quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Os alienados pisam nos astros, distraídos. (A hipertrofia do "fim do mundo")

por ALCEU LUÍS CASTILHO (@alceucastilho)

Já deu essa história de fim de mundo. Que troquem os bilhões de linhas sobre esse assunto pelos problemas reais: violência sistemática contra camponeses, indígenas, mulheres, crianças, negros, pobres, homossexuais, países inteiros. O horror das armas, o horror das guerras, o horror das proibições que alimentam as armas e as guerras. Desigualdade brutal na cidade e no campo (com o escárnio dessa corrida de cavalos dos bilionários que querem ser os mais ricos do mundo), as centenas de milhões que passam fome, analfabetismo, exploração sexual de crianças e adolescentes.

O problema está no meio do mundo. Diante dos olhos de todos. Mas pisamos nos astros, distraídos. Escarnecemos. Brincamos de vítimas de um acontecimento que não ocorrerá. Estamos a um passo do fim das indignações, do fim da revolta, do fim da solidariedade mínima. E os verdadeiros algozes agradecem por essa monumental alienação coletiva. Os exploradores canalhas, os piratas boçais de nosso sistema econômico dormirão tranquilos - em meio aos nossos sorrisinhos. Que neste dia 21 de dezembro cada cidadão do mundo se envergonhe pelo que temos feito contra o planeta e contra a humanidade.


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2 comentários:

Bel Keppler disse...

Escrevi sobre isso quando vi o filme Melancolia. http://outramento.blogspot.com.br/2011/10/calma-nao-e-o-fim-do-mundo.html

Belo texto... preocupante não é o fim do mundo, preocupante é o mundo continuar como está!

Alceu Castilho, jornalista. disse...

sim, um "desejo incontido pelo fim do mundo", uma espécie de esperança...