domingo, 29 de abril de 2012

Cacique Guajajara é a primeira grande vítima do novo Código Florestal

por ALCEU LUÍS CASTILHO (@alceucastilho

Os ruralistas que comemoraram a aprovação do novo Código Florestal já podem comemorar sua primeira vítima. Ela se chama Maria Amélia Guajajara. Uma cacique de 52 anos, de um povo perseguido por madeireiros no Maranhão.

A notícia do assassinato de Maria Amélia – com dois tiros na cabeça, na frente de sua família – foi dada pelo jornal maranhense Vias de Fato. O fato ocorreu ontem no município de Grajaú, a 600 quilômetros de São Luís. Em um Estado com quatro senadores da República.

Ruralistas, comemorando? Não se trata de exagero. Vejam a descrição do jornal Valor Econômico, de 25 de maio de 2011:


- Era perto das 16h quando uma cena grotesca aconteceu no plenário da Câmara dos Deputados. O líder do Partido Verde, José Sarney Filho, lia uma reportagem sobre o extrativista José Claudio Ribeiro da Silva, brutalmente assassinado pela manhã no Pará, junto com sua mulher Maria do Espírito Santo da Silva, também uma liderança amazônica. Ao dizer que o casal que procurava defender os recursos naturais havia morrido em uma emboscada, ouviu-se uma vaia. Vinha das galerias e também de alguns deputados ruralistas.

Há os que comemoram e há os que são indiferentes – ou cúmplices. A morte de Maria Amélia é notícia para ter repercussão internacional. Como o assassinato do seringalista Chico Mendes em 1988, como a execução da missionária Dorothy Stang em 2005. E cabe a cada brasileiro cobrar do poder político a importância que o fato possui.

Essa importância é multiplicada pela aprovação do novo Código Florestal, no dia 25, já bem definido como “uma lei de consolidação de atividades agropecuárias ilegais, ou uma lei de anistia”.

Atividades ilegais, no campo, estão associadas a desmatamento – e também a trabalho escravo. E a assassinatos.


Não à toa, o que estava sendo discutido no dia das vaias era o novo Código Florestal.

Cada voto ruralista é um tiro. Cada voto em um ruralista, um aval. O silêncio da grande imprensa, um túmulo.


(Atualização do dia 02 de maio, quarta-feira: os portais G1 e Estadão repercutiram o caso. De resto, silêncio.)


NO TWITTER:

NO FACEBOOK:

Nenhum comentário: