edital do CCE. Mas não passou no concurso.

"MEU PAPEL"

Borzani conta que acordou às 5 horas, no domingo, e foi em direção ao bloco G. Ele mora no bloco B, um dos mais distantes do cenário da reintegração de posse. "Fui fazer meu papel", afirma. (Embora ele não faça mais parte da Amorcrusp). "Impedir que bloqueassem o Crusp, como fizeram durante a desocupação da reitoria". Durante sua gestão na Amorcrusp, ele adotou política conciliatória com a Coseas, rejeitada por outros estudantes. Mas diz que nunca falou com o reitor João Grandino Rodas e que, ao contrário do que dizem, nunca denunciou pessoas que moravam irregularmente no Crusp.

Estaria Borzani representando os estudantes, ao falar com Coseas? Ocorre que os moradores do Crusp não apoiaram as ações policiais no domingo e durante a reintegração de posse da reitoria, em novembro. Não porque necessariamente defendessem a Moradia Retomada ou a ocupação da reitoria – o que, em muitos casos, também ocorre. Mas porque foram atiradas bombas de gás (em novembro) e balas de borracha (no domingo), fora da área de reintegração de posse. No local vivem famílias inteiras – crianças, bebês.

No domingo, enquanto Borzani conversava com policiais, duas balas de borracha foram atiradas pela Tropa de Choque, de baixo para cima, na cozinha do terceiro andar do bloco F. Moradores do bloco G, da parte legalmente reservada à moradia estudantil (o setor lacrado também fica no bloco G), contam que a polícia entrou por lá, sem mandado judicial, à procura de objetos que neles pudessem ser atirados. Apontaram armas a estudantes comuns – que não participaram de nenhuma ocupação ou protesto político. Os moradores dessa ala, todos de pós-graduação, não podiam entrar ou sair do prédio.

Borzani sustenta que, após a desocupação da reitoria, prestou uma queixa à Corregedoria da Polícia, justamente para afirmar que "99%" dos moradores do Crusp são pessoas que estudam e trabalham, e não podem ser atingidos por ações policiais. Estas ele considera justas para aqueles que, conforme suas palavras, "tocam o terror" na Cidade Universitária. Ele fez cinco boletins de ocorrência (quatro deles, seguidos de representação) contra alguns estudantes, por tentativa de agressão, além de um depoimento no Ministério Público.

Curiosamente, a presença ostensiva de Borzani junto aos policiais não causou estranheza aos militantes mais à esquerda do movimento estudantil. Eles o acusam de defender os interesses da Coseas, a Coordenadoria de Assistência Social da USP, e, portanto, da própria reitoria – mas já se acostumaram com sua presença.

A Coseas tinha representantes na área reservada aos policiais. Entre eles, assistentes sociais – que foram hostilizados por estudantes. A USP deveria ter providenciado Conselheiro Tutelar, conforme as instruções da juíza que emitiu o mandado de reintegração de posse. Mas não providenciou – a ponto de ter sido presa, no domingo, junto com 11 adultos, uma adolescente de 16 anos, sem que nenhum policial militar ou representante da USP percebesse.

Celso Borzani falou por mais de duas horas com o blog. Além de um resumo do que falou, neste texto, publicarei nos próximos dias um perfil do estudante.

Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
 

LEIA MAIS: 
@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK:

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Seis presas na USP relatam racismo, sexismo e violências policiais

por ALCEU LUÍS CASTILHO (@alceucastilho)
 

Entre os 12 presos ontem na Cidade Universitária, seis são mulheres. As seis deram entrevista ao blog e relatam como foi o domingo de carnaval. São histórias de violência policial, de provocações, racismo e sexismo. Os depoimentos coincidem nos detalhes: celas em condições sub-humanas, exame humilhante no IML, tratamento diferente dado à estudante negra, ausência de Conselheiro Tutelar para amparar a adolescente de 16 anos.
 

Confrontados com as instruções da juíza Ana Paula Sampaio de Queiroz Bandeira Lins, os relatos indicam que a USP e as polícias pouco cumpriram o que fora recomendado: assistência social, garantia de incolumidade de todos os envolvidos, reforço policial com “máxima cautela”. Mostram, também, as condições sórdidas das celas do 14º Distrito Policial, em Pinheiros.
 

Três das seis estudantes não cursam graduação na USP. É uma situação diferente dos seis homens presos, todos estudantes da universidade. Uma delas é do Rio Grande do Sul, outra faz cursinho popular, a outra está no ensino médio. Duas (a gaúcha e a menor) estavam de passagem pela Moradia Retomada, desocupada ontem de manhã, por cerca de 200 policiais.

Vejamos quem é e o que aconteceu com cada uma delas:
 

INGRID

Ingrid Lidyane Santos Silva tem 20 anos e cursa Letras na USP. Considera-se vítima de racismo. Ao prestar depoimento no 14º Distrito Policial, afirmou que não teria nada a declarar. Isso se repetia a cada pergunta. Todos os demais presos fizeram isso. No seu caso, porém, ao se recusar a dar o endereço, ouviu o seguinte: “Então a gente vai colocar que é moradora de rua”. Em seguida perguntaram sobre instrução. “Se não quer falar, vamos colocar que é analfabeta”.
 

Ingrid aponta diversas hostilidades praticadas por policiais. “Vocês vão se foder na presença do juiz”, ouviu, diante da recusa em prestar depoimento. Durante o exame de corpo de delito, no Instituto Médico Legal, ela se sentiu abusada ao tirar toda a roupa. Ouvira das presas na reitoria, em novembro, que o exame fora tranquilo, feito por uma médica. Mas era um médico e ele as obrigou a tirar tudo. "Vira de frente, vira de trás", pedia ele.
 

ELIETE
 

Eliete Ribeiro Floripo tem 27 anos. É de Cachoeirinha (RS). Em férias, passou duas semanas com um amigo, na Moradia Retomada, e está voltando nesta segunda-feira para o Sul, onde estuda História. Para ela, houve “humilhação o tempo inteiro, para mostrar quem é que manda”.

Ela conta que a cela onde ficaram estava alagada – um misto de água, urina e fezes. Não havia espaço seco para todas ficarem sentadas. A solução era revezarem. Diante da situação da privada, elas pediram providências. Jogaram creolina. “Era difícil respirar”, diz.
 

A gaúcha define a situação como “tortura psicológica”. Ela conta que Paula começou a ficar pálida, passar mal. Todas gritaram, até que ela fosse retirada – de lá Paula saiu para ser atendida no Hospital das Clínicas, mas voltou à delegacia.
 

PAULA
 

Paula está com seis meses e meio de gravidez. Ela tem 21 anos. Aguarda resultado do vestibular. Vivia na Moradia Retomada com o companheiro, estudante da Física. Um vídeo mostra os policiais carregando-a pela Cidade Universitária, atê o ônibus. Todos os depoimentos coincidem ao dizer que ela foi “jogada” no ônibus que as levou à delegacia.
 

A estudante conta que foi levada à força enquanto lia o mandado de reintegração de posse. Não a deixaram acabar. Estava sentada no chão e disseram: “Ou você vai por bem ou vai à força”. Foi arrastada para uma cadeira e dessa forma carregada até o ônibus, por quatro policiais.
 

Todos dizem que policiais disseram a ela, durante a desocupação, que não tinha o direito de falar nada, pois não era estudante da USP. “Não acho que esteja errado eu morar com meu companheiro”, afirma.
 

A MENOR
 

O Estatuto da Criança e do Adolescente não permite que se publique o nome da adolescente, de 165 anos, presa ontem na USP. Ariel de Castro Alves, da OAB, diz que houve vários crimes: abuso de autoridade, privação ilegal de liberdade, submissão a constrangimento. Veja aqui o que diz o especialista.
 

A adolescente deu azar: dormia apenas aquela noite em São Paulo. Ela é de Nova Odessa, no interior paulista. Conta que entregou documento ainda na sala da Moradia Retomada, mas só na delegacia, indo para a cela, souberam – por ela mesma - que é menor. Mesmo assim ficou mais de três horas presa numa cela. Leia aqui o relato completo.
 

Durante o depoimento ao delegado, ela conta que, após pergunta sobre o que estava fazendo na Moradia Retomada, ouviu o seguinte comentário: “Fiquei sabendo que um deles é namoradinho seu...”
 

ROSI
 

Estudante de Filosofia na USP, Rosi (ela não gosta de divulgar o sobrenome) foi uma das presas durante a desocupação da reitoria, em novembro – quando centenas de policiais prenderam 73 pessoas. Foi ela quem contou ter sido torturada durante a operação, em plena reitoria. Leia aqui seu relato.
 

Em frente da delegacia, ela contou que foi agredida, mas não entrou em detalhes. As demais presas contam que ela foi agredida dentro do ônibus. Pediu uma máquina de volta a um policial, que a teria xingado de “vaca suja”.
 

"Uma coisa foi não saiu da minha cabeça", relata Rosi. "Foi quando o médico no IML pediu pra gente baixar a calcinha, a ameaça que, se não tirássemos a roupa, ele não ia fazer o 'exame' e, assim, voltaríamos para a cadeia. E, principalmente, a forma asquerosa que ele olhou pra o corpo despido da Eliete, a primeira a ser 'examinada'."
 

ALINE
 

Aline Dias é um dos personagens mais presentes nos últimos episódios da USP. Em novembro, foi presa durante a reintegração de posse da reitoria. Em dezembro, expulsa da Universidade de São Paulo, exatamente por ter sido, segundo a reitoria, uma das líderes da ocupação do bloco conhecido como Moradia Retomada – objeto, ontem, da reintegração de posse.
 

Estudante de Artes Cênicas na USP, ela foi a primeira a se recusar a sair da Moradia Retomada, quando todos souberam que iam ser presos – e não liberados, como havia sido dito. Conta que foi chamada pelo nome pelo comandante da operação. Ela gravou tudo com uma câmera de mão. "Mas os policiais me agrediram e apagaram todos os arquivos", diz.
 

Na delegacia, ao perguntar para qual sala estavam indo, um policial respondeu: "Para Auschwitz". "Quem estava fora ouviu os policiais dizendo que se pudessem matavam todos os 12", afirma.
 

LEIA MAIS:
"Disseram que estavam nos levando para Auschwitz", conta Aline Camoles
@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK:
Menor presa na USP: representante da OAB diz que houve abuso e crimes
 
Uma menor de 16 anos ficou várias horas presa, ontem, no 14º Distrito Policial, em São Paulo. Ele estava na Moradia Retomada, desocupada na manhã de domingo pela Tropa de Choque da Polícia Militar. Ninguém percebeu que ela era adolescente. Leia aqui o relato completo.
 
Para Ariel de Castro Alves, está configurado crime de abuso de autoridade e crime de privação ilegal. Ele é vice-presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
 
Alves enviou ao blog Outro Brasil a seguinte consideração sobre o episódio:
 
“Entendo que configura o crime de abuso de autoridade, previsto no Código Penal, e o crime de privação ilegal de liberdade de adolescente, previsto o artigo 230 do Estatuto da Criança e do Adolescente, já que a adolescente não estava em flagrante de ato infracional violento, nem havia ordem judicial de apreensão. Também não se cumpriram as formalidades legais, como de imediatamente ser chamado o Conselho Tutelar para acompanhá-la. Pena de detenção de 6 meses a 2 anos.
 
Por terem mantido na cela e em situação de constrangimento, ainda configura o crime do artigo 232 do ECA, de submeter criança ou adolescente a vexame ou constrangimento. Pena de detenção de 6 meses a 2 anos. Portanto, uma atuação policial completamente abusiva”.
 
Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
 
LEIA MAIS: 
Adolescente de 16 anos estava entre doze presos na USP
Seis presas na USP relatam racismo, sexismo e violências policiais 
@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK:

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Vídeo mostra grávida sendo carregada por policiais, presa, na USP

Paula tem 21 anos. Está com seis meses e meio de gravidez. É estudante de cursinho vestibular. Ainda espera o resultado das demais chamadas da Fuvest. Morava, até hoje, no bloco G do Conjunto Residencial da USP, o Crusp, com o companheiro, estudante de Física. O setor em que estavam foi desocupado pela PM na manhã deste domingo, após mandado de reintegração de posse.
 
Ela foi uma das doze pessoas presas esta manhã – junto com uma jovem de 16 anos, outras quatro mulheres e seis homens. Estava sentada no chão da sala, quando se recusou a sair, presa, sem que lessem o mandado judicial, expedido pela juíza Ana Paula Sampaio de Queiroz Bandeira Lins, da 4ª Vara de Fazenda Pública.
 
- Ou você vai por bem ou vai à força – disseram.
 
Os policiais a arrastaram até uma cadeira e simplesmente a carregaram até o ônibus. Eles colocam um cobertor sobre sua barriga, à mostra. Ela retira. Eles colocam novamente - e ela igualmente retira. Estudantes divulgaram, na internet, um vídeo que mostra esse momento:




Antes de saírem do prédio, segundo Paula, os estudantes ainda achavam que seriam liberados. Por isso os colegas pediam prioridade para a gestante.
 
O mandado da juíza previa que a USP providenciasse um Conselheiro Tutelar. Não havia. Assistentes sociais, havia – mas a “assistência” a Paula ficou por conta de membros da Tropa de Choque da PM.
 

Seguem instruções da juíza sobre a ação policial, presentes no próprio mandado:

- O aparato policial disponibilizado deverá, por sua vez, ser suficiente para conferir segurança e garantir a incolumidade de todos os envolvidos na operação, sejam eles agentes do Poder Público, integrantes da comunidade universitária ou os ocupantes da área em litígio.

 

De acordo com Paula, o oficial de justiça se recusou seguidas vezes a ler o mandado de reintegração de posse. Ela foi liberada no fim da tarde, junto com os demais 10 estudantes presos no 14ª Distrito Policial – a menor foi libertada às 12h40.
 

Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
 

LEIA MAIS:
Adolescente de 16 anos estava entre doze presos na USP
Seis presas na USP relatam racismo, sexismo e violências policiais 
NO TWITTER:

@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK:

Adolescente de 16 anos estava entre doze presos na USP
 
por ALCEU LUÍS CASTILHO (@alceucastilho)
 
A Polícia Militar não percebeu. Conselheiro Tutelar, não havia – apesar de determinação da juíza nesse sentido. A Polícia Civil também não percebeu, inicialmente. Depois, deixou-a numa cela comum por mais de três horas. Mas uma entre os 12 presos na Cidade Universitária, na manhã deste domingo, tem apenas 16 anos.
 
Seus direitos, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, foram ignorados sucessivas vezes, durante e após reintegração de posse no bloco G do Conjunto Residencial da USP. Para Ariel de Castro Alves, vice-presidente na OAB para assuntos de infância e adolescência, as policias praticaram mais de um crime. Leia aqui o que diz Alves.
 
O blog Outro Brasil conversou na tarde deste domingo, com exclusividade, com a estudante, moradora de Nova Odessa. Durante uma hora de entrevista ela se mostrou calma, sem se considerar assustada. (O ECA não permite a divulgação de seu nome, nem das iniciais.)
 
A jovem chegou ontem à tarde em São Paulo, com uma amiga, maior de idade, que veio declarar interesse na espera da quarta chamada da Fuvest. Passou somente uma noite na Moradia Retomada, em um quarto – a amiga havia saído quando os policias chegaram. Acordou por volta das 6 horas, com barulho de rojão – utilizado pela Polícia Militar como sinalização, durante a desocupação – e, da janela, logo viu a Tropa de Choque.
 
Dois ou três minutos depois, enquanto ainda arrumava suas coisas, um policial (e não um oficial de justiça) da Tropa de Choque entrou no quarto e perguntou se ela era moradora. Ela respondeu que não. Foi informada que era para descer, que seria liberada. Mas foi encaminhada para uma sala, junto com os demais 11 ocupantes do bloco. Lá, todos forneceram o RG. Nenhum policial e nenhum assistente social – entre os destacados pela USP para acompanhar o caso viu que ela nasceu em setembro de 1995.
 
O mandado judicial previa a presença de um Conselheiro Tutelar. Mas não havia. “Deverá a Universidade de São Paulo providenciar a presença de integrante do Conselho Tutelar para acompanhar a diligência da remoção coercitiva”, escreveu a juíza Ana Paula Sampaio de Queiroz Bandeira Lins encaminhado para oficiais de justiça e para o comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo”
 
Da sala, em vez de serem liberados, como fora sinalizado, todos seguiram para um ônibus. De lá, para o 14º Distrito Policial, em Pinheiros. Lá, foi encaminhada para uma cela comum, junto com os demais. Foi quando ela falou para uma carcereira, antes de ser revistada, que era menor de idade. A resposta foi que ela não poderia ficar na mesma cela – mas ficaria em outra, separada. E lá ficou, por mais de três horas.
 
- Era muito suja. Tinha cerca de 2 metros por 1 metro e pouco. Estava inteira escrita. A privada era muito nojenta, tinha merda ali. Na parede algo que me pareceu ser sangue.

Recebeu um pão com refrigerante, sem queijo – ela é vegan. Provavelmente enviado pelas pessoas que, do lado de fora da delegacia, esperavam os doze presos.

Por volta de 12h30 ela foi falar com o delegado. Não lembra o nome dele. O delegado de plantão, Noel Rodrigues, não quis dar entrevista, nem de manhã, ainda na Cidade Universitária, nem à tarde. Respondeu a uma bateria de perguntas – sem a presença de assistente social, Conselheiro Tutelar, alguém que defendesse especificamente direitos de uma adolescente. Apenas a advogada dos estudantes da USP – ligada à Conlutas.
 
Entre as perguntas, quem ela conhecia entre os estudantes, por que estava ali. Uma das afirmações, conta ela, era na linha “jogar verde para colher maduro”:

- Fiquei sabendo que um deles é namoradinho seu - disse o delegado.
 
Ela negou prontamente. Eram 12h40 quando deixou a delegacia. A advogada responsabilizou-se por sua saída.
 
BALANÇO DO DIA
 
Acima, o relato. Mas o que a estudante achou de tudo o que vivenciou? Primeiro, ela diz que deveriam ter percebido logo que ela tem 16 anos:
 
- Eu não deveria ter ficado na cela, é muito ridículo. E estranho. Ficaram com o documento desde quando estávamos na sala, tiraram xerox, fizeram não sei o quê, e não perceberam que eu era menor?
 
Ela considera que, a partir do momento em que foi falar com o delegado, sentiu que queriam se livrar logo dela. O caso quase não foi mencionado pela grande imprensa – apenas uma rápida menção no portal G1, sem detalhes.
 
A estudante não conseguiu ver as identificações dos policiais. “O que entrou no meu quarto estava com aquele negócio pendurado, não deu para ver o nome”. Ela observa que havia três pessoas gravando ou tirando fotos – mas não o oficial de justiça, um conselheiro tutelar ou assistente social.
 
Sobre a reintegração de posse, a estudante diz que não era necessário nada daquilo.
 
- O pessoal precisa morar em algum lugar, eles não têm condição, não têm para onde ir. Totalmente desnecessário ter 150, 200 policiais. Tem outras coisas que eles poderiam fazer.
 
NO TWITTER:
@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK:
Major da PM diz que presença do blogueiro será “relatada”
 
Poucos jornalistas participaram da rápida entrevista coletiva dada pelo major Marcel Lacerda Soffner, porta-voz da Polícia Militar, após a reintegração de posse da Moradia Retomada da USP, neste domingo, em São Paulo.
 
Estavam um repórter da Rede Globo, outra repórter da Band, um repórter da CBN e um jornalista do Brasil de Fato, além deste blogueiro e de um profissional da própria PM, que registrava a entrevista em vídeo.
 
A maioria das perguntas foi feita pelos repórteres de televisão. Eu pedi mais detalhes sobre a estudante grávida e sobre o conflito relatado pelos estudantes, quando balas de borracha foram atiradas, de baixo para cima, no terceiro andar do bloco F do Conjunto Residencial da USP.
 
Antes da coletiva um tenente perguntara quem eu era. Apresentei-me como jornalista independente. Mas diante da menção de mostrar a carteirinha da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), ele disse que não era necessário.
 
Após a entrevista, Soffner perguntou de onde eu era. Repeti que era jornalista independente e que escrevia no meu blog. Ele perguntou meu nome, respondi. Menos de dois minutos depois, voltou: “Alceu, é este aqui seu blog?” Respondi que era.
 
Em seguida ele abordou o jornalista do Brasil de Fato e perguntou: “Você também é do blog?”
 
Diante disso perguntei ao major se a polícia paulista estava monitorando quem escrevia sobre ela. Ele me respondeu que estava perguntando para poder “relatar”. Perguntei: “Relatar para quem?” Ele hesitou, mas disse que para o próprio setor de Comunicação Social da PM. Ao seu lado estava um representante do setor, André Severo, que registrara em vídeo a entrevista. Mas era o major que tinha a curiosidade.
 
Cabe aqui assinalar que o blog Outro Brasil, criado em novembro, tem abordado com frequência os episódios recentes na USP. Este jornalista, também estudante de Geografia na própria universidade, considera que os fatos possuem relevância nacional – em se tratando da maior universidade pública do País e de temas relacionados tanto à educação como a direitos humanos.
 
Um dos textos de maior repercussão foi o relato de Rosi, a estudante que conta ter sido torturada, no início de dezembro, durante a reintegração de posse da reitoria. Em janeiro, o estudante Nicolas Menezes Barreto falou com exclusividade ao blog sobre a violência que sofreu – registrada em vídeo - durante a desocupação da antiga sede do DCE-Livre.
 
Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
 
NO TWITTER:
@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK:
“Informes” levaram juíza a decidir pela desocupação no feriado
 
A juíza Ana Paula Sampaio de Queiroz Bandeira Lins escreve, no mandado de reintegração de posse datado do dia 17 de fevereiro, que “novos informes” motivaram o prosseguimento da reintegração de posse na Moradia Retomada, no bloco G do Conjunto Residencial da USP, neste domingo de carnaval.
 
Há alguns dias, estudantes montaram barricadas para impedir a reintegração. Mas a reitoria informou que ela não estava prevista. E, de fato, uma consulta ao processo mostrava que não havia ainda mandado judicial - expedido na sexta-feira por Ana Paula.

Uma cópia do documento foi entregue pelo porta-voz da PM aos jornalistas. Ele mostra que a juíza mantinha-se informada sobre o que acontecia no Crusp, e que o esvaziamento durante o carnaval foi motivo para a reintegração de posse.

Veja o principal trecho do mandado:
 
“Novos informes referentes à ocupação da área em que anteriormente estava estabelecida a Coordenadoria de Assistência Social da USP (Bloco G do Crusp) chegaram a essa unidade.
 
Segundo as notícias ora veiculadas, a situação começou a se acalmar, tendo sido retirados os obstáculos anteriormente utilizados como barreiras de acesso ao interior do imóvel.
 
Esse novo panorama está a sugerir a possibilidade de prosseguimento da diligência de reintegração sem maiores riscos à incolumidade dos ocupantes da área em litígio, dos agentes do Poder Público envolvidos na operação e de todos os estudantes, professores e funcionários da Universidade.
 
Determino, pois, sejam designados Oficiais de Justiça dessa unidade para cumprimento da ordem reintegratória”.
 
Em seguida a juíza determina à USP que providencie os meios necessários para embalar os pertences dos ocupantes. Discorre sobre o destino dos móveis, cabendo também à universidade disponibilizar caminhões e carregadores “de forma célere”.

Ana Paula determina a presença de assistente social da própria USP – que, segundo alguns estudantes, foi hostilizado ao chegar ao local. Ela também diz que poderiam existir menores no local, e que por isso a USP deveria providenciar a presença de integrante do Conselho Tutelar para acompanhar a “remoção coercitiva”.
 
“No cumprimento do ato, ficam autorizados, se necessário, o arrombamento e o reforço policial, observada, em sua utilização, a máxima cautela”, escreve a juíza. “A ordem de arrombamento estende-se a todos os acessos internos ou externos existentes na área ocupada, bem como compartimentos trancados do mobiliário ali existente”.

O estudante William Santana Santos, porta-voz dos moradores do Crusp, disse que os professores Jorge Souto Maior, da Faculdade de Direito da USP, e Luiz Renato Martins, da Escola de Comunicações e Artes (ECA), fizeram um inventário da Moradia Retomada, para mostrar que ela era, de fato, utilizada para moradia. O blog aguarda retorno de contato com o professor Souto Maior.
 
Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
 
@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK:
Grávida está entre 12 estudantes presos na USP
 
por ALCEU LUÍS CASTILHO (@alceucastilho)
 
Uma estudante grávida, Paula, está entre as seis mulheres e seis homens presos na manhã deste domingo, na Cidade Universitária, durante reintegração de posse de parte do bloco G, no Conjunto Residencial da USP (Crusp). O prédio estava ocupado pelos alunos desde maio de 2010. Sem assistência específica, ela foi carregada por membros da Tropa de Choque para o ônibus da polícia e, na delegacia, passou mal, diante da cela inundada por urina e fezes.
 
A estudante de cursinho vestibular está com seis meses e meio de gravidez. Ela já tinha sido retirada durante o despejo de ocupantes do antigo espaço do DCE-Livre, em janeiro. Na época os estudantes divulgaram uma foto de um portão sobre seus ombros, que ficaram machucados. Neste domingo, ela foi levada carregada - em uma cadeira, por quatro membros da Tropa de Choque - para o ônibus. Um vídeo mostrou esse momento - mas em apenas um dia saiu do ar, no YouTube.
 
O major Marcel Lacerda Soffner, porta-voz da Polícia Militar, disse inicialmente que “provavelmente” ela não era estudante da USP. Depois foi mais categórico: afirmou que ela não estuda na universidade. De fato, ela não estuda na graduação - é companheira de um ocupante da Moradia Retomada, estudante de Física.
 

Ao chegar na cela, inundada de água, urina e fezes, Paula começou a passar mal. Segue o relato da estudante Aline Camoles, que estava no local:
 

- Ela entrou na cela e começou a ter ânsia de vômito, que passou. Algum tempo depois começou a ficar com pressão baixa. Arrumamos um plástico (a sacola do lanche) para ela sentar no chão, sem se molhar, perto da porta. Era o único local que tinha entrada de algum ar fresco. Ela foi ficando pálida e mole, parecia que ia desmaiar.
 

Nesse momento as estudantes começaram a gritar:
 

- Não adiantou por algum tempo, gritamos mais e mais, batemos a garrafa de refrigerante contra o ferro da cela, para fazer barulho. Só depois de um tempo veio um tal César, dizendo que ali não era a casa da mãe joana, para a gente parar de gritar. Falamos que eles seriam responsabilizados caso acontecesse algo com a Paula. Ela pôde sair da cela para o hospital por conta da presença da advogada.
 

OCUPAÇÃO RETOMADA

Segundo Soffner, 3 entre os 12 estudantes detidos não são estudantes da USP. Uma jovem de 16 anos foi presa - sem que alguém percebesse que ela tinha direitos específicos. O blog também apurou que pelo menos uma das pessoas presas, do Sul, estava de passagem exatamente nestes dias, durante o carnaval, hospedada no apartamento do amigo – também preso.
 
Os estudantes foram levados ao 14º Distrito Policial, em Pinheiros. O porta-voz da PM definiu a desocupação, iniciada por volta das 6 horas, como “pacífica”. Desde as 4h50, pelo menos, os policiais estavam no local, bloqueando as entradas para o bloco. Soffner informou que 100 policiais militares participaram da operação.
 
A polícia cumpriu um mandado expedido na sexta-feira pela juíza Ana Paula Sampaio de Queiroz Bandeira Lins, da 4ª Vara de Fazenda Pública. O autor do pedido de reintegração de posse é a USP. Os reús, a Associação dos Moradores do Crusp “e outros”. Leia aqui o motivo de Ana Paula ter tomado a decisão logo antes do feriado.
 
Moradores do terceiro andar do bloco F mostraram balas de borracha que, contam, foram atiradas pelos policiais. Vídeos registram os estilhaços. Os estudantes protestavam contra a reintegração – mas estavam impedidos de acessar o bloco G. O porta-voz da PM não quis entrar em detalhes sobre o conflito. Disse que tudo foi registrado em vídeo e será apurado.
 
Os seis estudantes expulsos da USP, em dezembro, estão entre as pessoas que ocuparam o bloco G, em maio de 2010. O local era conhecido como Moradia Retomada. Uma das primeiras providências da USP, durante a manhã de hoje, enquanto as entradas para o local eram lacradas, foi a de apagar as inscrições feitas pelos estudantes, com o nome “Moradia Retomada”.
 
O porta-voz da PM disse, em rápida entrevista coletiva às 9 horas, que o prédio já foi entregue juridicamente à USP. E que os estudantes foram fazer exame de corpo de delito, “para comprovar que não houve violência”. “Houve resistência normal, legítima, resistência passiva”, afirmou.
 
Pouco depois ele informou ao repórter da Globo que os estudantes responderão por resistência e por dano ao patrimônio público. “A polícia vai se manter aqui para monitorar a reintegração”, afirmou. Leia mais aqui sobre a entrevista com o porta-voz.
 
O estudante William Santana Santos, morador do Crusp, falou em nome dos estudantes. Disse que os estudantes pediram diálogo com a Coseas (a coordenadoria de Assistência Social da USP) para que não houvesse a desocupação.
 
O delegado Noel Rodrigues, do 14º DP, não quis falar sobre o caso. Disse que só falaria depois do almoço.

ESTUDANTES X PM

A Cidade Universitária vive desde outubro conflitos diretos entre estudantes e Polícia Militar. Em outubro, alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) reagiram à detenção de três estudantes que portavam uma pequena quantidade de maconha no estacionamento da história.
 
Em seguida estudantes ocuparam um prédio da administração da FFLCH. Uma semana depois, a reitoria da USP. No início de novembro houve reintegração de posse da reitoria, com centenas de policiais e a prisão de 73 pessoas – a maior parte alunos da USP. Uma estudante conta ter sido torturada.
 
Diante da desocupação da reitoria, os estudantes decidiram entrar em greve, progressivamente esvaziada durante os dois últimos meses - mas oficialmente prevista até a próxima assembleia geral, no início de março. Entre as reivindicações dos alunos estão a saída do reitor João Grandino Rodas e o fim do convênio entre a USP e a própria PM.
 
Em janeiro, um vídeo mostrou o estudante Nicolas Menezes Barreto sendo agredido por um sargento da PM, durante a desocupação do antigo DCE-Livre. Ele acusou a polícia de racismo. “PM me escolheu porque eu era o único negro”, disse ele ao blog Outro Brasil.
 
NO TWITTER:
@blogOutroBrasil
 

NO FACEBOOK: