tag:blogger.com,1999:blog-31872100531210346182024-03-12T22:49:13.634-03:00OUTRO BRASILjornalismo, geografia, literatura, cinema. Utopia, resistência.
'Indignem-se!' (Stéphane Hessel). 'Nem tudo é sórdido' (Ernesto Sabato - 1911-2011)Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.comBlogger213125tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-2303184343504321942015-10-12T07:33:00.000-03:002015-10-12T10:38:30.012-03:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-size: x-large;">Esquerda modista não está nem aí para novo Amarildo </span></i><br /><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho">@alceucastilho</a>)</span></span> </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Quem
lamentará o destino do frentista João Paulo? Ele está desaparecido
desde o dia 30 de setembro. Câmeras registram o momento em que três
policiais militares de Fortaleza o colocam na viatura. Nunca mais foi
visto. <br /><br />O caso é similar ao do pedreiro Amarildo, no Rio.
Amarildo Dias de Souza, morador da Rocinha, foi detido na porta de sua
casa, em julho de 2013, para ser levado à sede da Unidade de Polícia
Pacificadora. Sumiu. <br /><br />João Paulo de Sousa Rodrigues possuía um
sobrenome – Sousa – idêntico ao de Amarildo. Este, Souza. Com “z”. Mas
sem que seu sequestro pelo próprio Estado tenha gerado alguma comoção.
Mesmo tendo sido noticiado pelo Jornal Nacional:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/10/tres-policias-suspeitos-sao-presos-por-desaparecimento-de-frentista-no-ceara.html
<br /><br />Por anos pensamos e escrevemos que a falta de notícias nos
principais veículos de comunicação era um problema central na
perpetuação de nossa desigualdade. “Ah, se todo mundo soubesse...” Mas e
quando um caso importante vira notícia no principal jornal da Globo e
passa despercebido? <br /><br />O título deste artigo se refere à
indiferença específica da esquerda modista. Essa Esquerda Amarildo
Guarani Kaiowá, com suas indignações sazonais, seu culto a ondas
meméticas de suposta conscientização e comiseração coletiva. Esquerda
movida a arroubos. Modinha. Engraçadinha. <br /><br />Claro que o
desaparecimento de um cidadão sob as asas do Estado não deveria ser um
tema apenas daqueles que se consideram de esquerda. Qualquer um com um
mínimo de noção democrática deveria estar perplexo. (Imaginem se o filho
de um governador tivesse sido sequestrado.) <br /><br />Longe disso: João
Paulo continua invisível. Se nem aqueles mais acostumados a denunciar a
violência policial, ou os mais cientes de que há um genocídio da
juventude pobre (e negra), dão a ele alguma atenção, o que esperar dos
demais? Apenas shows adicionais de despolitização. <br /><br />A não ser que
a foto de João Paulo se torne um meme. Ou quando ela ganhe gradações
cromáticas, quando for veiculada sua foto como criança. Quando criarem
uma hashtag muito legal. #cadêJoãoPaulo #ondeestáJoãoPaulo
#somostodosfrentistas <br /><br />Ou os manifestantes de 2013 apenas surfaram na imagem de Amarildo?</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-y0eFR6Wx6kc/Vhuun1KuwII/AAAAAAAAApA/COHmj1LHxnk/s1600/jo%25C3%25A3opaulo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-y0eFR6Wx6kc/Vhuun1KuwII/AAAAAAAAApA/COHmj1LHxnk/s320/jo%25C3%25A3opaulo.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />Outra
pergunta: o que o governador Camilo Santana (PT) tem a dizer sobre o
desaparecimento do frentista? (Desta vez não foi a polícia do Cabral.
Nem a do Pezão. Já tivemos Copa e o governador pertence ao Partido dos
Trabalhadores.) <br /><br />Algo está muito invertido neste país. É mais
fácil vermos uma pichação racista no banheiro de uma universidade
paulistana ser replicada – divulgando a mensagem do racista – do que
indagações sobre o desaparecimento de um jovem. Que nem sabemos se ainda
está vivo. <br /><br />João Paulo morreu de antemão. Simbolicamente.
Duplamente sequestrado, em plena democracia (essa espécie de democracia
do entretenimento), por policiais cearenses e por nossa insustentável
frivolidade.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">LEIA MAIS:</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><a href="http://alceucastilho.blogspot.com.br/2015/08/uma-democracia-com-grupos-de-exterminio.html" target="_blank">Uma democracia com grupos de extermínio. Em Osasco somente? Não. Por todo o país</a></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-55365130826666298642015-08-19T09:26:00.002-03:002015-08-20T05:18:21.508-03:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-size: x-large;">Como os jornalistas devem cobrir a política de extermínio?</span></i></span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">por ALCEU LUÍS CASTILHO <span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho">@alceucastilho</a>)</span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Acabo de ver o Profissão Repórter de ontem, sobre chacina em Osasco/Barueri. Após recomendações. Infelizmente, porém, constato que Caco Barcellos - um jornalista que respeitamos - desta vez errou na mão. Conseguiu uma boa notícia: houve outra chacina na região, uma semana antes dessa que teve repercussão nacional. Mas a reportagem resvala em um sensacionalismo que não é próprio do repórter. <a href="http://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2015/08/osasco-teve-serie-de-assassinatos-dias-antes-de-chacina-que-matou-18.html">http://g1.globo.com/…/osasco-teve-serie-de-assassinatos-dia…</a><br /><br /> Os primeiros 25 minutos têm muito sangue, exploração excessiva da dor dos parentes. Há momentos que poderiam estar naqueles pseudojornais (Band, Record) do fim de tarde. Chega a ser constrangedor ver um dos melhores jornalistas do país permitir uma edição como essa, meio que na linha aqui-e-agora. Essa superficialidade é agravada pela característica do próprio programa, onde os repórteres também se tornam personagens. Não era o caso. <br /><br /> Há um problema metodológico na abordagem. Sim, jornalismo também tem método. Ou pelo menos deveria. E o problema é que a notícia não estava somente na exploração dos cenários do crime, onde nem sempre as pessoas se sentem à vontade para falar o que gostariam. Lembremos que estamos falando de grupos de extermínio. Quem nas periferias pode dizer tudo o que pensa?<br /><br /> A notícia está na perspectiva histórica. No fato de crimes como esse se sucederem ao longo do tempo, sem punição adequada. E sem comoção nacional. Está no fato de que teremos outros episódios similares. Está na cobrança do poder público pela falta de apuração, e pela participação central de policiais nos crimes. A dor dos parentes e a história dos mortos deveria compor uma história maior - se queremos mesmo respeitar essa dor e essas biografias.<br /><br /> A Câmara acabou de ter uma CPI do Extermínio da Juventude Negra. Com recomendações ao poder público. Por que não repercuti-la? Tempo para apuração, havia. Em 2006 tivemos uma CPI do Extermínio no Nordeste. Muito pouco, se pensarmos que os grupos de extermínio agem - como mostrei no sábado - em todas as Unidades da Federação: <a href="http://alceucastilho.blogspot.com.br/2015/08/uma-democracia-com-grupos-de-exterminio.html">http://alceucastilho.blogspot.com.br/…/uma-democracia-com-g…</a>. Cabe aos jornalistas amplificar e contextualizar esse tipo de informação.<br /><br /> A Globo tem estrutura para isso. E um jornalismo (apesar de tudo) melhor que o das concorrentes. Caco Barcellos é exatamente um dos caras mais indicados para a tarefa. Mas, desta vez, não fez jus à carreira brilhante. Parece acomodado. Não há coragem, Caco, em expor litros de sangue na calçada. Você sabe disso. E sim em colocar em evidência a participação de policiais civis e militares num pacote de crimes (não se trata apenas de vingança) que resultam nas execuções. <br /><br /> Faltou ouvir especialistas em segurança pública. E em execuções. Faltou ouvir o governo estadual. Faltou ouvir as <a href="https://www.facebook.com/maes.demaio">Mães de Maio</a>. Faltou convidar a turma da Ponte Jornalismo, que entende do assunto. A pena de morte instantânea está institucionalizada no Brasil. E convida os jornalistas brasileiros a uma cobertura mais sistemática, com a mencionada perspectiva histórica. Menos choro e menos vela, e mais jornalismo analítico, investigativo. Menos show, mais ousadia.<br /><br /> A escravidão foi supostamente abolida em 1888. Os tataranetos dos escravos continuam a ser regularmente executados. E precisamos de novas abolições: da tortura, do extermínio, da violência policial. Que é movida não só por desejos tresloucados de vingança, mas também por interesses econômicos. Pelo crime organizado - aquele com farda e distintivo. Sem a participação responsável e corajosa de jornalistas, nada feito. Seguiremos sendo cúmplices.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">LEIA MAIS:</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><a href="http://alceucastilho.blogspot.com.br/2015/08/uma-democracia-com-grupos-de-exterminio.html" target="_blank">Uma democracia com grupos de extermínio. Em Osasco somente? Não. Por todo o país</a></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-84507130992724200162015-08-15T15:47:00.003-03:002015-08-19T09:27:18.681-03:00<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}">
<span style="font-size: x-large;"><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Uma democracia com grupos de extermínio. Em Osasco somente? Não. Por todo o país</span></i></span><br />
<br />
por ALCEU LUÍS CASTILHO <span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho">@alceucastilho</a>)</span><br />
<br />
Segue um exemplo (entre muitos outros) por Unidade da Federação. Boa parte das notícias é de 2015.<br />
<br />
<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}">
ACRE. "Agentes penitenciários denunciam ação de grupo de extermínio". <a href="http://bit.ly/elance_webhttp://agepen-ac.blogspot.com.br/2015/02/agentes-penitenciarios-denunciam-acao.html" rel="nofollow" target="_blank">http://bit.ly/…/…/agentes-penitenciarios-denunciam-acao.html</a> (2015)<br />
ALAGOAS. "Integrante de grupo de extermínio chefiou Guarda Municipal". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Ftnh1.ne10.uol.com.br%2Fnoticia%2Fpolicia%2F2015%2F07%2F01%2F326230%2Fpilar-integrante-de-grupo-de-exterminio-chefiou-guarda-municipal&h=MAQFO8bU3AQFeg1PvvzG3MIfZ5aoKkePe8AhcY470be1Q3Q&enc=AZOTK4xuIy16DaNvbCLGuRpIHELiIZd7Ihzk8O9orEEoIssed2Lwn3Y-gV9K9BMvrU5j1a455aZPdNizYFxT614ZZgdXDF7gUAwmPDjEm0mGulFcXaTSAUwArgTLqJB6FVjovTA3jakXQd2mZ1byYwzxfmmnAEffBbI4RBenpzjFYhJJUw3G1sQ821MrTm_DAdhn4ygdKSc21fG7cQ_wtpEW&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://tnh1.ne10.uol.com.br/…/pilar-integrante-de-grupo-de-…</a> (2015)<br />
AMAPÁ. "Prisão de comerciantes revela existência de grupo de extermínio de assaltantes". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fg1.globo.com%2Fap%2Famapa%2Famapa-tv%2Fvideos%2Ft%2Fedicoes%2Fv%2Fprisao-de-comerciantes-revela-existencia-de-grupo-de-exterminio-de-assaltantes%2F2670032%2F&h=TAQGXqVx8AQFPZMP_uJNB2Y_a7MxmAcWn5KP-Oi7bR0wjSA&enc=AZOpBbq3xkYXZty9IeK7C9GWQqTHBfrNoEhEm-Zfih5sxd6jTWeVYxX8CrtVqSrjApmyVmzkILXwtnTvDtkj8JJSWurTXJ6FcK7s7dDGL4br_toDVEZSkJu1Gjks9nAi1msbUubKPRMK8U90vp0kkxH6Re66DbCvOFsNoJ5U7B_t1F46sRNSqbXjlXHWpNt_cZSKpocUAJijgeQrFaALty_d&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://g1.globo.com/…/prisao-de-comerciantes-revel…/2670032/</a> (2013)<br />
AMAZONAS. "Grupo de extermínio liderado por policial militar reformado é preso". <a href="http://acritica.uol.com.br/manaus/Manaus-Amazonas-Amazonia-exterminio-liderado-policial-reformado-DEHS_0_1319868013.html" rel="nofollow" target="_blank">http://acritica.uol.com.br/…/Manaus-Amazonas-Amazonia-exter…</a> (2015)<br />
BAHIA. "Jovens negros na mira de grupos de extermínio". <a href="http://apublica.org/2013/07/jovens-negros-na-mira-de-grupos-de-exterminio-na-bahia/" rel="nofollow" target="_blank">http://apublica.org/…/jovens-negros-na-mira-de-grupos-de-e…/</a> (2013)<br />
CEARÁ. "Há grupo de extermínio dentro da PM do Ceará". <a href="http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/capitao-wagner-ha-grupo-de-exterminio-dentro-da-pm-do-ceara/" rel="nofollow" target="_blank">http://blog.opovo.com.br/…/capitao-wagner-ha-grupo-de-exte…/</a> (2012)<br />
DISTRITO FEDERAL. "Polícia do DF investiga participação de PMs em morte de três jovens". <a href="http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2012/01/policia-do-df-investiga-participacao-de-pms-em-morte-de-tres-jovens.html" rel="nofollow" target="_blank">http://g1.globo.com/…/policia-do-df-investiga-participacao-…</a> (2012)<br />
ESPÍRITO SANTO. "Polícia investiga volta da Le Cocq". <a href="http://www.folhavitoria.com.br/policia/blogs/rondadacidade/2015/01/22/policia-investiga-volta-da-le-coq-no-espirito-santo/" rel="nofollow" target="_blank">http://www.folhavitoria.com.br/…/policia-investiga-volta-d…/</a> (2015)<br />
GOIÁS. "Rodrigo Janot vai acompanhar investigações de grupos de extermínio". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.correiobraziliense.com.br%2Fapp%2Fnoticia%2Fcidades%2F2015%2F05%2F08%2Finterna_cidadesdf%2C482435%2Frodrigo-janot-vai-acompanhar-investigacoes-de-grupos-de-exterminio-em.shtml&h=wAQGumGKrAQEwfa8VJBEVG9JeUfc5wKSyc36pUIhoeUXufA&enc=AZMKcktqAYQNClijYdTtIr6AIdYG1iaerPuKHPYyx-vDIqX4Ypv2sa3DhAAF5PpxYqM1AXvCWRlm43HRsXR77_J4QZcJkcEfmnmcdiEWoCcwH6fY0y6jxixIkFWD9JL4tCubWLDn1Afg17cFIIgXNaYfzlOGEJV1LuPiipvcIwYcZ_WSP7QjV6jilpy2HofX1zYBZTr9RjFVRdd0CQ3G8rg7&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://www.correiobraziliense.com.br/…/rodrigo-janot-vai-ac…</a> (2015)<br />
MARANHÃO. "Quilombolas denunciam grupos de extermínio". <a href="http://www.palmares.gov.br/?p=12334" rel="nofollow" target="_blank">http://www.palmares.gov.br/?p=12334</a> (2011)<br />
MATO GROSSO. "Polícia também investiga grupo de extermínio em Sinop; Sete são baleados em menos de uma hora". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.hipernoticias.com.br%2Fcidades%2Fpolicia-tambem-investiga-grupo-de-exterminio-em-sinop-sete-sao-baleados-em-menos-de-uma-hora%2F47165&h=_AQG7i8p2AQF22bGR9JrjDmFS5Q9NCcYwJUjRML_VuPYu6g&enc=AZNEFQ1h6tHFwH8YdZhDYO-Kq3PYcTdl_-kp-57xpwrBrJwXg4qS7Jl-6vdzdrUKIu0BQvlOYFcWEG8B4lURhntkcE39Y2EEeUVV85HZBkcyAcu-MWWCsR7piitiKqnCqqFsYcfkoO3pnbP0R8I6m9dkukhT0WTtlWM8nMzoo_psGcFzZ5a04HDIPvn7WsQ9muINJUQfQX8f81Ryzt57BC7-&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://www.hipernoticias.com.br/…/policia-tambem-inve…/47165</a> (11 de agosto de 2015)<br />
MATO GROSSO DO SUL. "Coronel da PM suspeito de mortes é vereador". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww1.folha.uol.com.br%2Ffsp%2F1997%2F8%2F24%2Fcotidiano%2F30.html&h=AAQF5gY6bAQGUraDdiNqgSdzG5Q7Rq65mUKIWCjFUBYqfWg&enc=AZOjAKLvGGn-gUzPnb8MYUhqjoFx6rY5HCBqSCKHFN-NAZXTR8H_31YJ4bj_KxP-kg1GP_b3PkqLC_p9OO-NzEiB5HluVr14HuR05RJVPvScHa33GoMMvWMrQwu6w7yZ05Ej8KB-nMf-exyYXT_i3qJrnEy7ScUaHZMILG-X0Ij9OWv_BngF-nDJfLLYSF0UNlc7MOjUoZUJb21Ec2o8dbsi&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/8/24/cotidiano/30.html</a> (1997)<br />
MINAS GERAIS. "PM eleito vereador é preso suspeito de chefiar grupo de extermínio". <a href="http://g1.globo.com/mg/vales-mg/noticia/2013/10/pm-eleito-vereador-e-preso-suspeito-de-chefiar-grupo-de-exterminio.html" rel="nofollow" target="_blank">http://g1.globo.com/…/pm-eleito-vereador-e-preso-suspeito-d…</a> (2013)<br />
PARÁ. "PMs são acusados de facilitar trabalho de grupo de extermínio no Pará". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww1.folha.uol.com.br%2Fcotidiano%2F2015%2F04%2F1618241-pms-sao-acusados-de-facilitar-trabalho-de-grupo-de-exterminio-no-para.shtml&h=zAQGL9WzYAQG-cZO8u1x5hlL6HX_BeIUD0-TnPVmKPHClnA&enc=AZOWFwHqOPUW6OS13_3B-DM2YFOkDxrqs8PoY8QbvGcuT08qAAUynqAml_XUtBZwUz_HaKn7vHMqZiz9JBZsqJ79OT1PJ4G_QJIJZbpg0KKFV2E7IQ5FsA8EerHQcqlp9DE-ZD1cDMu67pdh4lw--uACcXk5ZwjdaPbqtzcQBSmqtt2Lxe-f1xdGgktmgCHqOWGM2JV7arIG188lHBBjkehy&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://www1.folha.uol.com.br/…/1618241-pms-sao-acusados-de-…</a> (2015)<br />
PARAÍBA. "Grupo de extermínio intimida Júri na Paraíba". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fcolunaesplanada.blogosfera.uol.com.br%2F2014%2F02%2F01%2Fcaso-manoel-mattos-na-paraiba-mostra-a-justica-intimidada%2F&h=QAQEXEvFLAQG6ZaUa8JcRExYwDXTbkowZkzfNLfCbt5BFtw&enc=AZM7fM-_bjrzpHK8gbOlhGMTDPBP_8TlQnJqCrL2_TP29lHcCKjr7uGtU0fz5l_yGlCP_hg1_RCIaMaEVWNCrGS98tqVaOMhlZlO6G3IX8Psr_-Rss6_EBQIdG-UGxy1I6KW40C9pF4qa3Y9Wr1vkI_CnTCjcpNauNVZi4gYcX7OFVYiIxkv8MVbyxma2sKD-qIt1gGI3cSdR4dmmXDvBDhK&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://colunaesplanada.blogosfera.uol.com.br/…/caso-manoel…/</a> (2014)<br />
PARANÁ. "PMs de Curitiba são presos suspeitos de formar grupo de extermínio". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fg1.globo.com%2Fpr%2Fparana%2Fnoticia%2F2014%2F12%2Fpms-de-curitiba-sao-presos-suspeitos-de-formar-grupo-de-exterminio.html&h=SAQFzQd2oAQEgP6Kwoe5gONlEtzcGwOB2ed7f76WEw4NHaw&enc=AZMd-1ft4kx2cbURZvHwwAlw9reRAPT6JxNxEwCC1aXkHPm5COa-brRBYDnKrOnt7urTLRld16Zcg2rl6TTeT2r3k41YwrnWNjIBzVcf7QX0NWFdIhETSa6EqUdR7uPoXuf4pXJsi38uU-c_kD-yf8uBLWLQZim_1PHIaiLqNt50fAMgWRnqeyrhKmtgb_MgmtTYhnpoX5qj_Rb9kvEWacC6&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://g1.globo.com/…/pms-de-curitiba-sao-presos-suspeitos-…</a> (2014)<br />
PERNAMBUCO. "Três PMs são presos por integrar grupo de extermínio no Sertão de PE". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fg1.globo.com%2Fpernambuco%2Fnoticia%2F2015%2F05%2Ftres-pms-sao-presos-por-integrar-grupo-de-exterminio-no-sertao-de-pe.html&h=5AQFtkY6WAQH5ekkrdTFQ68mxS2xMOByyX04Dm_SNztfKaw&enc=AZPVRLc0ep-grps7joYsSNBYpoWwLGjxq8SdPT9PLSo3m94rC_u48k0GBbzmfs_uGJPoy-YKD-pA3yo4RbMTaLkphcchoGYOwNSzAyKXIzgXqKxn343pdyloYsDscYWgTU_bwtm6lpxIT38UMygJiOc_DbZonghqDICNwuuG_my0TUpsU1cJ220c_n260hjHJf53C9-3ZhYAD2pt_TXSyDKR&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://g1.globo.com/…/tres-pms-sao-presos-por-integrar-grup…</a> (2015)<br />
PIAUÍ. "Grupo de extermínio pode estar agindo em Teresina e envolvido na morte de Eduardo Oliveira". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.meionorte.com%2Fblogs%2Fagora%2Fgrupo-de-exterminio-pode-estar-agindo-em-teresina-e-envolvido-na-morte-de-eduardo-oliveira-313718&h=SAQFzQd2oAQHMnahqB_Avrs7ZmHWNb-K7r2cEEN6xSSh3ag&enc=AZOnVvUZngU689xeCNsUthquoAF6A2Pfjm1CIFCoO2tVIi0zxeUMp5mgrAzeMI8PbC4yOeNhbOYWiruhZ0c-_PBjZ2J1P8gUDGJSsbE3g7vgL2KeUlBLGwX2UAGwLm8BmGaBWAIrfP_z47PJ-vqyvFGrWkTyIlg17mCrkOvtSBY5p-zv52az-MwIC978-g99U1CJT-p2hN4Dn4slcqNTvIU_&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://www.meionorte.com/…/grupo-de-exterminio-pode-estar-a…</a> (2015)<br />
RIO DE JANEIRO. "Grupo de extermínio era financiado por centrais de 'gatonet', diz PF". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fg1.globo.com%2Frio-de-janeiro%2Fnoticia%2F2010%2F09%2Fgrupo-de-exterminio-era-financiado-por-centrais-de-gatonet-diz-pf.html&h=HAQFgbGksAQFVHYKqimgfSTwQjJyd9dUZzb0J6KYOMTASYQ&enc=AZNlD_CboOpn1RLmsRtqeR8z58yWthLY_HwxhgLXRar3wBA62fWaNevx6QAgMKeu0Qz--vVWwj9IkCig06Dt_ROy4X5ZVUiZc7O9flarNnn5i3gKZj5sH8k0FeTOGNxBPdH_sVo9iOtmdHFMOaSlKP0BObQGOozE1qEgOxUCY3Dla_VDrClAKskqwQHpQjG1ShWmVVn6M-Pao6CL-wg1fLfx&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://g1.globo.com/…/grupo-de-exterminio-era-financiado-po…</a> (2010)<br />
RIO GRANDE DO NORTE. "Dezessete policiais são presos suspeitos de grupo de extermínio no RN". <a href="http://noticias.r7.com/cidades/dezessete-policiais-sao-presos-suspeitos-de-grupo-de-exterminio-no-rn-07082013" rel="nofollow" target="_blank">http://noticias.r7.com/…/dezessete-policiais-sao-presos-sus…</a> (2013)<br />
RIO GRANDE DO SUL. "Júri de ex-PM acusado de integrar grupo de extermínio em Alvorada é cancelado". <a href="http://wp.clicrbs.com.br/casodepolicia/tag/grupo-de-exterminio/?topo=52%2C1%2C1%2C%2C171%2Ce171" rel="nofollow" target="_blank">http://wp.clicrbs.com.br/casodepoli…/…/grupo-de-exterminio/…</a> (2015)<br />
RONDÔNIA. "Latifúndio contrata PMs para exterminar camponeses". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.anovademocracia.com.br%2Fno-63%2F2726-rondonia-latifundio-contrata-pms-para-exterminar-camponeses&h=4AQHLvhaUAQHcbGQdL1YOMmwdQ5ZwMYx421QlcWOHPE9rDQ&enc=AZMhCBkrgYdupMmZl5BKwYyIAX1nYok9y2YYAEILm0nB3b7OPgVz2n60cpYWMiz4S-lHBmUbRAy9t4AxsZRjj0q2RR8fzCFmdWJxeLcO3Q7RWByKs_sHHwbWQQnk6zY2bBc-7GNM0WGFcAe6fEoIQaQBAFVoGXqQFH9YujEnAWa2ZIwef-YFe6_hRqq7G1xgYTgsyeoxaDGWYJCbNIjbloF7&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://www.anovademocracia.com.br/…/2726-rondonia-latifundi…</a><br />
RORAIMA. "Grupo de extermínio pode ser autor das últimas mortes em Boa Vista". <a href="http://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.fatoreal.blog.br%2Fpolitica%2Fassassinatos-em-rr-grupo-de-exterminio-pode-ser-autor-das-ultimas-mortes-em-boa-vista%2F&h=vAQEUyW4gAQH9zLfS_l6c-WWH4aKv398FaQo9u8H_xO7guQ&enc=AZOMiEIQHHYB1d_-4dXkkz_xkb64y-JVsgdvaIO9qrKFpGcpN93XaVGEJa1TalTNuQaJyhLnPb7dfoW-GPV2BobS9zdZFXEsPkS1EHa9jAE2NSPjfpOHS8T3L7bmz-C-YKdwEhjmBFfCZ94ZCEvAvxdmAWWXNVdYJSqAednraU1ygshYv-se9JVeE1-5iO2p8_LezF6oxP-hPWhIg0qXwjcD&s=1" rel="nofollow" target="_blank">http://www.fatoreal.blog.br/…/assassinatos-em-rr-grupo-de-…/</a> (2013)<br />
SANTA CATARINA. "Polícia prende grupo de extermínio que atuava em Chopinzinho". (No Paraná. Mas também em Santa Catarina.) <a href="http://www.diariodosudoeste.com.br/seguranca/2015/04/policia-prende-grupo-de-exterminio-que-agia-em-chopinzinho/1346548/" rel="nofollow" target="_blank">http://www.diariodosudoeste.com.br/…/policia-prend…/1346548/</a> (2015)<br />
SÃO PAULO. "Em cada batalhão da PM tem um grupo de extermínio". <a href="http://racismoambiental.net.br/2012/09/22/em-cada-batalhao-da-pm-tem-um-grupo-de-exterminio/" rel="nofollow" target="_blank">http://racismoambiental.net.br/…/em-cada-batalhao-da-pm-te…/</a> (2012)<br />
SERGIPE. "PF prende 11 suspeitos de integrar grupos de extermínio". <a href="http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/06/26/pf-prende-11-suspeitos-de-integrar-grupos-de-exterminio-em-sergipe.htm" rel="nofollow" target="_blank">http://noticias.uol.com.br/…/pf-prende-11-suspeitos-de-inte…</a> (2015)<br />
TOCANTINS. "Delegado que investigou grupo de extermínio de Grurupi é exonerado". <a href="http://www.t1noticias.com.br/plantao-de-policia/delegado-que-investigou-grupo-de-exterminio-de-gurupi-e-exonerado/46803/" rel="nofollow" target="_blank">http://www.t1noticias.com.br/…/delegado-que-investig…/46803/</a> (2013)<br />
<br />
***<br />
Dica: abra os links e veja nas chamadas as motivações. As redes. Não
seja ingênuo. Não estamos numa luta entre mocinhos e bandidos. O crime
organizado também usa farda. Ou distintivo.<br />
<br />
Pergunta: por que
esse não é um tema prioritário da imprensa? Com cobertura sistemática, e
não ocasional? Editoriais, artigos indignadíssimos, cobrança diária?
Por que tamanha distração?<br />
<br />
Consideração: se você pactua com tudo
isso (de posts na internet a selfies ingênuas), meu amigo, saiba que
essa gente mata qualquer um. Se liga. Osasco é aqui. Brasil.</div>
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a></div>
Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-3854688638414291612015-07-02T08:22:00.003-03:002015-08-15T15:49:24.993-03:00<i><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Carta para a minha filha de 15 anos. (Sobre um país que se reduz.) </span></span></i><br />
<br />
por ALCEU LUÍS CASTILHO <span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho">@alceucastilho</a>)</span><br />
<br />
No seu próximo aniversário você fará 16 anos. Ainda outro dia - ontem mesmo, informam meus olhos angustiados - era uma criança. Poderá votar. E que país receberá? Um país mais seguro? Onde possa caminhar nas ruas sem que seu pai fique intranquilo? Um país mais maduro? Que enfrente seus problemas sem simplismo, em patamares civilizatórios? Mais alegre? Não. Um país com... redução da maioridade penal. Sua geração poderá ser presa, mais do que já é. Eis o legado da minha geração. Um país muito pior do que aquele entrevisto na Constituição. Para trás. Reduzido.<br />
<br />
Escrevo enquanto ouço Mike Oldfield, aquele trecho do "Tubular Bells" que foi parar na trilha do Exorcista. O disco é de 1973. Estávamos na ditadura e o presidente chamava-se Médici. Eu era uma criança. Os jornalistas, naquela época, costumavam ser comunistas. Sonhavam com um país melhor, sem Médicis. Alguns morreram por isso. Outros se venderam. Alguns escrevem (ou editam, tanto faz) textos que dão aval a essa sanha vingativa, a essa lógica do extermínio. Às favas os escrúpulos. Os escrúpulos de consciência, a mínima percepção de que algo diferente teria de passar pela educação. <br />
<br />
Não exorcizamos os nossos males, Helena. O país onde choravam Marias e Clarices não puniu quem tinha de ser punido; anistiou quem não devia. E agora os filhos cegos ou cínicos daqueles senhores de óculos sinistros pregam abertamente a barbárie. Eu e meus amigos (em boa parte jornalistas entristecidos) ajudamos as coisas chegarem a esse ponto, esse ponto que quase parece um ponto do não retorno. Onde teremos de engolir em seco e assistir ao culto ecumênico das serpentes. Os ovos já tiveram tempo de esquentar novamente. E os torturadores não precisam mais da ligação direta dos porões. <br />
<br />
Você que decidiu (aos 10 anos) ser uma psicóloga terá muito trabalho. Atenderá a gerações com camadas de traumas; camadas ditatoriais e democráticas, semi ditatoriais, semi democráticas. Com conquistas aqui e ali, uma ou outra defesa mais sistemática de minorias, em meio a uma guerra civil. Mas gerações herdeiras de um gigantesco marasmo, de um pacto pela mediocridade, um acordo conivente com as mencionadas forças sinistras. Em um país que não reconhece nem os indígenas, que não distribuiu suas terras. Um país, com otimismo, pela metade. Talvez um país reduzido a seu dízimo.<br />
<br />
"E hoje eu canto e choro... num show..." Cantava o mutante Arnaldo Baptista (você sabe o quanto ele é importante para mim) em 1974. O enlouquecido Arnaldo, o visionário Arnaldo, o Arnaldo que se agarra a mundos paralelos para poder enfrentar a realidade. E ele completava, lá naquela obra-prima, o "Loki": "Seria o maior barato tocar seu coração". Sim, Arnaldo, cê tá certo. Mas diz aí, para onde você vai? "Vivo a pensar pra frente. Quando não mais houver... cidaaaaaade". <br />
<br />
Com mil de anos de idade lamentaremos estes tempos sombrios, Helena. Com 16 anos você olhará para mim e ainda saberá - sempre saberá - que não desisto. Mas sim, está sendo difícil processar essa dor (entre outras dores, esta dor específica), a dor de ver um projeto de país fugir por entre os dedos. A paisagem será o grito de Munch. Tocaremos nossos corações, aqueles de uma minoria perplexa, apenas eles.<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a><br />
<br />
LEIA MAIS:<br />
<a href="http://alceucastilho.blogspot.com.br/2012/06/como-eter-uma-filha.html" target="_blank">Como é ter uma filha. Criá-la. Amá-la. E ouvir os disparates do resto da humanidade. </a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-86376442715167294642014-11-24T01:47:00.000-02:002014-11-24T01:49:19.406-02:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-size: x-large;">Kátia Abreu, ministra? "Ah, eu já sabia". Será mesmo?</span></i></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho">@alceucastilho</a>)</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Uma das reações mais curiosas à virtual nomeação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) ao Ministério da Agricultura é a do "já sabia". "Eu já sabia", "todo mundo sabia", e por aí vamos. É um cacoete. Politicamente irrelevante. Ou até mesmo nocivo. Vale para outros temas também. Pode ser apenas um penduricalho, algo que se fala antes do que interessa. Mas também a expressão de derrotismo: já se sabia, todos sabiam, olhem que eu avisei, hem, agora não reclamem. Congela-se no passado (e na cognição) a possibilidade de indignação e mudança.<br /><br /> Que era uma vasta possibilidade, dissemos, escrevemos. Há anos. Só que agora é diferente. Kátia vazou (e Dilma não gosta disso, aliás) que será a ministra. Temos algo palpável. E de um simbolismo atroz. Em 1988, morria Chico Mendes. Foi de novo assassinado em 2012, com a aprovação do novo Código Florestal. Em 2014, enquanto Chico se dirige ao banheiro, em Xapuri, os policiais que deveriam protegê-lo jogando dominó na sala, ele é mais uma vez baleado e morto pela nomeação de Kátia Abreu. Que diz a ele: "Não adianta mais tentar reviver".<br /><br /> Chico Mendes não acredita, claro. Pois cresceu ouvindo que tudo era assim mesmo, que não adiantava lutar contra seringueiro, fazendeiro, pistoleiro. Que a polícia não ia fazer nada mesmo. Que política é assim mesmo. Que era loucura querer mudar tudo isso. Pretensão. Você tem filhos. E a cada convite ao embotamento ele dava aquele sorrisinho, como se dissesse: "Eu sei de tudo isso. Mas a questão é outra". (Ele e Martin Luther King e poucos tinham um sonho. E isso é tão bonito, deveria continuar sendo tomado como algo necessário.)<br /><br /> Leio também que se votou em Dilma já sabendo que o agronegócio (e seus tentáculos) era o calcanhar-de-Aquiles de um discurso à esquerda pela reeleição. Com esse fator, não colava. Neste caso eu discordo. Pois se sabia, mas não se sabia. A maior parte da esquerda enterrou sua cabeça de avestruz no pragmatismo e não quis (por medo do pior, nos melhores casos) reconhecer que se estava jogando a questão agrária para debaixo do tapete, a reforma agrária para o limbo, a vida de indígenas para o céu da indiferença.<br /><br /> O que exatamente já sabíamos? É uma questão filosófica. O que exatamente já sabíamos no momento de tomar uma decisão, ou de olhar para determinado fato? Que parte da realidade pinçamos, enfatizamos? Que aspecto iluminamos (ou não), com mais ou menos conveniência? Que pontos repetimos, que discursos sobre o que sabíamos nós expressamos, escrevemos, escanteamos?<br /><br /> Eu sei que 800 ministros da Agricultura patrocinaram um modelo insustentável de apropriação do território e dos recursos naturais. Sei quem manda. Sei quem domina. Sei e bem sei que com Kátia Abreu em um governo do PT teremos 800 ministros em quatro anos, teremos uma capitulação. E é por isso que não se pode sufocar o grito, asfixiar a revolta, naturalizar o escárnio, deslocar a percepção para um ponto político anterior.<br /><br /> E não, não serão o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Incra e a Funai (estes, diariamente humilhados) que serão contraponto a esse modelo. Soa-me como montar uma salinha de chá para madames no canto de um imenso saloon. Ou como aqueles jovens de Brasília (narrou uma vez Cristovam Buarque) que, em uma lanchonete, jogavam algumas batatinhas ao chão, para que aquelas criaturas famintas as pegassem: crianças.<br /><br /> Eu não sabia de nada. Embora já soubesse. Estou sabendo hoje, ressignificando hoje, pois as batalhas (inclusive as da informação) se vivem diariamente. A cada segundo. Um instante, o mundo. Um instante, a ética. Eu sei que aquele canalha vai atirar aquela batatinha para a criança e vou tentar impedir que ela chegue ao seu destino - ao menos da forma que o canalha escolheu para distribuir seus bens.<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> <br /><br />TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-45525160369389330672014-11-02T14:55:00.000-02:002014-11-02T15:03:10.640-02:00<i><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">O fascismo emergente não é apenas um espasmo exótico</span></span></i><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho">@alceucastilho</a>)</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">A esquerda precisa admitir que é assustador o número de pessoas na rua nessas manifestações de extrema direita, a pedir intervenção militar e o impeachment de uma presidente reeleita há apenas uma semana. Assim como é assustador o número de pessoas que compartilham as fotos e as ideias desses fascistas. Não é apenas mais uma brincadeirinha de ignorantes, meus caros. Eles estão se levando a sério. E arrebatando incautos. A partir da soma das viúvas da ditadura com o sentimento antipetista mais radical, despolitizado e primário.<br /><br /> Os dilmistas mais empedernidos também precisam admitir que ajudaram a chocar esse ovo da serpente, ao radicalizarem contra Marina Silva, permitindo a ressurreição do tucanato - com o substrato de direita inerente à volta do Fla-Flu entre PT e PSDB. Isso significa fazer um mea culpa imediato, emergencial, e cobrar atitudes sensatas daqueles que foram eleitos. Vocês que se precipitaram tanto são também responsáveis por esse... por esse clima.<br /><br /> O Ricardo Mendonça, jornalista da Folha, observou no Twitter que o PSDB precisa ser rápido e se distanciar dessa corja de golpistas. Em respeito à sua história. Mas não é o que parece estar acontecendo. Em Brasília havia um carro de som de um deputado do PSDB, Izalci. Os tucanos começaram a abrigar a bancada da bala. E alimentam o pseudonoticiário de revistas inescrupulosas, como IstoÉ e Veja. Buliram com a credibilidade.<br /><br /> Onde estão os democratas? Por que estão tão calados? Em São Paulo, o deputado eleito Eduardo Bolsonaro (PSC), eleito com os votos de Marco Feliciano, discursou e falou que, caso seu pai fosse candidato, teria "fuzilado" Dilma Rousseff. Ora, é preciso haver reação imediata. Processo nele. E em qualquer liderança que coloque em risco a democracia. Em caso de incitação ao crime, mais do que isso.<br /><br /> SILÊNCIO E HISTÓRIA<br /><br />Será mesmo o silêncio a a melhor estratégia? A história da humanidade é a história de ditaduras e teocracias, de democracias extremamente imperfeitas e apenas eventuais. Na América Latina, em história recente, tivemos golpe em Honduras, no Paraguai (apoiado por nossa mídia estúpida), quase tivemos na Venezuela (comemorado por essa mesma imprensa venal). E a história do Brasil não é a mais abonadora a respeito.<br /><br /> Por que, então, agirmos como avestruzes, como se não estivesse acontecendo nada? O que exatamente garantiria um estado permanente de democracia em nosso país, além de nossos vastos e bem intencionados desejos? Nossas "honradas e sólidas" instituições? Mas quais, exatamente? Essa Justiça e esse Congresso de decisões casuísticas, de indignações oportunistas, movidas pelas pautas da mencionada imprensa golpista?</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />Vale lembrar que, durante os protestos de 2013 em São Paulo, sindicalistas, sem-terra e outros manifestantes ficaram acuados em plena Avenida Paulista por uma horda de fascistas. Estes saíram quebrando bandeiras vermelhas, ou que não fossem do Brasil. Houve ameaças e agressões. Os manifestantes de esquerda ficaram isolados, fizeram um cordão. Por incrível que pareça, black blocs foram os responsáveis por não ter havido uma tragédia - ao protegerem os movimentos institucionalizados. Pouca gente percebeu os sinais. E as eleições acabaram colocando mais lenha na fogueira.<br /><br />REPENSANDO A AGENDA<br /><br /> Sou crítico de políticas apenas reativas. Acho que a esquerda se moveu demais, nos últimos tempos, em torno de Felicianos e quetais, ajudando a promovê-los, e com dificuldades imensas de emplacar os próprios temas, as próprias reivindicações. Da mesma forma que considero um erro se mover apenas em função do que os ruralistas aprontam no Congresso, de forma a se conquistar apenas (quando muito) a retirada de bodes na sala. Correndo atrás do prejuízo.<br /><br /> Sim, acho que deveríamos estar promovendo as discussões de longo prazo (vítimas de sucessivas tentativas de assassinato durante esse último debate eleitoral emburrecedor). Como a questão agrária, o modelo de consumo, o modelo de mobilidade urbana, de ocupação do território, as causas primeiras da violência. A questão ambiental, mãe da crise hídrica. Não deveríamos esquecer dos indígenas, de todos os povos tradicionais que seguem sendo vítimas desse modelo econômico suicida.<br /><br /> Mas este é um momento de admitir que falhamos em tudo isso. Erramos. Fracassamos. (Lembro-me aqui da ideia do "pacto entre derrotados", do Ernesto Sabato.) E, portanto, precisamos, ainda que em paralelo com as discussões listadas acima, colocar de vez em pauta essa explosão de obscurantismo, esses lobões e lobófilos lombrosianos, esses discursos do ódio, essa defesa abjeta da tortura, do golpe, da morte, a morte do sistema, a morte como sistema.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-90465275974267863012014-10-28T20:04:00.002-02:002014-11-02T14:56:21.573-02:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-size: x-large;">Leilão da Resistência elege governador do MS e dez deputados </span></i><br /><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO (<a href="https://twitter.com/alceucastilho">@alceucastilho</a>) *<br /><br /> Lembram-se do Leilão da Resistência, no Mato Grosso do Sul, no fim do ano passado? Destinado a arrecadar verbas para os ruralistas, contra a demarcação de terras indígenas.<br /><br />O que aconteceu com os políticos que dele participaram?<br /><br />Um deles foi eleito governador: Reinaldo Azambuja (PSDB).<br /><br />Vejamos este texto: "Entre as personalidades que mais aparecem na mídia local que, possuem cargo público, e com certeza estarão disputando as urnas, estavam presentes Carlos Marun, Nelsinho Trad, Thereza Cristina Corrêa da Costa, Fábio Trad, Luiz Henrique Mandetta, Reinaldo Azambuja, Mara Caseiro, Márcio Fernandes, Jerson Domingos, Junior Mochi, Zé Teixeira, Márcio Monteiro". http://www.diariocg.com.br/noticias-ler/leilao-da-resistencia-teve-de-luxo-a-politico-interesseiro/21223<br /><br />E agora vejamos os deputados federais eleitos no MS, com os votos de cada um:<br /><br />Zeca (PT): 160.556<br />Carlos Marun (PMDB): 91.816<br />Geraldo Rezende (PMDB): 87.546<br />Tereza Cristina (PSB): 75.149<br />Vander Loubet (PT): 69.504<br />Luiz Henrique Mandetta (DEM): 57.374<br />Marcio Monteiro (PSDB): 56.441<br />Dagoberto Nogueira (PDT): 54.813<br /><br />Marun, Thereza, Mandetta e Monteiro foram eleitos para a Câmara.<br /><br />Junior Mochi (PMDB), Mara Caseiro (PTdoB), Márcio Fernandes (PSDB) e Zé Teixeira (DEM) foram eleitos para a Assembleia. A família Trad também elegeu Marquinhos Trad (PMDB) deputado estadual. Jerson Domingos não concorreu à reeleição. Mas elegeu aquele que gostará de ver como seu sucessor na presidência da AL-MS, Mauricio Picarelli (PMDB).</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i>* autor do livro Partido da Terra – como os políticos conquistam o território brasileiro (Editora Contexto, 2012)</i></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-17783072704415848372014-09-24T11:17:00.000-03:002014-09-24T11:22:55.766-03:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-size: x-large;">27 favoritos para o Senado possuem R$ 480 milhões </span></i><br /><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">(</span><a href="https://twitter.com/alceucastilho" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;" target="_blank">@alceucastilho</a><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">) *</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Quase
meio bilhão de reais. Mais precisamente, R$ 480.936.788,76. Esse é o
total de bens declarados pelos 27 candidatos que lideram as pesquisas ao
Senado. Na média, R$ 17,8 milhões cada um. Dois terços deles são
milionários. <br /><br />É bem verdade que um dos candidatos puxa a média
bem para cima. É o tucano Tasso Jereissati, empresário, ex-governador do
Ceará, que tenta voltar ao Senado. Ele declarou à Justiça Eleitoral,
sozinho, R$ 389 milhões. Sem ele, a média seria de R$ 3,37 milhões. <br /><br />Vejamos o total de bens desses 27 políticos, conforme declarado por eles mesmos ao Tribunal Superior Eleitoral: <br /><br />– Tasso Jereissati (PSDB-CE). R$ 389.019,698,60<br /> – Fernando Collor (PTB-AL). R$ 20.308.319,48<br /> – Acir Gurgacz (PDT-RO). R$ 10.913.706,83<br /> – José Maranhão (PMDB-PB). R$ 8.830.629,26<br /> – Wellington Fagundes (PR-MT). R$ 8.666.604,04<br /> – Ronaldo Caiado (DEM-GO). R$ 7.232.461,92<br /> – Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). R$ 5.971.124,61<br /> – Kátia Abreu (PMDB-TO). R$ 4.131.891,79 <br /> – Wilson Martins (PSB-PI). R$ 3.093.163,14<br /> – Álvaro Dias (PSDB-PR). R$ 2.912.001,70 <br /> – Reguffe (PDT-DF). R$ 2.793.650,22 <br /> – Maria do Carmo (DEM-SE). R$ 2.434.303,97 <br /> – Lasier Martins (PDT-RS). R$ 1.999.326,91<br /> – Omar Aziz (PSD-AM). R$ 1.650.485,60 <br /> – Simone Tebet (PMDB-MT). R$ 1.575.566,39<br /> – José Serra (PSDB-SP). R$ 1.553.822,22 <br /> – Romário (PSB-RJ). R$ 1.311.189,82 <br /> – Anchieta (PSDB-RR). R$ 1.157.437,41 <br /> – João Paulo (PT-PE). R$ 999.244,47<br /> – Rose de Freitas (PMDB-ES). R$ 988.566,00<br /> – Paulo Bornhausen (PSB-SC). R$ 677.972,59<br /> – Antonio Anastasia (PSDB-MG). R$ 562.000,00<br /> – Fátima Bezerra (PT-RN). R$ 558.000,00<br /> – Gladson Cameli (PP-AC). R$ 514.392,07<br /> – Gilvam Borges (PMDB-AP). R$ 408.400,00<br /> – Gastão Vieira (PMDB-MA). R$ 405.037,96<br /> – Paulo Rocha (PT-PA). R$ 267.791,76 <br /><br />A lista dos líderes nas pesquisas foi elaborada a partir de levantamento feito pelo jornalista <a href="http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2014/09/22/pmdb-pt-e-psdb-devem-continuar-a-dominar-senado-em-2015/" target="_blank">Fernando Rodrigues</a>, no UOL, que por sua vez se baseou nas últimas pesquisas eleitorais. Confira <a href="http://imguol.com/blogs/52/files/2014/09/senado-tabela22set2014.png" target="_blank">aqui</a> a disputa para o Senado nos 26 Estados e no Distrito Federal, com a intenção de voto dos principais candidatos. <br /><br />UM SENADO RURALISTA <br /><br />A
lista tem empresários e donos de vastas extensões de terra. As ações de
Tasso Jereissati em uma só empresa, a Jereissati Participações, somam
quase R$ 73 milhões. A família é dona da rede de shoppings Iguatemi. <br /><br />A
maior parte desses favoritos na corrida ao Senado é defensora do
agronegócio. Somente o senador Acir Gurgacz (PDT-RO), candidato à
reeleição, registrou a propriedade de mais de 31 mil hectares de terra. O
ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), quase 8 mil hectares. O líder
ruralista Ronaldo Caiado (DEM-GO) registrou 3.539 cabeças de gado. (A
pecuarista Kátia Abreu, do PMDB de Tocantins, nenhuma.) <br /><br />Quatro
entre esses 27 políticos têm também concessão de meios de comunicação. O
senador Fernando Collor (PTB-AL) possui duas rádios e uma televisão. O
deputado federal Wellington Fagundes (PR-MT), uma televisão – com
empresa inativa. O ex-governadores José Maranhão (PMDB-PB) e Wilson
Martins (PSB-PI), uma rádio cada. Isso sem contar os parentes: o pai de
Acir Gurgacz, Assis, seu atual suplente (que tem um patrimônio de R$ 86
milhões e não concorre à reeleição porque foi considerado ficha-suja), é
dono de televisão. <br /><br />Nem sempre os candidatos ostentam riqueza.
Gurgacz registrou um Rolex Daytona Herren-Chronograph no valor de R$ 22
mil. Ele e Maranhão declararam a propriedade de aeronaves, por R$ 520
mil e R$ 120 mil. Collor declarou mais de R$ 2 milhões em apenas seis
carros: R$ 133 mi (Kia Carnival), R$ 180 mil (Toyota Land Cruiser), R$
323 mil (Citroen), R$ 343 mil (Mercedes), R$ 556 mil (Ferrari
Scaglietti) e R$ 714 mil (BMW). <br /><br /><i>* autor do livro Partido da Terra – como os políticos conquistam o território brasileiro (Editora Contexto, 2012)</i></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">LEIA MAIS:</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><a href="http://alceucastilho.blogspot.com.br/2014/08/os-dez-mandamentos-de-um-debate.html" target="_blank">Os dez mandamentos de um debate eleitoral sórdido</a> <a href="http://Kátia Abreu declara R$ 4 milhões; filho Irajá, R$ 5,7 milhões" target="_blank">Kátia Abreu declara R$ 4 milhões; filho Irajá, R$ 5,7 milhões</a></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-30467098082538076232014-09-19T18:35:00.005-03:002014-09-19T18:48:57.597-03:00<i><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Execução de camelô é símbolo da institucionalização midiática da barbárie</span></span></i><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">(</span><a href="https://twitter.com/alceucastilho" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;" target="_blank">@alceucastilho</a><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">)</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Estou impressionado com o
silêncio em relação à execução de um camelô, ontem, durante mais uma
ação tresloucada da polícia paulista. Ele se chamava Carlos Augusto
Muniz Braga. <a href="http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fbrasil.elpais.com%2Fbrasil%2F2014%2F09%2F19%2Fpolitica%2F1411145496_388544.html&h=DAQHRG67d" target="_blank">Tinha 30 anos</a>.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Os jornais paulistas deram o tema de
forma discretíssima. Com chamadas telegráficas de capa. Muito aquém da
importância do episódio, que gerou sucessivas barricadas em protestos de
comerciantes contra a polícia.</span><br />
<br />
<div class="text_exposed_show">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> E
que teve um homem morto. Sim, um homem que trabalhava no comércio
informal. E que não deveria levar o rótulo de "pirata". Piratas são os
grandes contrabandistas. Não aquele que vende algo para sobreviver. Não o
Carlos.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Evidente que, se a decisão do poder público (com prioridade
questionável) é combater a pirataria, enfrentar camelôs constitui o
método menos eficiente possível. Retirar mercadorias que serão repostas
significa enxugar gelo. Com a violência contra trabalhadores como consequência.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Não fosse covarde, a polícia (a Secretaria de Segurança Pública, o governador) estaria investigando, no mínimo, os grandes depósitos de mercadorias. Antes deles, a rota do contrabando<span class="text_exposed_show">. E os contrabandistas de colarinho branco. Vários deles, bem conhecidos.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Somente uma sociedade muito ingênua - ou com má-fé -
pode achar que esse tipo de operação pode acabar com o crime organizado. Se falamos de enxugar gelo podemos também falar do mito de Sísifo - aquele que
tinha de empurrar uma pedra até o topo da montanha, de onde ela rolava
de volta.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Jornalistas costumam ser bons propagandistas de tarefas
de Sísifo - intermináveis. Ao não buscarem os problemas estruturais do país (e do
mundo), ao vigiarem apenas erupções, consequências, e não os grandes
temas geradores de desigualdade e violência.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Não por coincidência, dois jornalistas do SporTV foram particularmente cínicos e insensíveis
com o goleiro Aranha, ontem, durante jogo do Santos com o Grêmio. Para não dizer coniventes com o racismo dos
torcedores. Como se fosse ele o algoz, e não a vítima. (Olho para a foto de Carlos, por sinal, e vejo que ele era
negro.)</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> No caso dos editores dos jornais, eternamente distraídos no que se refere aos direitos humanos, fico pensando no
critério utilizado para minimizar a notícia da execução de um
trabalhador, seguida de uma batalha urbana. Penso que alguns trabalharam
comigo, com alguns eu já terei até compartilhado alguma mesa de bar.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
Em que momento se naturaliza a barbárie? Mais especificamente, a
barbárie institucionalizada, que depende do aval dos meios de
comunicação? Em que momento um jornalista considera - no mínimo por sua
passividade - que Carlos deveria ser morto?</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Notem que não estou
falando, aqui, da imprensa sensacionalista. Esta, por ironia da
história, tem-se demonstrado mais atenta ao caso. Não tem cacoete de ir
atrás da contextualização, de uma discussão mais elaborada, mas ao menos
esboçou algum luto, alguma exclamação.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> A grande imprensa parece
estar sedada. Conformada. Um fotógrafo perdeu o olho por essa mesma
polícia paulista, em 2013, e achamos que não é com a gente. Um vendedor
de DVDs foi executado. E fazemos de conta que é ele o pirata.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Retirem as vendas, senhores. A injustiça somos nós.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a></div>
Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-49928454712347668922014-09-03T13:41:00.003-03:002014-09-03T13:44:55.697-03:00<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="font-size: x-large;"><i>PT, PSOL E PCdoB concentram 46% das candidaturas indígenas</i></span><br /><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">(</span><a href="https://twitter.com/alceucastilho" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;" target="_blank">@alceucastilho</a><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">)</span><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /><br />Entre as 84 candidaturas indígenas registradas no Tribunal Superior Eleitoral, conforme a declaração feita pelos próprios candidatos, 16 disputam pelo PT. Em seguida vêm o PSOL, com 12 candidatos, e o PC do B, com 11. Juntas, essas 39 candidaturas representam 46% do total.<br /><br />Quase dois terços das candidaturas é para vagas nas Assembleias Legislativas (53) ou Câmara Distrital (2). Outros 25 indígenas disputam vagas na Câmara. Cinco deles visam o Senado, dois destes na suplência. A Bahia tem um candidato a vice-governador, Ronaldo Santos (PSOL).<br /><br />A lista de candidaturas nas eleições de 2014 foi compilada por Ricardo Verdum e pode ser vista aqui: <a href="https://www.academia.edu/8170557/Candidatos_Indigenas_nas_Eleicoes_de_2014">https://www.academia.edu/8170557/Candidatos_Indigenas_nas_Eleicoes_de_2014</a> (A lista tem um nome repetido. Sete candidaturas ainda são consideradas inaptas.)<br /><br />A região Norte tem o maior número de candidatos: 30 entre os 84. Em seguida vem o Nordeste, com 20 candidaturas indígenas. Sudeste e Centro-Oeste empatam, com 15 candidatos. A região Sul tem apenas quatro.<br /><br />Vejam o ranking por partido:<br />PT – 16<br /> PSOL – 12<br /> PCdoB – 11<br /> PHS – 7<br /> PSTU – 5<br /> PPL – 4<br /> PV , PSDB– 3<br /> DEM, PP, PSC, PDT, PTdoB, PPS, PROS, PRP - 2<br /> PR, PEN, PMDB, PSL, PTB, PRB, PRTB – 1<br /> <br /> É possível notar a maior incidência em partidos de esquerda, como PSTU, PPL e o próprio PSOL, em relação à média nacional. Uma surpresa é o PHS – que, só no Piauí, está lançando três candidatos que se declararam indígenas.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Quatro Estados não apresentaram candidaturas indígenas: Sergipe, Paraíba, Maranhão e Santa Catarina. O Maranhão tem vários conflitos de terra envolvendo povos indígenas.<br /><br />O Amazonas e a Bahia, sozinhos, apresentaram nove candidatos cada um. Em seguida vêm São Paulo, com oito, Mato Grosso do Sul, com sete, Roraima, com seis candidatos, e o Pará, com cinco.<br /><br />O Mato Grosso do Sul concentra grande população indígena. Das sete candidaturas, seis são de partidos à esquerda. A mais conhecida delas é do Cacique Ládio Veron, para a Câmara, pelo PSOL. Roraima, outro estado com maior quantidade proporcional de população indígena, tem uma dobradinha do PCdoB para deputado estadual e federal.<br /><br />Vejam o ranking por UF:<br />AM, BA- 9<br /> SP – 8<br /> MS – 7<br /> PA, RR – 6<br /> PI - 4<br /> AC, AP, CE, ES, GO, MT, PE, PI, RJ – 3<br /> DF, PR, RO, RS – 2<br /> AL, TO, RN – 1<br /><br /> Oito entre os 84 candidatos apresentam-se, no próprio nome de campanha, como professores.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a></div>
Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-52444119976798191442014-08-31T17:07:00.002-03:002014-08-31T18:02:48.849-03:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-size: x-large;">Os dez mandamentos de um debate eleitoral sórdido </span></i><br /><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span></span></span></span></span></span></span> </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"></span></span></span></span></span></span></span></span></span><i><br />1) Atacarás a pessoa, e não as propostas do partido. </i><br /><br />Os
candidatos de quem o eleitor não gosta são vistos como inimigos, e não
como expressões de outros projetos de poder. O objetivo é atacar o
caráter, arrebentar com a dignidade. Desconstruir – a pessoa.
Desqualificar – o ser humano. A biografia deste pouco importa. Importa
editá-la. Demonizar o político a partir de características existentes ou
não, exageradas ou não. O respeito passa longe. <br /><br /><i>2) Distorcerás informações. </i><br /><br />Este
é um dos exercícios prediletos desse eleitor apaixonado. Seja por
redução calculada das ideias e promessas do outro, seja pelas distorções
propriamente ditas. Essa distorção pode ser infame, pode ser uma
mentira deslavada. Mas o objetivo eleitoreiro – desprovido de cidadania –
permite o milagre da multiplicação da falta de escrúpulos. Às favas as
informações, e às favas o bom senso. <br /><i><br />3) Serás precipitado, afoito, intempestivo. </i><br /><br />Este
item tem relação direta com o item anterior. Tudo ganha um sentido de
aparente urgência. É preciso desqualificar o outro, e logo, numa espécie
de corrida de cavalos. Com isso aumenta a chance de se distorcer a
informação, e de se promover uma campanha injusta, agressiva, desumana. O
relógio corre e inspira precipitação; esta precipitação potencializa
todos os demais itens. <br /><br /><i>4) Enxergarás contradições apenas do adversário. </i><br /><br />Os
erros do candidato que se defende são totalmente minimizados, jogados
para debaixo do tapete. Os do adversário, hipertrofiados. Esse exercício
de cinismo ganha musculatura na medida em que os demais apaixonados
concordam com os linchamentos e com o completo absurdo que seria o
adversário ser eleito. Monta-se, então, uma caça às contradições. Mas
uma caça sem regras, sem limites. <br /><br /><i>5) Importarás o que houve de pior em eleições anteriores. </i><br /><br />Em
vez de se aprender com os erros, eles são multiplicados. A sordidez
espetacular de 1989 – um marco na história dos ataques eleitorais, com a
invenção de uma tentativa de aborto – ganha filhotes eloquentes,
eleição após eleição, em terrenos onde cada eleitor deveria guardar o
mínimo de distância e respeito. Não são desenvolvidos novos formatos,
com reprodução automática do que se fez de pior. Essa violência toda é
também um filhote da ditadura. <br /><br /><i>6) Adjetivarás. (E simplificarás, insultarás.) </i><br /><br />Com
redução ao máximo das características positivas de seus adversários, e
amplificação ao máximo de seus defeitos. Aqui, com um viés linguístico –
redutor, embotador. O importante, nesse caso, é transformar toda uma
visão de mundo, ou um projeto de país, evidentemente criticáveis, numa
palavra-chave, de modo que até o próprio postante possa entender. A
linguagem como carimbo. <br /><br /><i>7) Utilizarás argumentos de cor, classe, gênero. </i></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i> </i><br />Misoginia,
racismo e preconceito de classe (especialmente quando se trata de
origem pobre) estão presentes em milhares de memes e em milhões, dezenas
de milhões de comentários na internet. Tudo em larga escala. A condição
de mulher motiva piadas e insultos específicos. O racismo costuma ser
disfarçado em formato de “piadas”, ou comparações grotescas. O
obscurantismo como farra, diversão. <br /><br /><i>8) Serás menos cuidadoso que teu próprio candidato. </i><br /><br />Em
outras épocas os ataques menos escrupulosos vinham de alguns
candidatos, fossem os majoritários ou alguns nanicos. Estes eram
escolhidos a dedo para a tarefa de enxovalhar os adversários, dizer
coisas que poderiam pegar mal para o candidato majoritário. Funcionavam
como uma espécie de jagunços eleitorais, de franco-atiradores. Muitas
vezes de forma grotesca. O papel dos nanicos cabe hoje aos internautas. <br /><br /><i>9) Promoverás o apocalipse. </i><br /><br />Somente
no caso de determinado candidato vencer teremos um país sério, uma
democracia consolidada, uma economia estável. Com os demais, virá o
caos. Meu candidato? Locus amoenus, tudo lindo – o espaço da calma, da
amenidade. O adversário? Locus horrendus – o espaço do horror. No
limite, isso resulta em golpismo, que pode ser observado em eleitores de
direita e esquerda, governistas ou não. <br /><i><br />10) Ignorarás uma discussão séria sobre um projeto de país. </i><br /><br />O
décimo item é o pai de todos os demais. É dessa ausência de discussões
mais sisudas, com um circuito mais consistente de informações e
argumentos, que decorre a disposição para a infantilização e redução do
debate. Observe-se que muitos temas importantes simplesmente somem do mapa. O horizonte se encolhe. A história do país se apequena. Fulano
ou beltrano se tornam mais importantes que 500 anos (ou milhares) de
história. <br /><br />Isoladamente, alguns itens listados cima, como apontar
contradições ou utilizar adjetivos, podem ser legítimos. Com
comedimento. Juntos, apenas ajudam a promover o obscurantismo eleitoral.
Debates de fundo funcionam melhor sem precipitação. E com a percepção
de nuances, matizes. De um país e de um mundo político um pouco mais
caleidoscópico que o preto no branco desse comportamento eleitoral
binário. <br /><br />Essa gritaria toda – essa voracidade toda, essa
intolerância toda - não colabora com a democracia. E nem com as
candidaturas que esse eleitor, mais ou menos mal-intencionado (às vezes
apenas um distraído), julga defender. Então, por que perpetuar essa
lógica? A tarefa de construir um país mais justo e menos desigual exige
bem mais substância, paciência. E ética. Outro debate eleitoral é
possível.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-19114037426472287432014-07-21T09:01:00.004-03:002014-07-24T17:00:49.510-03:00<div class="MsoNormal">
<i><span style="font-size: x-large;">Kátia Abreu declara R$ 4 milhões; filho Irajá, R$ 5,7 milhões</span></i><br />
<br />
por ALCEU LUÍS CASTILHO <span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<br />
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), candidata à reeleição, tornou-se
milionária. Ela acaba de declarar à Justiça Eleitoral possuir R$ 4,04 milhões. Em
2006, ela possuía R$ 437 mil. Uma variação de 927%. Ela é presidente da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) - afastada desde junho durante a campanha - e uma das principais
líderes ruralistas do país.<br />
<br />
Um dos bens mais significativos, uma propriedade de 1.268,84
hectares em Campos Lindos, não aparece mais em sua declaração. Em 2006 ela a
declarou por R$ 10 mil. Quase a metade dos R$ 4 milhões declarados em 2014 está
em aplicação do Banco do Brasil. Kátia declarou uma chácara de 10 hectares por
R$ 615 mil.<br />
<br />
Bem mais provida de bens rurais é a declaração de bens do
filho, o deputado federal Irajá Abreu (PSD-TO), candidato à reeleição. Irajá Silvestre
Filho já é mais rico que a mãe, viúva, de quem empresta o sobrenome. Ele declarou
ao Tribunal Superior Eleitoral possuir R$ 5,67 milhões.<br />
<br />
A maior parte vem de propriedades rurais. Um dos itens
descreve os lotes das Fazendas Aliança I, II e III, por R$ 2,9 milhões. Em
seguida Irajá declara mais R$ 640 mil em seu terço da Fazenda Aliança, com
benfeitorias. Ele também possui outro imóvel rural em Aliança do Tocantins, por
R$ 367,5 mil.<br />
<br />
A senadora especificou R$ 15 milhões como limite de gastos
para a campanha. Irajá, R$ 3,5 milhões.</div>
<div class="MsoNormal">
Tanto Kátia Abreu como Irajá Abreu foram eleitos pelo DEM,
em 2006 e 2010. Ela passou pelo PSD e migrou para o PMDB ao se afirmar como
membro da base governista. <span style="mso-spacerun: yes;"></span>Em 2010 o
deputado declarou possuir R$ 1,39 milhão. A variação foi de 251%.<br />
<br />
Irajá tem um irmão, Iratã Abreu, vereador em Palmas. Seus
bens são mais modestos, em relação aos padrões atuais da senadora e do deputado.
Em 2012, ele declarou possuir R$ 852 mil, a maior parte referente à sua parte
na Fazenda Aliança.<br />
<br />
Juntos, os três possuem R$ 10,6 milhões.<br />
<br />
Em 1998 e 2002, eleita deputada federal, Kátia se declarava
psicóloga. Em 2006, pecuarista. Em 2010, senadora. Na eleição de 1998 ela
declarou 1,170 cabeças de gado bovino. Em 2006, 2010 e 2014, nem ela nem o deputado Irajá
Abreu declararam reses. Iratã, em 2012, que se declarou produtor agropecuário, também
não.<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a></div>
Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-8681606721124075412014-06-03T19:44:00.003-03:002014-06-03T19:51:23.158-03:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-size: x-large;">Relato dos Tenharim presos: “Somos inocentes. Estamos sem chuva, sem céu, sem nossos rituais. Isso é Justiça?” </span></i><br /><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<br />
Cinco
indígenas da etnia Tenharim estão presos desde o dia 30 de janeiro, em
Porto Velho, acusados – num processo kafkiano – de assassinar três
pessoas em dezembro de 2013. O blog reproduz aqui depoimentos dos
acusados obtidos pela antropóloga Rebeca Campos Ferreira, do Ministério
Público Federal. Eles declaram inocência. E relatam não conseguir se
adaptar às condições do presídio: sem a comida tradicional deles, sem
rede, sem cocar, sem rituais. “Não tem quase sol, nem chuva, nem o céu”.
Um sexto indígena foi denunciado à Justiça em abril, o cacique Aurelio
Tenharim. “A justiça ouviu o povo branco e os poderosos, por isso que
prendeu a gente e deixa a gente aqui?” <br />
<br />
Para entender mais o caso
– que envolve um apartheid contra os indígenas e a destruição da sede
da Funai, em dezembro, em Humaitá - leia este relato que fiz na Agência
Pública, após cinco dias em Humaitá (AM) e região: “<a href="http://apublica.org/2014/01/batalha-de-humaita-tenharim/">A batalha de Humaitá</a>”. E este artigo no blog: “<a href="http://alceucastilho.blogspot.com.br/2014/02/caso-tenharim-o-sonho-do-paje-conta-de.html">O sonho do pajé, a conta de luz ou a galinha?</a>” <br />
<br />
Segue
o relato feito pela antropóloga, que inclui queixas sobre falta de
apoio jurídico da Funai e das organizações de apoio aos povos indígenas:
<br />
<br />
<i>Em 22 de maio de 2014 eu, Rebeca Campos Ferreira, Perita em
Antropologia do Ministério Publico Federal, estive na Penitenciaria de
Médio Porte Pandinha, em Porto Velho – RO, com os indígenas Gilson
Tenharim, professor da aldeia Campinho-hũ, de 19 anos; Gilvan Tenharim,
irmão do anterior e, como ele, também professor da aldeia Campinho-hũ,
de 24 anos; Valdinar Tenharim, agente indígena de saneamento da aldeia
Campinho-hũ, de 30 anos; Domiceno Tenharim, professor e cacique da
aldeia Taboca, de 33 anos; e Simeão Tenharim, agente indígena de saúde
da aldeia Marmelos, de 36 anos. Na ocasião ouvi a narrativa que segue
transcrita, “um apelo” como chamaram os indígenas, para ser repassada
aos parentes, às autoridades e à sociedade brasileira. A narrativa a
seguir foi realizada por todos eles, simultaneamente. <br /><br />(Os intertítulos e explicações não fazem parte do relato original de Rebeca.) </i><br />
<br />
“Queremos registrar o que a gente passa aqui. <br />
<br />
Tem
alimentação sim, mas não é da nossa cultura e a gente não está
acostumado com isso, e está fazendo mal pra gente, dá dor na barriga, dá
diarreia. A gente não tem gosto de comer, estamos acostumados com
outras coisas de comer, o que a gente comia sempre, de caça, de pesca, é
diferente. Estamos há três dias sem comer. Se comer vamos passar mal. É
melhor não comer. A gente queria pelo menos ter nossa alimentação da
cultura. A gente não consegue dormir assim. <br />
<br />
Não podemos ter
rede. Nosso corpo não é acostumado com isso aqui. E não tem quase sol,
nem chuva, nem o céu. Isso atinge toda nossa cultura. A cultura que a
gente está acostumado e nossos parentes que estão lá. Nossos filhos,
nossas mulheres, nossos pais, e os mais velhos. E nós perdemos nosso
pai, que era cacique. [Ivan Tenharim, morto em dezembro após cair da
moto.] E nem pudemos fazer os rituais dele. Nem as outras cerimônias que
tem que fazer nessa época. O povo da aldeia está sem cacique agora.
Isso preocupa demais a gente. <br />
<br />
Isso é fora da nossa cultura. E a
nossa cultura aqui a gente não tem liberdade de fazer. A gente não pode
ter cocar nem fazer nossos rituais. Nem dançar, pintar, nossa cultura,
nossas coisas. Isso vem pro nosso corpo também. Nosso corpo e nosso
espírito sofre, e do nosso povo lá, a gente se preocupa muito. <br />
<br />
E
depois de tudo que já fizeram com nossos parentes desde 500 anos quando
os brancos chegaram. E tudo que eles passaram. E com a estrada também.
[A Rodovia Transamazônica.] Mas naquele tempo não tinha lei. E hoje tem
lei pra nós índios. Somos tratados de forma esquisita. É tudo contra
índio. Mas a gente não é empecilho para o Governo, a gente é aliado para
um mundo melhor pra todo mundo. A gente não é contra branco. Somos
aliados, queremos um mundo melhor para todo mundo. <br />
<br />
<b>“Nós não somos seres humanos aqui” </b><br />
<br />
A
gente está sentindo muito aqui. Estamos longe da terra, dos parentes, a
gente perdeu nosso cacique, sofremos tudo aquilo, do povo branco, da
polícia, estamos aqui presos, sem saber das coisas, com medo. Nós não
somos seres humanos aqui. Mas nós somos brasileiros também. A gente
enfraquece, a gente está magoado. Toda nossa família enfraquece. Nossa
terra enfraquece. <br />
<br />
Nossa esperança é Deus agora, são vocês do
Ministério Público Federal, dos nossos parentes lá fora, de quem puder
ajudar a gente. <br />
<br />
A gente não fez isso que falaram na televisão. A
gente não é aquilo que eles falaram. Por que fazem isso com nós
indígenas? A gente está em risco, aqui, e nossas famílias lá na nossa
terra. A gente não tem proteção. O governo não cumpre nossos direitos,
nem lá fora nem aqui dentro da cadeia. Estamos em risco. A gente
desgostou da vida. <br />
<br />
E na aldeia, não podemos fazer os rituais da
morte do nosso cacique, a gente não pode fazer os rituais do novo
cacique, nosso povo está sem rumo, sem direção. Nem nossa festa vai ter
esse ano, ela acontece desde sempre do nosso povo. São os espíritos
nossos, somos nós todos que sofremos. Nem a cerimônia do nosso falecido
pai e cacique aconteceu, isso é ruim para o espírito. Pode vir coisa
ruim, coisa pior do que isso. A gente não tem liberdade. A gente está
sem vida. E a gente é inocente. Não somos o que eles disseram. Queremos
registrar essa mensagem para a sociedade. <br />
<b><br />“Perdemos o pai, o cacique e a vida” </b><br />
<br />
Estamos
sem ritual, sem nossa cultura, sem cocar, sem nossa família e a terra
onde a gente nasceu, sem liberdade. A gente vive de cabeça baixa aqui.
Estamos sendo injustiçados. É assim que é a justiça dos brancos? <br />
<br />
Perdemos
o pai, o cacique e a vida. Estamos presos. Estamos sendo injustiçados, a
gente não fez isso. Perdemos tudo aqui. É justiça isso? Tudo que
falaram da gente é mentira, a televisão, os brancos, mentiram e fizeram
isso com a gente. Tudo que a gente sofreu, nós e nosso povo, desde que
tudo isso começou, e quando a gente veio preso. Não deixaram a gente
voltar para casa, a gente nao sabia o que estava acontecendo. Mas
sabemos que eles fizeram coisa errada com a gente, enganaram, levaram
para fora da terra e prenderam, enganaram a gente e os irmãos. [Eles se
referem a um artifício utilizado no momento da prisão, quando foram
atraídos para fora das aldeias.] <br />
<br />
Não sabemos direito nada ainda,
eles não passam informação, não falam nada. Nem FUNAI, nem os que
defendem a gente. Quem defende a gente? Como que é que funciona isso? A
gente não entende isso, porque não fizemos, e não entendemos o que vai
acontecer com a gente daqui pra frente. O que vai acontecer com a gente?
A gente sofreu muito naquela época e está sofrendo muito agora. O povo
nosso também. Hoje a aldeia está abandonada. <br />
<br />
Nosso apelo é que
as pessoas tenham mais amor com o povo indígena. Que trate a gente de
forma civilizada. A gente pede para a FUNAI vir aqui, falar com a gente,
defender a gente, a gente quer saber quem abraçou nosso caso, quem está
pela gente. <br />
<br />
<b>“A Funai não está fazendo nada” </b><br />
<br />
A
FUNAI não está fazendo nada, só o Domingues da FUNAI de Humaitá que vem
ver a gente, e os que sabem dessas leis lá de Brasília da FUNAI não. A
gente quer eles aqui pra falar com a gente. A gente não sabe o que está
acontecendo, estamos sentindo que ninguém está pela gente das
autoridades, só vocês [MPF] e nossos irmãos, nosso povo. A gente precisa
ter alguém que defenda a gente. E queremos a FUNAI para informar e
proteger. <br />
<br />
A gente pede ao Dr. Julio [Araujo/ MPF-AM] e ao Dr.
Ricardo [Tavares], pro CIMI que pode ajudar a gente também com advogado.
Alguém tem que defender a gente e dizer pra gente o que está
acontecendo. A gente agradece muito o Ministério Público Federal, de
Manaus e daqui de Porto Velho, Dra. Rebeca [Campos Ferreira/ MPF-RO], o
Dr. Filipe [Albernaz/ MPF-RO], por vocês terem vindo aqui ontem e hoje,
por vocês lutarem pela gente, por estar aqui ouvindo a gente. É como se
fosse nossos irmãos aqui, pra gente isso é muito bom. <br />
<br />
Foi bom
ter visto nossos parentes ontem com vocês, agradecemos por ter trazidos
eles, por eles poderem entrar com vocês. A gente esta sentindo muita
falta da nossa família e da nossa terra. Quando eles vêm é bom, quando
vocês vêm é bom. É bom saber que alguém se preocupa com a gente. <br />
<br />
<b>“Estamos com muito medo” </b><br />
<br />
Não
queremos ir pra Manaus. Não. Lá a gente vai ficar pior. Lá nossa
família não tem como ir ver a gente. Estamos preocupados, com medo. Com
muito medo. <br />
<br />
E queremos um advogado. Queremos que alguém lute
pela gente lá fora. Pelos nossos direitos. É um vazio pra gente aqui.
Não sabemos o que fazer e o que acontece. A gente manda um recado para
os parentes também ajudarem a gente. Eles já ajudam muito nesse tempo
todo. Pra eles virem ver a gente quando é dia de vir. Isso é bom. A
gente pede para os parentes ficarem perto da gente, e que eles estejam
perto também dos advogados, da FUNAI, do Ministério Público, e de quem
vai ajudar a gente. <br />
<br />
Pedimos pra ser informados do que acontece.
Pedimos pra não ir pra Manaus. E pra ajudarem a gente e protegerem e
lutarem pela gente. E para o advogado que acompanhou tudo, o Dr. Ricardo
[Tavares], pedimos pra ele vir aqui falar com a gente. Ele viu como foi
que fizeram com a gente. Não foi certo o que a polícia fez. Prenderam a
gente irregular, levaram para fora da terra indígena, não explicaram
nada, não trataram a gente como ser humano. Mentiram, enganaram, diziam
coisas pra gente. Pressionaram. <br />
<br />
E para o Dr. Julio [Araujo/
MPF-AM] nos ajudar e ajudar nosso povo. E para o Ministério Público
daqui de Rondônia, Dr. Filipe, Dra. Rebeca, e de Manaus, continuem com a
gente, e o que a gente pede. E o CIMI se puder ajudar. <br />
<br />
Não deixem a gente desprotegidos. <br />
<br />
<b>“Queremos defesa, quem lute pela gente” </b><br />
<br />
A
gente não quer ir pra Manaus. Nossa vontade mesmo, a gente acredita em
Deus, é voltar pra nossa terra e fazer as cerimônias que tem que fazer
pelo nosso povo. <br />
<br />
Pedimos para as lideranças nossas para auxiliar
também, em tudo, para as lideranças nossas estarem com a FUNAI, com
advogado, com juiz, com o Ministério Publico. A gente pede pra saber
como está nossa situação, quem está pela gente, e que a FUNAI esteja
pela gente também, e que o Ministério Público não deixe a gente. <br />
<br />
O
procurador da FUNAI veio uma vez, mas parece que a FUNAI não está dando
atenção nem prioridade. Queremos defesa, queremos quem lute pela gente.
Estamos sem nada, sem família, sem terra, sem cultura, sem liberdade e
sem saber como é nossa situação. <br />
<br />
Ainda bem que nossos parentes e
vocês [MPF] estão com a gente. A gente agradece os parentes nossos,
nossas lideranças, o Domingues da FUNAI, Dr. Rebeca (MPF-RO), Dr. Filipe
(MPF-RO), Dr. Julio (MPF-AM), Dr. Ricardo. Por favor, leva essas nossas
palavras pra eles. <br />
<br />
<b>“Não somos aquilo que passou na televisão” </b><br />
<br />
A
gente está sentindo muito aqui, nosso corpo, nossa cultura, e nosso
povo, a gente está preocupado com o que vai ser dos rituais que não vão
ser feitos. Mas a gente acredita em Deus, que vai ser feito justiça pra
gente. Apelo nosso é pra parar com preconceito e discriminação, para ter
mais amor com os indígenas, e não acontecer mais o que aconteceu com a
gente com ninguém. Não fizemos aquilo e não somos aquilo que passou na
televisão. <br />
<br />
Queremos ter nossos direitos, queremos saber como
está nosso caso, queremos ser defendidos e protegidos. Não queremos ir
pra Manaus. Queremos voltar pra nossa terra com nossa família, fazer os
rituais pro nosso povo que não pode mais ficar sem. Somos inocentes. <br />
<br />
Estamos
sofrendo muito aqui com isso, e nosso povo lá fora. Acreditamos em Deus
e nos nossos parentes, nossas lideranças, nas autoridades que vão
ajudar a acabar com essa injustiça que nosso povo sofreu. <br />
<br />
Viemos pra cá de madrugada, ninguém disse pra onde a gente ia. A gente tem medo. <br />
<br />
Queremos
sair daqui. Não queremos ir pra Manaus. Queremos provar que não somos
aquilo e não fizemos aquilo. Queremos saber o que acontece, a gente não
entende. <br />
<b><br />“É o massacre dos espíritos nossos” </b><br />
<br />
Tiraram
a gente da terra, prenderam a gente, não deixaram a gente se despedir. A
gente não sabia o que acontecia. Não podemos ficar aqui, nem sem saber
de nada, e nosso povo não pode ficar sem ritual, sem cerimônia. É o
massacre dos espíritos nossos. E tem que fazer cerimônia funeral do
cacique. Sem as festas desestrutura tudo, o povo inteiro, se a gente não
fizer, vai ser agora em julho, ficamos todos desprotegidos, o povo todo
fica desprotegido espiritualmente, e vêm coisas ruins, não pode
interromper porque isso é desde o começo do nosso povo, e nunca ficou
sem fazer. Fica tudo desnorteado, nossa cultura e nosso povo. Sem
direção, a gente aqui e nosso povo inteiro lá. A comunidade inteira
perde. <br />
<br />
E a angústia nossa aumentou com essa história da gente ir
pra Manaus. E fica ainda mais longe, a gente sabe que lá não tem como
ver os parentes. Não podemos ficar sem ver nossos parentes. A gente não
come mais, é muita preocupação, não tem como acostumar nosso corpo e
nosso espírito. A gente aqui não pode cantar, nao pode pintar, não pode
dançar, não é vida pra gente isso aqui. Não conseguimos dormir aqui. Não
pode ter rede, não acostumamos deitar aqui. <br />
<br />
A gente nunca
passou por isso, nem de ficar sem ritual, nem nosso povo. Nem de ficar
fora da aldeia. Nem de ficar preso. É preconceito com indígena. A
justiça ouviu o povo branco e os poderosos, por isso que prendeu a gente
e deixa a gente aqui? A justiça tem que seguir a lei. E a gente é ser
humano. <br />
<br />
Nosso apelo é esse. Para a sociedade ver que não somos
aquilo que passou, somos inocentes, estamos sofrendo muito aqui. A gente
só quer voltar para nossa terra e nossa família. Queremos que as
autoridades escutem a gente, entendam isso. E a gente agradece todos
nossos parentes que nunca saíram do nosso lado e todo mundo que está
lutando pela gente. Mas não deixem a gente desprotegidos, nem ir pra
Manaus, nem aqui como a gente está”.<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-79157717516560067192014-05-15T10:18:00.004-03:002014-05-15T10:26:48.378-03:00<span style="font-size: x-large;"><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">O lucro da Sabesp e a falta d’água em São Paulo </span></i></span><br />
<br />
por ALCEU LUÍS CASTILHO <span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<br />
Notícia de hoje no Valor Econômico: “Mercado estima queda no lucro da Sabesp”. Vale ler o primeiro parágrafo: <br />
<br />
<i>-
As previsões de analistas que acompanham a Sabesp consultados pelo
Valor são de um primeiro trimestre de resultados ainda bons para a
estatal paulista, pois o verão foi um dos mais quentes dos últimos anos.
Com isso, espera-se aumento no consumo de água na região operada pela
empresa, pois somente a partir de março a Sabesp começou a ter seus
volumes e receitas reduzidos por causa dos descontos oferecidos aos
clientes que reduzirem o consumo. </i><br />
<br />
A noticia é dada
exatamente no dia em que o governo estadual anuncia o início da
utilização do volume morto do Sistema Cantareira. A empresa nunca
utilizou esse reservatório. <br />
<br />
Ou seja, a empresa comemora os lucros. No verão, nada de desestimular o consumo. Pois ele inspira “bons resultados”. <br />
<br />
(O
mesmo jornal, no caderno de investimentos, conta que o preço dos
aluguéis está baixando. E que, “entretanto”, cenário em 2015 pode
“melhorar”.) <br />
<br />
Resultados bons para quem? Melhorar para quem? <br />
<br />
Há
aí um conflito de interesses evidente. Se uma empresa tem no consumo de
água sua meta, pelo ângulo do lucro, como pode o cidadão (visto apenas como consumidor) virar
refém desse objetivo? <br />
<br />
Não se trata de uma distorção
pontual. E sim estrutural. De um modelo que precisa ser revisto. Ou a
água é um direito, ou uma commodity. Cabe ao Estado apenas reproduzir a
lógica e os interesses do capitalismo? <br />
<br />
Como se não
bastasse, como sabemos, existem os interesses eleitorais. Não se assume o
rodízio d’água em São Paulo (embora exista em Guarulhos, embora haja
falta d’água nas regiões mais altas) porque isso pode prejudicar a
reeleição do governador Geraldo Alckmin. <br />
<br />
Mas os
tucanos são protegidos pela imprensa. E a situação de calamidade (a
mesma que engordou os cofres da Sabesp) não é exposta com todas as
letras para a população.<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-76625175256379637322014-04-02T11:04:00.004-03:002014-04-02T12:38:52.601-03:00<i><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}">Militares investigam militares por crimes cometidos por militares</span></span></span></i><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}"></span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}">por ALCEU LUÍS CASTILHO </span></span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span></span></span></span></span></span></span> <br />
<br />
Manchete da Folha: "Militares criam comissões para investigar tortura".
Os outros jornais vão na mesma linha. Lemos que os militares vão
investigar "centros de tortura da ditadura" (Estadão), que as Forças
Armadas investigarão "tortura e morte em quartéis" (O Globo).<br />
<br />
Então tá. Os militares vão investigar os militares sobre torturas praticadas por militares duran<span class="text_exposed_show">te uma ditadura. <br /> <br />
A primeira imagem que me veio à cabeça foi a da lanterna de Diógenes.
Só que às avessas. O filósofo grego andava com uma lanterna acesa,
durante o dia. À procura de um homem honesto. Ou da verdade.<br /> <br /> Já
que estamos a falar de filosofia, não custa invocar o doutor Pangloss,
personagem de Voltaire. Ele é o guru de Cândido, o jovem ingênuo que
acreditava que todas as desgraças, no fundo, viriam para melhor.
(Pollyanna viria a ser uma personagem mais popular nesse campo do
otimismo empedernido.)<br /> <br /> No sentido contrário, não consigo
enxergar nessa lanterna verde-oliva mais do que uma reafirmação da
obscuridade. Uma lanterna para inglês honesto ver, uma verdade para
torturadores, auto-redentora.<br /> <br /> O próprio Voltaire definia
metafísica como procurar, em um quarto escuro, um gato preto que não
está lá. Mas aqui estamos novamente às avessas: os torturados estavam
lá, os desaparecidos existiram, os mortos se multiplicaram e ainda nem
foram devidamente contados. (Pois temos os indígenas, os camponeses.)<br /> <br /> E as tais comissões verde-oliva terão 30 dias para apurar tudo. Trinta
dias! Um disparate, claro, que até agora passa despercebido por nossa
imprensa tão peculiar, essa da "ditabranda", essa que transforma um mea
culpa, por ter apoiado o golpe, num esquisitíssimo "meia culpa".</span><br />
<span class="text_exposed_show"><br />
Trinta dias! Fiquei pensando: por que não 25 dias? Ou 21? Assim
teríamos um dia para cada ano de perseguições, abusos, espancamentos,
paranoia, em cada Unidade da Federação.<br /> <br /> Eu me lembro que,
quando servi o Tiro de Guerra, em São Carlos, o sargento Castro falava
abertamente sobre tortura. Podiam chamar o sargento Castro para as
investigações!<br /> <br /> Na melhor das hipóteses, como imagina o Valor,
esse encaminhamento peculiar da história recente do Brasil vai motivar
"desculpas" por parte dos militares, "perdão".<br /> <br /> Como não é isso
que eu quero, esses jornais não me representam. Na minha opinião eles
deviam estar exclamando palavras como "deboche", "escárnio". Clamando
por investigação de verdade e pelo devido respeito à história de homens e
mulheres violentados pelo Estado.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-23671298611040495892014-03-17T21:01:00.002-03:002014-03-17T22:27:47.892-03:00<div class="MsoNormal">
<i><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Cláudia, a mulher-arrastada. E os homens engravatados, fardados e-que-escrevem</span></span></i><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO</span></span><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> (<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span></span></span></span></span><br />
<br />
Corre nas redes sociais um movimento para que <a href="http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/03/1426781-grupo-usa-rojoes-e-xinga-pms-em-ato-contra-morte-de-mulher-no-rio.shtml">Cláudia
da Silva Ferreira</a> seja tratada como tal. Com nome e sobrenome, uma
história. E não como "a mulher arrastada" por policiais, no Rio.
Muito justo. E necessário. Ela era uma mulher, uma
mulher-que-cuidava-dos-filhos (e dos sobrinhos), uma mulher-que-tinha-saído-para-comprar-pão
(e mortadela). Mas, sim, ela foi arrastada. Antes disso, baleada. E aqui temos
uma distorção - linguística, narrativa - em cima de uma distorção. Pois ninguém
fala em Cláudia como "a mulher baleada". Ou "a mulher
executada".<br />
<br />
A indignação não pode se restringir à ação mais patética da
polícia. Os patetas que a arrastaram foram, naqueles instantes em que a levavam
para o hospital (baleada), exatamente isso: patetas. Não planejaram esse
desfecho mais chamativo. Não temos aqui - insisto, estou a falar dessa cena
final - mais um caso João Hélio Fernandes Vieites, o menino arrastado por
bandidos, em 2000. Temos algo pior: algo que perpassa toda uma instituição,
toda uma argamassa - uma sociedade - em frangalhos. Algo mais que uma distração
brutal. E que um caso de banditismo comum.<br />
<br />
Se Cláudia da Silva Ferreira foi baleada antes de ser
arrastada, temos antes dessa cena - sim, extremamente chocante - um fato bem mais estrutural: temos uma
corporação de assassinos. Que mata Cláudias e Amarildos e milhares de pessoas
(negras e com filhos e que compravam pão), por todo o país, sem que alguma
trapalhada escancare a brutalidade habitual.<br />
<br />
A trapalhada não é cruel. Ela parece cruel. Cruel foi a
execução de Cláudia. Chocante é ter um corpo
no porta-malas. Violento foi o
assassinato às escondidas, essa solução em escala para os conflitos sociais.
Essa solução histórica, esse extermínio de brasileiros, essa naturalização da
barbárie. Violento é o chefe de polícia, é cada um dos governadores, violento é
esse sistema que mantém essa instituição que apela sem culpa para balas e porta-malas
- e que abriga um ou outro policial tão trapalhão quanto despreparado.<br />
<br />
Vou insistir no ponto: não estamos diante de uma
videotrapalhada. Estamos diante do registro de uma parte chocante de uma cena
mais ampla. Menos travelling (uma cena mais frenética de um filme) e mais uma
imagem congelada: uma mulher baleada. Uma mulher que perde a vida. No filme “Roma,
Cidade Aberta", um clássico do pós-guerra, a personagem Pina - Anna
Magnani - corre, desesperada, para tentar salvar o marido, preso pelos
nazistas. E grita: "Francesco! Francesco!" Aqui, não sabemos ao certo se Cláudia corria. Deve ter corrido. Deve
ter pensado em correr.<br />
<br />
Seria natural ela correr. Natural? Seria cultural. Porque o
medo cotidiano nas periferias do Brasil é o medo dessa polícia fascista, dessa
polícia que confisca câmeras porque não quer o registro de suas trapalhadas e
de seus métodos incivilizados de imobilizar, de prender, de reprimir, de humilhar. O medo de
Cláudia é o medo de cada um de nós. Medo institucionalizado, um medo curtido,
soldado, multiplicado no dia-a-dia por homens fardados, homens engravatados e
homens-que-escrevem: jornalistas.<br />
<br />
A libertação das Cláudias e Amarildos que ainda não foram
arrastadas e baleados não se dará sem a libertação desses homens-que-escrevem.
Que pressionem os homens engravatados que, por sua vez, levem os homens fardados (e que sejam
identificados, que não sejam anônimos) a patamares menos animalescos de
intervenção social. A preservação da
vida das Cláudias e Amarildos passa, portanto, pela decisão – que também não é
apenas individual – de homens-e-mulheres que-escrevem, de homens e mulheres que
não podem escrever arrastados por uma tradição – patronal – de insensibilidade
e descaso. De jornalistas cúmplices, cínicos e com horror à contextualização
histórica e social.<br />
<br />
Toda a sociedade brasileira estava naquele porta-malas. Toda
a sociedade (mundial, capitalista, consumista, cega) está sendo arrastada e
baleada. A ferida é planetária. Mesmo os defensores dos canalhas que promovem o
extermínio estão sendo, dia-a-dia, no Rio de Janeiro, em São Paulo e nos
grotões (onde indígenas são atropelados, onde casas de camponeses são
queimadas), violentamente reduzidos a arremedos de cidadãos. Mesmo quando
marcham “pela família” eles marcham para trás. E sem retrovisor. É uma
sociedade em marcha-a-ré, essa que matou Cláudia da Silva Ferreira - a “mulher
arrastada”, a “mulher baleada”.<br />
<br />
A luta que os filhos e sobrinhos de Cláudia podem ter – e de
todos aqueles capazes de imaginar sua dor - não é aquela por policiais menos
atrapalhados e por porta-malas que não falhem. É por uma polícia e uma
sociedade humanizadas. Todos os que lidam com informação – jornalistas diplomados
ou não, com crachá ou não, comunicadores de um modo geral, comentadores de
redes sociais– têm um papel importante nesse sentido. A escolha de cada palavra e de cada história e
de cada tema pode contribuir mais ou menos para essa humanização. A escolha do lado errado bate, mata e arrasta
– e tornará cada um de nós, aos olhos da posteridade, apenas mais um anônimo
infame.</div>
<div class="MsoNormal">
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a></div>
Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-39518838623114589982014-02-03T18:57:00.001-02:002014-02-03T19:14:32.112-02:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-size: x-large;">Caso Tenharim: o sonho do pajé, a conta de luz ou a galinha? </span></i><br /><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span></span></span></span> </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">No
momento em que cinco Tenharim estão presos em Porto Velho (em condições
degradantes), suspeitos de ter matado três pessoas na Rodovia
Transamazônica, no sul do Amazonas, vale refletir um pouco sobre um
aspecto fundamental na investigação de qualquer crime: os motivos. </span> <span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /><br /> Em entrevista ao site <a href="https://www.blogger.com/%28http://amazoniareal.com.br/advogados-do-caso-tenharim-divergem-sobre-provas-da-policia-federal/%29" target="_blank">Amazônia Real</a>, o advogado dos familiares dos desaparecidos - também advogado de madeireiros - diz o seguinte:</span> <span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /><br />
- Tem no inquérito a questão levantada por um pajé de outra etnia. Ele
sonhou que foi um carro preto que atropelou o cacique Ivan Tenharim. Os
filhos do Ivan Tenharim participaram diretamente da cena do crime.
Consta no inquérito também uma insatisfação dos índios com o técnico da
Eletrobrás, o Aldeney Salvador. Ele vinha cobrando a conta de energia
aos índios, que pagavam a conta da energia. Os índios tinham alguma
reserva contra esse rapaz, o Aldeney. Os índios o conheciam muito bem,
chegaram a jogar bola com ele em algumas ocasião. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /> Então vamos lá. De volta a história do pajé. Como não tem pajé entre os Tenharim, agora decidiram que o pajé é de outra etnia.<br /> <br />
Mas raciocinemos. Você é um Tenharim. Mensalmente, seus parentes
arrecadam (segundo seus detratores) R$ 35 mil de pedágio na
Transamazônica. Morre um cacique. Um pajé de outra etnia diz que sonhou
com um carro preto. Treze dias após o cacique morrer, você para um carro
preto, degola o motorista e atira nos dois passageiros. (O povo de
Humaitá e região se revolta e o seu povo fica sem o pedágio.)<br /> <br />
Mas não. Não foi por isso. Não foi por causa do sonho. Diz o próprio
advogado que os índios tinham alguma reserva contra o motorista. Porque
ele cobrava a conta de energia dos índios. (Francamente: o gerente da
Eletrobrás é quem cobrava a conta?) Jogavam bola com ele. Um dia, ele
passa com o carro e é degolado. Está com duas pessoas e...<br /> <br />
Claro. Temos de aguardar as investigações da Polícia Federal. Mas que
elas sejam sérias. Pois as duas versões, isoladamente, são implausíveis.
A julgar pelo que o advogado diz, na linha do discurso racista
consagrado na região, ora os indígenas são espertalhões frios e
calculistas, ora são panacas completos. E impulsivos. <br /> <br /> Mas é
pior que isso: juntas, essas duas versões são absolutamente
incompatíveis. Esse conjunto eletro-onírico desafia as leis elementares
da lógica. Ou uma coisa ou outra, pois não?<br /> <br /> Um sonho de um pajé
(de outra etnia) se une à súbita vontade de não pagar conta de luz... o
cara que cobraria a conta de luz passa no carro preto imaginado pelo
pajé... e, claro, você vai lá e destrói a suposta galinha dos ovos de
ouro: a grana do pedágio. <br /> <br /> Decidam-se! Os Tenharim matariam (ou
mataram) os três desaparecidos por quais motivos? (Polícia Federal,
Ministério Público, juízes, respondam.)<br /> <br /> Mas decidam sem subestimar a nossa inteligência. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">LEIA MAIS:</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><a href="http://alceucastilho.blogspot.com.br/2014/01/pf-faz-nota-sobre-prisao-de-cinco.html" target="_blank">PF faz nota sobre prisão de cinco Tenharim. O que está nas entrelinhas?</a> </span><br />
<a href="http://www.apublica.org/2014/01/batalha-de-humaita-tenharim/" target="_blank"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">A Batalha de Humaitá </span></a><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><a href="http://www.apublica.org/2014/01/matar-um-indio-para-pegar-uma-india/" target="_blank">"Matar um índio para pegar uma índia"</a></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-60964933279885677242014-01-31T18:40:00.004-02:002014-02-03T18:57:46.526-02:00<br />
<i><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">PF faz nota sobre prisão de cinco Tenharim. O que está nas entrelinhas? </span></span></i><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span></span></span></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Vejamos,
na íntegra, a nota da Polícia Federal sobre a prisão de cinco Tenharim,
no sul do Amazonas. E depois, embaixo, tentemos ver o que está em suas
entrelinhas. Vale observar que essa nota é o que temos para analisar –
pois a PF informa que não dará entrevista coletiva. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Primeiro, a nota completa: </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">“A
Polícia Federal em Rondônia, juntamente com a Força Nacional de
Segurança Pública, Polícia Rodoviária Federal e o Exército Brasileiro,
deflagraram a Operação Humaitá na data de 30/01, com o objetivo dar
cumprimento a 5 mandados de prisão temporária de indígenas da etnia
Tenharim, que habitam território localizado entre os quilômetros 100 e
150 da BR- 230. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">As prisões foram expedidas pela
Justiça Federal do Estado do Amazonas em razão de possível envolvimento
dos índios na morte de três pessoas que desapareceram ao atravessarem
uma das aldeias localizadas na rodovia Transamazônica. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">O
crime teve grande repercussão nacional e internacional no final do
dezembro de 2013 e provocou manifestações da comunidade não-indígena
contra os silvícolas, culminando com a destruição de carros e
instalações da FUNAI em Humaitá/AM. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">A Polícia Federal instaurou inquéritos policiais para apurar o desaparecimento e destruição do patrimônio público (FUNAI). </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">As
conclusões da investigação apontam para a ocorrência de homicídio
praticado pelos presos dentro de uma das aldeias e posterior ocultação
dos cadáveres. Os corpos ainda não foram localizados. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Durante
os trabalhos da Força Tarefa foram percorridos aproximadamente 270
hectares, delimitados pela investigação, e encontrados, no interior da
terra indígena, peças do veículo ocupado pelos desaparecidos. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Na
investigação, foram ouvidas diversas testemunhas, entre indígenas e
não-indígenas, realizada perícia técnica nas peças encontradas, além da
utilização de cães farejadores para localização de cadáveres e
equipamentos modernos de rastreamento de peças metálicas escondidas. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Os trabalhos de polícia judiciária prosseguem até a apresentação do relatório final do inquérito policial”. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Agora, a nota comentada: </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">A
Polícia Federal em Rondônia, juntamente com a Força Nacional de
Segurança Pública, Polícia Rodoviária Federal e o Exército Brasileiro,
deflagraram a Operação Humaitá na data de 30/01, com o objetivo dar
cumprimento a 5 mandados de prisão temporária de indígenas da etnia
Tenharim, que habitam território localizado entre os quilômetros 100 e
150 da BR- 230. </span></i><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Primeiro, nota-se que a Operação
Humaitá foi realizada em Manicoré. E que se trata de uma prisão
temporária. E não preventiva. Se é temporária, costuma ser decretada por
cinco dias, prorrogáveis por mais cinco. Se o crime investigado for
hediondo (como tráfico, tortura e terrorismo), o prazo será de 30 dias,
prorrogáveis, em caso de extrema e comprovada necessidade. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">As
prisões foram expedidas pela Justiça Federal do Estado do Amazonas em
razão de possível envolvimento dos índios na morte de três pessoas que
desapareceram ao atravessarem uma das aldeias localizadas na rodovia
Transamazônica. </span></i><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Ou seja, os Tenharim estão sendo
acusados de crime hediondo a partir do possível envolvimento na “morte”
de três pessoas. Mas elas não desapareceram ao atravessarem uma das
aldeias. Elas desapareceram entre Humaitá (km 0) e o km 180. A maior
parte desse trajeto não fica em Terra Indígena. No km 150 sai uma
estrada conhecida pela periculosidade, a Rodovia do Estanho. Por que a
investigação voltou-se apenas contra os Tenharim? Teremos a prisão
temporária de não-índios? </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">O crime teve grande
repercussão nacional e internacional no final do dezembro de 2013 e
provocou manifestações da comunidade não-indígena contra os silvícolas,
culminando com a destruição de carros e instalações da FUNAI em
Humaitá/AM. </span></i><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Silvícolas? Silvícolas, Polícia Federal? E
mais: não foram apenas destruídos carros e instalações da Funai. Foram
destruídos carros, motos, barcos e instalações da Funai, da Sesai (da
Funasa, portanto), postos de pedágio e casas na Terra Indígena, na
Transamazônica, em Humaitá e Manicoré. Dezenas de crimes, portanto. Alguns desses crimes foram fotografados e televisionados. O que, isto sim, motivou a tal repercussão internacional.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">A Polícia Federal instaurou inquéritos policiais para apurar o desaparecimento e destruição do patrimônio público (FUNAI). </span></i><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">A
Polícia Federal vai prender os não-índios (inclusive comerciantes e
fazendeiros) que teriam incitado a população de Humaitá, Apuí e Manicoré
a queimar bens públicos e indígenas? Vai prender aqueles que ameaçam os
Tenharim de morte caso eles pisem em uma das cidades? Informação: os
Tenharim dão nome e sobrenome para várias dessas pessoas. Eu mesmo
entrevistei pessoas que pregaram a discriminação. Repito: só indígenas
serão presos? </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i>As conclusões da investigação apontam
para a ocorrência de homicídio praticado pelos presos dentro de uma das
aldeias e posterior ocultação dos cadáveres. Os corpos ainda não foram
localizados</i>. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Se as conclusões são tão fortes assim,
poderia ter sido decretada a prisão preventiva, não? Ah: mas essa só com provas materiais. Ocorre que o delegado narrou detalhes sobre um assassinato com degola, segundo o <a href="http://terramagazine.terra.com.br/blogdaamazonia/blog/2014/01/31/indios-degolaram-e-executaram-desaparecidos-de-humaita-diz-pf/" target="_blank">Portal Terra</a>. Com um relato muito parecido com os boatos que tomaram a cidade, na virada do ano. Um assunto para
advogados criminalistas – mas desde que a Polícia Federal informe melhor
(quem sabe numa entrevista coletiva) sobre os indícios. Eles não são
apenas testemunhais? Cadê os cadáveres? </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i>Durante os
trabalhos da Força Tarefa foram percorridos aproximadamente 270
hectares, delimitados pela investigação, e encontrados, no interior da
terra indígena, peças do veículo ocupado pelos desaparecidos</i>. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Se
percorreu 270 hectares, não procurou os cadáveres fora da TI Indígena.
Por quê? Mas sejamos justos: a PF informa, ao menos, entre tantas
deduções, que se trata do carro dos desaparecidos. Vale observar que ele
foi encontrado no fim da TI Tenharim – no fim da TI Tenharim, quase na
Rodovia do Estanho. A PF garante que ele tenha sido colocado lá pelos
próprios Tenharim? </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i>Na investigação, foram ouvidas
diversas testemunhas, entre indígenas e não-indígenas, realizada perícia
técnica nas peças encontradas, além da utilização de cães farejadores
para localização de cadáveres e equipamentos modernos de rastreamento de
peças metálicas escondidas</i>. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Esses cães farejadores
só começaram a trabalhar no dia 2 de janeiro. Mais de 15 dias após o
desaparecimento. Eu estava em uma das casas dos parentes quando foram buscar as
roupas dos desaparecidos. Por que tanta demora? E, de novo: os cães
trabalharam também em terras que não fossem indígenas? O objetivo é encontrar os corpos ou não? Por último, e não menos importante: onde está o Ministério Público? </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i>Os trabalhos de polícia judiciária prosseguem até a apresentação do relatório final do inquérito policial.</i> </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">A
sociedade brasileira espera, mesmo, que os trabalhos prossigam. Não
somente aqueles relativos aos três desaparecidos, mas a todos os crimes
cometidos na região. Contra indígenas e não-indígenas. Sem que o
conjunto desses trabalhos ajude a criminalizar um povo específico - em nome do suposto crime cometido por alguns de seus membros. Que tudo o que aconteceu em Humaitá e região - tudo - seja esclarecido. E não apenas aquilo que tenha conveniência midiática. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">LEIA MAIS:</span><br />
<a href="http://www.apublica.org/2014/01/batalha-de-humaita-tenharim/" target="_blank"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">A Batalha de Humaitá </span></a><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><a href="http://www.apublica.org/2014/01/matar-um-indio-para-pegar-uma-india/" target="_blank">"Matar um índio para pegar uma índia"</a></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-269551813075755192013-12-21T15:50:00.001-02:002013-12-21T15:51:58.845-02:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: x-large;"><i>Ruralistas dominam ranking de congressistas “modernos” da Veja </i></span><br /><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span></span></span><br /><br />A revista Veja desta semana traz uma lista que chama de “<a href="http://veja.abril.com.br/multimidia/infograficos/os-melhores-senadores-e-deputados-em-2013">ranking do progresso</a>”.
A lista na edição impressa é composta por 32 senadores e 54 deputados
“que mais trabalharam em 2013 por um país moderno e competitivo”. A
lista traz uma infinidade de ruralistas, em muitos casos nem um pouco
associados a qualquer noção condescendente de modernidade. <br /><br />A
lista de ruralistas começa já no primeiro lugar entre os senadores:
Armando Monteiro (PTB-PE). Ele leva a nota 10. A revista dá nota 10 para
o político. Seu irmão, Eduardo de Queiroz Monteiro, tem empresa que já
esteve várias vezes na Lista Suja do Trabalho Escravo, a <a href="http://reporterbrasil.org.br/2006/05/recordista-em-libertacoes-empresa-e-reformulada-e-muda-de-nome/">Destilaria Gameleira</a>, renomeada para Destilaria Araguaia. <br /><br />Número
2 da Veja? Senador Casildo Maldaner (PMDB-SC). Dono de 2.050 hectares
em São Félix do Xingu (PA), a capital da pecuária, terra de desmatamento
e de grilagem. <br /><br />O quarto da lista é um dos políticos que mais
têm propriedades rurais: Eunício Oliveira (PMDB-CE). Em décimo lugar,
mais um ultraruralista: Romero Jucá (PMDB-RR), com interesses diretos no
setor da mineração. <br /><br />O ruralista pouco assumido José Sarney
(PMDB-AP) aparece em 22º lugar nessa lista, com nota 6. Pouco abaixo, em
24º lugar, lá está ela: Kátia Abreu (PMDB-TO), a presidente da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com nota 5,9. <br /><br />O
último lugar na lista da revista impressa (a edição digital traz um
ranking mais completo) também é ocupado por um ruralista, Valdir Raupp
(PMDB-TO). <br /><br />A lista de ruralistas entre os deputados associados
pela revista à palavra “progresso” também é inesgotável. Ela começa com
Onofre Agostini (PSD-SC), membro da Frente Parlamentar da Agropecuária,
um ex-arenista que também ganha nota 10 da Veja. <br /><br />Em oitavo
lugar, com nota 8,4, aparece Leonardo Picciani (PMDB-RJ). Filho do
poderoso Jorge Picciani, que já figurou na Lista Suja do trabalho
escravo. <br /><br />Ronaldo Caiado (DEM-GO) leva nota 7,8, em 20º lugar. A
lista com dezenas de ruralistas também tem outros políticos importantes
na defesa do agronegócio e dos latifúndios (indiscutivelmente
dissociados de qualquer ideia de “progresso”), como Moreira Mendes
(PSD-RO) e Arthur Lira (PP-AL). <br /><br />A própria revista Veja, na
semana passada, publicou uma “reportagem” contra os indígenas no Mato
Grosso do Sul, a favor dos fazendeiros, com direito a foto de um deles
portando arma, com ameaças aos indígenas.</span><br />
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-3383366997153111812013-12-15T08:33:00.001-02:002013-12-15T16:46:50.653-02:00<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><span style="font-size: x-large;"><i>Deputado ruralista defende "cacete" em indígenas</i></span><br /><br />A fala do deputado Giovanni Queiroz (PDT-BA) na quarta-feira não pode passar despercebida. Em audiência pública promovida pelos ruralistas, ele ensinou a "dar um cacete" em indígenas. Conforme relato de Luisa Molina no Diário Liberdade: "<a href="http://www.diarioliberdade.org/brasil/repressom-e-direitos-humanos/44276-o-gatilho-da-ofensiva-ruralista.html" target="_blank">O Gatilho da ofensiva ruralista</a>".<br /><br />Segue trecho:<br /><br /><i>- Aplausos e expressões de satisfação rondaram o auditório quando o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA), ao falar de como "lidaram" com "o problema indígena" no seu estado com violência. "Ninguém mais contrata advogado. Entrou hoje [indígena na terra], sai na madrugada do dia seguinte. Sai debaixo de cacete". Ele prossegue, aconselhando outros a contratarem empresas de segurança: "4 horas da manhã você aborda o pessoal [que entrou na terra], chega o cravo no primeiro que reclamar, dá-lhe um cacete, bota em cima de um caminhão e manda devolver". </i><br /><br />Em 2010, o deputado latifundiário declarou <a href="http://noticias.uol.com.br/politica/politicos-brasil/2010/deputado-federal/15071946-giovanni-queiroz.jhtm" target="_blank">R$ 10 milhões</a>. Vejamos os três itens mais significativos:<br /><br />-> Área Rural 4.356 Ha - Municipio De Pau Darco R$ 6.000.000,00<br /><br />-> Área Rural 1.840 Ha Em Rio Maria R$ 2.000.000,00<br /><br />-> 1.900 Cabeças De Gado R$ 1.500.000,00<br /><br />Valor total dos bens declarados: R$ 10.421.200,00<br /><br />Em 1998 ele possuía R$ 2,3 milhões. As duas fazendas já estavam lá, com valores menores, mas também significativos em relação ao total: R$ 1,2 milhão e R$ 555 mil.<br /><br />Segundo o site <a href="http://www.republicadosruralistas.com.br/ruralista/15" target="_blank">A República dos Ruralistas</a>, ele teve uma campanha eleitoral tímida, de R$ 487.750,00 em doações diretas, feitas por empresas do ramo sucroalcooleiro, frigoríficos e uma mineradora. Entre elas a a Cosan S/A Açúcar e Álcool, a Agropastoril do Araguaia Ltda, o Frigorífico Rio Maria Ltda e a Mineração Buritirama S/A.</span><br />
<b style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br /></b>
<b style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Alceu Luís Castilho </b><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> </span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br /></span>
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a><br />
<br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br /></span>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-79287177305389414442013-12-06T09:46:00.000-02:002013-12-06T10:28:01.974-02:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-size: x-large;">Turbina explode, e trabalhador morre em usina. Quem liga? </span></i><br /><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO</span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"> (<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span></span> <br /><br />Notícia
robótica na Folha: "Acidente mata trabalhador em usina". Mas só na
Folha Ribeirão, que circula na região de Ribeirão Preto. Nome da vítima? Ah, qual a necessidade, não é mesmo?
(Edson Aparecido Pinheiro, informa a Rede Anhanguera: <a href="http://correio.rac.com.br/_conteudo/2013/12/ig_paulista/130791-explosao-mata-um-e-fere-outro-em-usina-de-cana-de-acucar.html)" target="_blank">http://correio.rac.com.br/_conteudo/2013/12/ig_paulista/130791-explosao-mata-um-e-fere-outro-em-usina-de-cana-de-acucar.html)</a>.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Circunstâncias da morte? A empresa Biosev não informa. (O G1, porém, conta que uma turbina explodiu:
<a href="http://m.g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2013/12/explosao-em-usina-mata-trabalhador-e-deixa-outro-ferido-em-sertaozinho.html.)" target="_blank">http://m.g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2013/12/explosao-em-usina-mata-trabalhador-e-deixa-outro-ferido-em-sertaozinho.html.) </a><br /><br />A usina atende pelo nome de Santa Elisa. Pertence ao grupo
francês Louis Dreyfus, presente em mais de 50 países. (Santa Elisa,
padroeira dos ferreiros, foi uma mártir egípcia. Decapitada.) <br /><br />Segue a notícia robótica e gélida da Folha: <br /><br /><i>"Um
acidente na área industrial da usina de cana-de-açúcar Santa Elisa, em
Sertãozinho (a 333 km de São Paulo), matou um homem que trabalhava no
local. <br /><br />Outra pessoa também ficou ferida na ocorrência. <br /><br />O acidente ocorreu no final da tarde de anteontem. <br /><br />Em
nota, a Biosev, empresa responsável pela usina, afirmou que lamenta a
morte do funcionário e que oferece apoio aos familiares dele. <br /><br />Entretanto, a Biosev não informou as circunstâncias do acidente que levaram à morte do trabalhador. <br /><br />As causas do acidente serão investigadas pela Polícia Civil de Sertãozinho". </i><br /><br />E é só. Registrado o protocolo jornalístico. <br /><br />Em
dezembro de 2008, a organização Amigos da Terra publicou os resultados
do prêmio Pinóquio de desenvolvimento sustentável. O grupo Louis Dreyfus
venceu na categoria direitos humanos, com 36% dos votos, pelo
tratamento indigno aos assalariados brasileiros: <a href="http://www.prix-pinocchio.org/laureat-2008.php?id_rubrique=7">http://www.prix-pinocchio.org/laureat-2008.php?id_rubrique=7</a> <br /><br />Mas hoje tem sorteio da Copa.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-74711474627795088742013-11-07T19:19:00.005-02:002013-11-07T20:48:42.543-02:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-size: x-large;">Um texto sobre ciganos para ser lido: no espanhol El País </span></i></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">O espanhol El País publicou há cinco dias um belo texto sobre ciganos franceses, que ali tiveram um campo de concentração específico - não nazista. Com aquela qualidade que o jornalismo brasileiro não costuma ter. Está disponível, gratuitamente, na internet: <a href="http://internacional.elpais.com/internacional/2013/11/02/actualidad/1383422739_935400.html">http://internacional.elpais.com/internacional/2013/11/02/actualidad/1383422739_935400.html</a><br /> <br /> O UOL oferece o artigo traduzido, mas somente para assinantes. Pior: transformou o texto original, de 26 parágrafos, em um de 18 parágrafos. O original de 2.081 palavras foi desidratado quase pela metade: virou um guisado de 1.255 palavras. Ora, se é online, por que essa transfiguração? Estão economizando o quê?<br /> <br /> Mas deixemos o UOL de lado. Esse texto do El País tem o mérito de tocar o dedo na ferida em relação às infâmias praticadas contra os ciganos. Infâmias que, historicamente, anunciaram desastres humanitários ainda maiores. "Artistas e intelectuais franceses alertam para a amnésia e os novos sintomas racistas", diz outra chamada. "A perseguição aos romanis antecedeu as duas guerras mundiais".<br /> <br /> Roubo de crianças? Os europeus paranóicos costumam acusar os ciganos. Como há bem pouco tempo, com a criança loirinha. Mas foi esse campo de concentração francês que tirou as crianças ciganas dos pais. O repórter pergunta (mas não está na tradução): "¿quién ha robado niños a quién a lo largo de la historia?"<br /> <br /> E com isso me lembro de reportagem racista assinada pela Veja, há algumas semanas, por seu correspondente em Paris. Com todo o discurso deplorado pelo texto espanhol: o preconceito, a ausência de humanismo. E o diálogo com aquele passado asqueroso que resultou em genocídio - proporcionalmente idêntico ao dos judeus.<br /> <br /> Ao contrário dos judeus, não houve indenização nem compensação moral para os ciganos. Pois o caso não ficou na memória coletiva.<br /> <br /> "Quizá por eso, la persecución dura todavía", escreve o repórter. Talvez por isso a perseguição ainda continue. (Os dois últimos parágrafos também foram cortados, arrisco-me na tradução.)<br /> <br /> "Entre la indiferencia general, los prejuicios atávicos alentados por los medios, la comprensible renuencia de un pueblo masacrado a exigir justicia –ya sea de forma individual o colectiva-, y el consenso infernal que suscitan entre los políticos de las democracias neoliberales, los gitanos siguen siendo el perfecto chivo expiatorio, la primera señal de alarma de que algo muy profundo no va bien".<br /> <br /> Em meio à indiferença geral, os preconceitos atávicos estimulados pelos meios de comunicação, a compreensível relutância de um povo massacrado em exigir justiça - seja de forma individual ou coletiva -, e o consenso infernal que eles suscitam entre os políticos das democracias neoliberais, os ciganos continuam sendo o perfeito bode expiatório, o primeiro sinal de alarme de que algo muito profundo não vai bem.<br /> <br /> UOL, que tal traduzir direito o texto e liberar para os não assinantes?</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><b>Alceu Luís Castilho </b></span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-76888484963984175652013-11-05T15:47:00.001-02:002013-11-05T16:11:31.226-02:00<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-size: x-large;">Quem seria eleito no Brasil? O Rei do Camarote, Antonio Prata ou Paulo Maluf?</span></i><br /><br />por ALCEU LUÍS CASTILHO </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span><br /> </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Se o Rei do Camarote sair para deputado, será eleito.<br /><br />Se o Antonio Prata sair, não será eleito.<br /><br />Se o Paulo Maluf sair, será eleito.<br /><br />Pois o nivelamento ocorre por baixo. A ostentação de riquezas ou a ostentação de poder (mesmo que por corrupção) atingem mais o público brasileiro médio do que a ironia. Ou a capacidade analítica.<br /><br />(E não vou nem falar aqui da defesa coesa e sistemática de posições densas e fundamentadas em relação a temas-chave da sociedade brasileira: da questão urbana à agrária, dos nós da segurança pública ao sistema político. Isso deve eleger, no máximo, um ou dois deputados em algumas Unidades da Federação.)<br /><br />É a camarotização da opinião pública brasileira. As urnas recebem, a cada dois anos, votos de quem não entendeu o Antonio Prata - o próprio Alexander, o <a href="http://vejasp.abril.com.br/materia/reis-do-camarote" target="_blank">Rei do Camarote</a>, não entenderia aquele <a href="http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2013/11/1366185-guinada-a-direita.shtml" target="_blank">artigo baseado em ironias</a> - e de quem apenas gostaria de estar no lugar do empresário, a espocar champanhes. <br /><br />Votamos em reis, em representações caricaturais, em reduções da realidade. Mesmo que bufos. No rei da corrupção, no príncipe do direito do consumidor, no militar que desanca direitos humanos. E em coronéis, em imperadores de territórios implodidos.<br /><br />Florestan Fernandes teria sérias dificuldades de ser eleito para a Câmara, hoje. Se há inveja em nossa sociedade, como diagnostica o Rei do Camarote, é em relação à detenção do conhecimento. Quem poderia discutir com mais propriedade o genocídio na periferia, a grilagem estrutural de nosso território, as medidas necessárias para a diminuição dos estupros, e tantos outros assuntos cruciais, não será eleito.<br /><br />E não é somente que não será eleito. Não será nem discutido em uma escala razoável. Pois suas visões de mundo não repercutem. E não repercutem porque não viram memes. Memes são filhos do Willy Wonka (o Rei do Chocolate). Memes são bufos. Votos em Tiriricas e Enéas - mas também em Bolsonaros e Felicianos - são primos desses memes. <br /><br />O mais performático e genial dos intelectuais políticos, um Darcy Ribeiro, não mais seria eleito para o Senado. Antropólogo? Defensor dos indígenas, da educação? Que cafona. Não usava Armani, não é amigo da Turma do Pânico. Não assistiria o Pânico. E escrevia uns períodos imensos.<br /><br />Celebra-se e perpetua-se no Brasil uma linguagem cada vez menos enriquecedora. Menos complexa, menos complexificadora. E a pobreza da política apenas reflete esse movimento. Da capa da Vejinha ao horror de ler um texto até o final.<br /><br />(Ou eu estou louco e não estou percebendo a repercussão de dissertações e teses, de artigos científicos e jornalísticos consistentes, de análises críticas, de sacadas geniais, de sutilezas acadêmicas e de raciocínios complexos? Ora, dirão, são poucos os que têm acesso a tudo isso. São mesmo?)<br /><br />A hipertrofia do Rei do Camarote só ocorre pela força da camarotização. No país dos abadás e dos vallets, das ruas fechadas para moradores ricos e dos pedágios. Do patrimonialismo assimilado, da mesquinharia lúdica e exibicionista, </span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">da política como extensão de horizontes privatizados. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span></span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-90844760544079891382013-10-16T03:14:00.001-03:002013-11-05T15:47:47.435-02:00<i><span style="font-size: x-large;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">15 de outubro de 2013, São Paulo: a “batalha da algema” </span></span></i><br />
<br />
por ALCEU LUÍS CASTILHO <span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span><br />
<br />
Observem a partir de <a href="http://www.youtube.com/watch?v=GUDMdh8Ieos" target="_blank">2min25seg</a>, no vídeo. O policial berra várias vezes, durante repressão a manifestação de professores e estudantes, em São Paulo: "Avante, algema! Avante, algema!"<br />
<br />
Nada poderia ser mais expressivo. Essa
é a política pública de educação mais bem definida em relação aos
professores paulistas. "Algeeema!! Algema!!!" (É como se a algema fosse
invocada como uma tábua de salvação, aquela que vai solucionar os nossos
problemas. E de uma forma personalizada, como se ali fosse surgir uma
senhora respeitável, uma velha conhecida.) <br />
<br />
Essa é
também a política pública mais bem definida em relação aos desmandos de
um reitor retrógrado da USP, um salazarista. "Algeeema!! Algema!!!" (Já
que não puderam prender os estudantes e torturá-los na reitoria da USP,
como em 2011, que se demonstre essa autoridade chinfrim nas ruas. A
mesma autoridade perdida em décadas de perpetuação de uma lógica
policial verde-oliva.) <br />
<br />
E essa é, ainda, a política
pública de segurança mais populista, ilusionista e cínica de que se
possa ter conhecimento. E mais suicida, mais degradadora dos tecidos de
cidadania mais elementares. "Algeeeemas!", esgoela-se o comandante. E
não só algemas: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=GUDMdh8Ieos" target="_blank">este vídeo</a> escancara um oneroso e multiplicado arsenal
repressivo. A nossa polícia está ali, a postos, de helicóptero e tudo.
Contra o PCC? Traficantes de armas, ladrões de cargas? Contra o Comando
Vermelho, o exército americano? Não. Não exatamente. Contra cidadãos algemáveis.<br />
<br />
Vale
observar, ao contrário do senso comum e das usurpações, que não existem
black blocs; existem pessoas, existem indivíduos, cidadãos. Um fato
singelo que não aparece, convenientemente, nas narrativas das operações
policiais. E que, apesar da eventual violência de alguns manifestantes,
evidentemente aguardada por esses meticulosos algemadores, <a href="http://www.youtube.com/watch?v=GUDMdh8Ieos" target="_blank">estas imagens</a>
são a evidência de que esse sistema de repressão está falido. Que não
há espaço para a militarização de polícias. <br />
<br />
E que essa
repressão virou entretenimento. Um repórter exclama, indignadíssimo: "A
imprensa tem direito". (Em seguida ouve-se um disparo.) Claro que tem.
Todos têm. Todos deveriam ter. O problema é que a ausência de noção
mínima de democracia, em qualquer grupo social (inclusive manifestantes),
tem sido multiplicada por essa mesma polícia cujas ações parte da
imprensa celebra. Há um aval midiático para que o Estado engate essa gigantesca marcha a ré. (Sim, é ele quem a engata.)
<br />
<br />
Esse patrocínio parte da imprensa e parte da
sociedade. No caso, a sociedade paulista, tão orgulhosa de seus
bandeirantes. O mesmo lúmpen intelectual que se jubila com o vídeo de um
bandido sendo baleado (acreditando candidamente que, agora sim, a
violência refluirá...), irresponsavelmente turbinado pelos meios de
comunicação, é quem dá aval a esse tipo de política do atordoamento,
essa estética do gás lacrimogêneo, esse Estado enredado em algemas. <br />
<br />
(Será que em breve o artefato estará à venda na Tok Stok?) <br />
<br />
"Algemas!
Algeeeeeemas!" Muitas algemas, público paulista! "Com licença, Dona
Algema. Prenda mais este professor!" Menos aulas de geografia e
história! Que se perpetuem os salários abomináveis! Quem precisa de
educação? "Algeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeemas!!!!" <br />
<br />
<i>* com a licença de Gillo Pontecorvo, o diretor italiano do clássico “A Batalha de Argel”.</i><br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a>Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3187210053121034618.post-72833884806799045302013-10-14T09:27:00.004-03:002013-10-14T09:41:17.514-03:00<span style="font-size: x-large;"><i><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Universalização do saneamento, no Brasil, só em 2122. Quem liga?</span></i></span><br />
<br />
por ALCEU LUÍS CASTILHO <span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(<a href="https://twitter.com/alceucastilho" target="_blank">@alceucastilho</a>)</span></span></span><br />
<br />
O
jornal Valor Econômico informa, em repercussão aos debates do 3º
Encontro de Saneamento Básico, promovido pela Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp) na quarta-feira, dia 9 de outubro: <br />
<br />
<i>-
Mantido o ritmo atual de investimentos, que chegam por ano a 0,2% do
PIB, um terço dos 0,6% necessários, a universalização só seria atingida
no próximo século, em 2122, quase 90 anos além do prazo estabelecido. </i><br />
<br />
Não, não há um erro de digitação. É 2122 mesmo, e não 2022. Daqui a 109 anos, portanto. <br />
<br />
Não
se trata do único atraso: o jornal deu a notícia somente nesta
segunda-feira, dia 14. Cinco dias após a divulgação dos números. <br />
<br />
Elas
não motivaram uma manchete do jornal. Do tipo: “Brasil só terá
saneamento universal em 2122”. A informação é dada com discrição, em um
dos textos de especial sobre saneamento. Sem que o dado mereça o título
– reservado a algo sobre “choque de gestão”. <br />
<br />
Desta
forma não se gera indignação, portanto. Saneamento universal só em 2122?
Ah, logo ali. Um assunto para a indignação dos bisnetos do Gigante
Adormecido. <br />
<br />
Note-se que quem está dizendo tudo isso é a
Fiesp. E não uma fonte de esquerda. Um dos diretores da Federação das
Indústrias conta que também estamos em nono lugar no ranking dos países
com menos banheiros no planeta. (Sim, isso mesmo. Só oito países têm
piores índices que os nossos em relação à existência de banheiros.)<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
Conclui-se, portanto, que, se a Fiesp está dizendo isso, é sinal de que a
esquerda ocupará os plenários da Câmara e do Senado com discursos ainda mais
enfáticos. Militantes de partidos da oposição dirão que essa situação é
intolerável. Uma comoção e movimentos de solidariedade tomarão conta do país.<br />
<br />
Iniciativas assistencialistas, mobilizações religiosas em torno da caridade,
financiamento coletivo. A Rede Globo deve estar inquieta; os black blocs, furiosos.<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">TWITTER:<br /><a href="https://twitter.com/#%21/blogOutroBrasil">@blogOutroBrasil</a><br /><br />NO FACEBOOK:</span><br />
<a href="http://www.facebook.com/OutroBrasil" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Outro Brasil</a></div>
Alceu Castilho, jornalista.http://www.blogger.com/profile/08634933165981410854noreply@blogger.com0