sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Empresa ligada a prefeito no MT terá 350 mil hectares

por ALCEU LUÍS CASTILHO
(@alceucastilho)*

Um dos slogans da Vanguarda Agro é: “Mais de 300 mil hectares sob gestão”. A edição de hoje do Valor Econômico conta que a empresa busca investidores, especialmente fundos de pensão estrangeiros, para aquisição de terras no Brasil. A meta é adquirir de 50 mil a 60 mil hectares de terras brutas – ainda não abertas para a agricultura. A empresa já teria 290 mil hectares de área plantada.
Metade da área da Palestina.

O principal acionista individual da Vanguarda, com 20% das ações, é o prefeito de Lucas do Rio Verde (MT), o ex-deputado estadual Otaviano Pivetta (PDT). Ele é dono de uma fortuna de R$ 321 milhões, conforme a declaração entregue à Justiça Eleitoral em 2012. Em 2006, quando se elegeu para a Assembleia, ele declarou R$ 82 milhões. É um dos políticos mais ricos do Brasil.

Ele tem na empresa cerca de 1/3 de seus bens. Nada menos que R$ 96 milhões vêm de ações da Vanguarda. Outros R$ 104 milhões vêm de cotas da Vanguarda do Brasil, da Agropecuária Margarida e da Fazenda Terra Santa – independentes da Vanguarda Agro. Em 2008, ele disse à IstoÉ Dinheiro que pretendia somar 500 mil hectares e se tornar o maior produtor de grãos do Brasil.

A Agropecuária Margarida, em Nova Mutum (MT), recebeu verbas neste ano do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste, R$ 36 milhões, para aumentar a produção de suínos, de 5,5 mil para 22 mil cabeças.

Pivetta também declarou R$ 1,45 milhão em cotas da empresa Melhoramentos do Oeste da Bahia. Segundo o professor Ariovaldo Umbelino de Oliveira, do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, ela teria o sétimo maior latifúndio do país, em Formosa do Rio Preto, a Fazenda Estrondo, com 121.411 hectares.

Essa companhia esteve na Lista Suja do Trabalho Escravo, mas foi excluída, em 9 de setembro de 2010, após concessão de liminar. “Na área da Companhia Melhoramentos do Oeste da Bahia (CMOB), que atua tradicionalmente com mineração na região, foram libertados 39 trabalhadores que catavam raízes para viabilizar a produção de soja, em outubro de 2005”, relatou a ONG Repórter Brasil. Nessa época Pivetta não era acionista.

Segundo a organização, a Fazenda Estrondo também já foi notificada e incluída no chamado "Livro Branco da Grilagem de Terras", documento divulgado em 1999 pelo governo federal, que tentava reverter ao patrimônio público dezenas de milhões de hectares de terras ocupadas irregularmente por particulares.
* o titular deste blog é também o autor do livro "Partido da Terra - como os políticos conquistam o território brasileiro" (Editora Contexto, 2012)
 
TWITTER:
@blogOutroBrasil

NO FACEBOOK:

Outro Brasil






Nenhum comentário: